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Poda e corte do folhado

Daria · 14.05.2025.

A poda é uma das práticas de manutenção mais importantes para o folhado, sendo uma arte que, quando bem executada, pode melhorar drasticamente a saúde, a forma e a floração do arbusto. Embora o Viburnum tinus tenha uma forma natural agradável e possa ser deixado a crescer com pouca intervenção, uma poda criteriosa e realizada no momento certo pode rejuvenescer plantas mais velhas, controlar o seu tamanho, promover uma estrutura mais densa e incentivar uma floração mais abundante. Compreender o porquê, o quando e o como podar é essencial para qualquer jardineiro que deseje manter este arbusto no seu melhor estado. Uma abordagem correta à poda não é apenas sobre remover ramos, mas sim sobre esculpir e guiar o crescimento da planta para atingir o seu máximo potencial estético e de saúde.

A decisão de podar o folhado deve ser guiada por objetivos claros. Um dos motivos mais comuns para a poda é a manutenção da saúde da planta. Isto envolve a remoção de qualquer madeira que esteja morta, doente ou danificada. Estes ramos não só são esteticamente desagradáveis, mas também podem ser uma porta de entrada para doenças e pragas. A sua remoção ajuda a prevenir a propagação de problemas e direciona a energia da planta para o crescimento de tecidos saudáveis.

Outro objetivo fundamental da poda é melhorar a estrutura do arbusto e a circulação de ar. Com o tempo, um folhado pode tornar-se demasiado denso no seu interior, com muitos ramos a cruzarem-se e a roçarem uns nos outros. Esta situação cria um ambiente húmido e sombrio, ideal para o desenvolvimento de doenças fúngicas. A poda seletiva de alguns ramos interiores abre o centro da planta à luz e ao ar, o que é uma das medidas preventivas mais eficazes para manter a folhagem saudável.

O controlo do tamanho e da forma é outra razão importante para podar. O folhado pode atingir um tamanho considerável, e a poda é necessária para o manter dentro dos limites do espaço disponível no jardim, evitando que sufoque outras plantas ou bloqueie um caminho. Além disso, a poda pode ser usada para moldar o arbusto, seja para criar uma sebe formal, uma forma mais arredondada e compacta, ou para realçar a sua estrutura natural.

Finalmente, a poda pode ser utilizada para estimular o rejuvenescimento de um arbusto mais velho que se tornou esguio, com pouca folhagem na base e uma floração diminuída. Uma poda de rejuvenescimento mais drástica pode incentivar o crescimento de novos rebentos vigorosos a partir da base, revitalizando completamente a planta e restaurando a sua aparência densa e jovem. Esta técnica pode prolongar a vida útil e a beleza do arbusto por muitos anos.

A melhor altura para podar

O momento da poda é absolutamente crítico para o folhado e está diretamente ligado ao seu ciclo de floração. Este arbusto floresce na madeira do ano anterior, o que significa que os botões florais que se abrem no inverno foram formados nos ramos que cresceram durante o verão e outono anteriores. Se podares a planta no final do outono ou durante o inverno, antes de ela florescer, estarás a remover a maioria, se não a totalidade, das flores da estação.

Portanto, a regra de ouro é podar o folhado imediatamente após o término da sua floração principal, o que geralmente ocorre no final da primavera. Realizar a poda nesta altura garante que podes desfrutar do espetáculo completo das flores e, ao mesmo tempo, dar à planta toda a estação de crescimento (verão e outono) para produzir os novos ramos que carregarão as flores do inverno seguinte. Qualquer poda feita mais tarde no verão corre o risco de remover os botões florais recém-formados.

Se o teu principal objetivo não for a floração, mas sim a criação de uma sebe formal muito bem aparada, poderás ter de fazer podas ligeiras várias vezes durante a estação de crescimento. No entanto, tem em mente que esta prática irá inevitavelmente sacrificar a maior parte da floração. Para a maioria dos jardineiros que cultivam o folhado pela sua beleza invernal, a poda única após a floração é a abordagem preferida.

Evita realizar podas drásticas no outono. Como já mencionado, isto não só remove as flores, mas também pode estimular um novo crescimento tardio que será danificado pela geada. A remoção de ramos mortos ou doentes, no entanto, pode ser feita em qualquer altura do ano, assim que os detetes, pois a sua remoção é sempre benéfica para a saúde da planta.

Técnicas de poda de manutenção

A poda de manutenção anual é geralmente tudo o que um folhado bem estabelecido necessita para se manter em boa forma. Esta poda é seletiva e relativamente ligeira. Começa sempre por inspecionar a planta e identificar os ramos a remover: os chamados “três D” – Dead, Diseased, Damaged (Mortos, Doentes, Danificados). Usa uma tesoura de poda afiada e desinfetada para cortar estes ramos até à sua base ou até a um ponto de madeira saudável.

Depois de limpar os ramos problemáticos, observa a estrutura geral do arbusto. Procura por ramos que se cruzem ou que rocem uns nos outros. O atrito constante pode criar feridas que servem de entrada para doenças. Escolhe um dos ramos que se cruzam (geralmente o mais fraco ou o que está em pior posição) e remove-o na sua base. Procura também por ramos que estejam a crescer para o interior do arbusto, em vez de para fora, pois estes contribuem para a densidade excessiva e a má circulação de ar.

O passo seguinte é a modelação ligeira e o controlo do tamanho. Se alguns ramos cresceram demasiado e estão a estragar a forma geral do arbusto, podes encurtá-los. Ao encurtar um ramo, faz sempre o corte logo acima de um nó ou de um rebento virado para fora. Isto irá encorajar o novo crescimento a desenvolver-se para fora, mantendo o centro do arbusto aberto. Tenta fazer cortes em diferentes alturas para que o resultado final pareça natural e não como se a planta tivesse sido “aparada” de forma uniforme.

Para sebes informais, esta poda de manutenção é geralmente suficiente. Se pretendes uma sebe formal, a técnica é diferente e envolve o uso de um corta-sebes para criar uma superfície plana. Ao aparar uma sebe, é importante manter a base ligeiramente mais larga do que o topo. Esta forma trapezoidal garante que a luz solar chega aos ramos inferiores, evitando que estes percam as folhas e fiquem despidos, um problema comum em sebes com os lados verticais ou mais largas no topo.

Poda de rejuvenescimento

Com o passar dos anos, um folhado pode tornar-se demasiado grande, lenhoso e com a base despida, com a maior parte da folhagem e das flores concentradas no topo. Quando isto acontece, uma poda de rejuvenescimento pode restaurar o vigor e a forma compacta do arbusto. Existem duas abordagens principais para esta poda mais drástica: a poda de renovação gradual e a poda de rejuvenescimento radical.

A poda de renovação gradual é a abordagem menos stressante para a planta e consiste em remover cerca de um terço dos caules mais velhos e grossos todos os anos, durante um período de três anos. Em cada ano, corta estes caules selecionados o mais próximo possível do nível do solo. Isto estimula o crescimento de novos rebentos a partir da base. Ao fim de três anos, terás um arbusto completamente renovado, composto por caules novos e vigorosos, sem nunca teres deixado a planta completamente despida. Esta é a técnica preferida para a maioria das situações.

A poda de rejuvenescimento radical é uma medida mais drástica, reservada para arbustos que estão em muito mau estado ou que cresceram descontroladamente. Esta técnica envolve cortar todos os caules do arbusto a uma altura de 15 a 30 cm do solo, de uma só vez. Esta poda deve ser feita no final do inverno ou início da primavera, antes do início do novo crescimento. Embora o resultado inicial seja um toco de aspeto desolador, um arbusto saudável responderá com um crescimento vigoroso de novos rebentos a partir da base.

Após uma poda de rejuvenescimento radical, a planta necessitará de alguns cuidados extra. Aplica uma camada de composto e um fertilizante equilibrado à volta da base para fornecer os nutrientes necessários para o novo crescimento. Mantém o solo consistentemente húmido durante a estação de crescimento seguinte. Terás de ser paciente, pois levará alguns anos até que o arbusto recupere o seu tamanho e comece a florir abundantemente de novo, mas o resultado final será uma planta revitalizada e com uma forma muito melhorada.

Ferramentas e boas práticas

A utilização das ferramentas certas é essencial para uma poda limpa e eficaz. Para ramos pequenos, com até 1,5 cm de diâmetro, uma tesoura de poda manual (de bypass, não de bigorna, para um corte mais limpo) é a ferramenta ideal. Para ramos mais grossos, até cerca de 4 cm, utiliza um tesourão de poda com cabos longos, que proporciona maior alavancagem. Para ramos ainda mais grossos, será necessária uma serra de poda. Para sebes formais, um corta-sebes manual ou elétrico é indispensável.

A manutenção das ferramentas é tão importante como a sua escolha. As lâminas devem estar sempre bem afiadas. Lâminas cegas esmagam os tecidos da planta em vez de os cortar, criando feridas maiores que demoram mais tempo a cicatrizar e são mais suscetíveis a infeções. Após cada utilização, limpa as lâminas para remover a seiva e outros resíduos.

A desinfeção das ferramentas é uma prática crucial para prevenir a propagação de doenças de uma planta para outra. Antes de começar a podar, e especialmente ao passar de uma planta para outra ou depois de cortar madeira doente, desinfeta as lâminas. Podes fazer isto limpando-as com álcool isopropílico, lixívia diluída (1 parte de lixívia para 9 partes de água) ou outro desinfetante adequado. Esta simples etapa pode evitar muitos problemas futuros.

Finalmente, a segurança deve ser sempre uma prioridade. Usa sempre luvas de jardinagem para proteger as mãos e óculos de segurança para proteger os olhos de detritos voadores, especialmente ao usar ferramentas elétricas. Mantém as ferramentas fora do alcance de crianças. Uma boa poda é uma combinação de conhecimento, técnica correta e respeito pela planta e pela tua própria segurança.

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