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Poda e corte da campânula

Linden · 28.08.2025.

A poda e o corte da campânula são práticas de jardinagem essenciais que, quando realizadas corretamente e no momento certo, podem transformar uma planta de aspeto modesto num exemplar exuberante, compacto e repleto de flores. Muitos jardineiros podem sentir-se hesitantes em pegar na tesoura, temendo prejudicar a planta, mas a verdade é que a poda é um ato de cuidado que estimula a vitalidade e a beleza. Desde a simples remoção de flores murchas para prolongar a floração até a um corte mais drástico para rejuvenescer a planta, cada tipo de poda tem um propósito específico e contribui para a saúde e o desempenho geral da campânula. Dominar estas técnicas simples é um passo fundamental para desfrutar ao máximo do encanto desta flor.

A forma mais comum e regular de poda na campânula é a remoção das flores velhas, uma técnica conhecida internacionalmente como “deadheading”. Este processo consiste em cortar as hastes florais assim que as flores começam a murchar e a perder a sua cor. O objetivo principal desta prática é impedir que a planta canalize a sua energia para a produção de sementes, um processo natural que ocorre após a polinização da flor. Ao remover as flores murchas, enganamos a planta, fazendo-a “pensar” que precisa de produzir mais flores para garantir a sua reprodução, resultando num período de floração significativamente mais longo e numa exibição floral mais contínua.

A remoção das flores murchas não só tem benefícios fisiológicos para a planta, como também melhora consideravelmente a sua aparência estética. Uma campânula cheia de flores secas e caules castanhos tem um aspeto desleixado e pode diminuir o impacto visual das flores frescas que ainda estão a abrir. Manter a planta limpa e arrumada, removendo regularmente o material vegetal morto, confere-lhe um aspeto mais saudável e cuidado, tornando-a um ponto focal mais atraente no jardim ou na varanda.

Para realizar o “deadheading” de forma eficaz, deve-se cortar a haste floral murcha logo acima de um conjunto de folhas saudáveis ou de um novo botão lateral. Utilizar uma tesoura de poda pequena e afiada ou uma tesoura de jardinagem garante um corte limpo e preciso, que cicatriza mais rapidamente e reduz o risco de entrada de doenças. Para algumas variedades de campânula com caules mais finos, é até possível realizar esta tarefa simplesmente beliscando a haste com as unhas. Esta deve ser uma tarefa regular, realizada a cada poucos dias durante o pico da floração.

Além de prolongar a floração e melhorar a estética, a remoção regular de flores murchas e de qualquer folhagem danificada ou amarelada contribui para a saúde geral da planta. O material vegetal em decomposição pode ser um foco para o desenvolvimento de doenças fúngicas, especialmente em condições de tempo húmido. Ao manter a planta limpa, melhora-se a circulação de ar através da folhagem e removem-se potenciais fontes de infeção, criando um ambiente menos propício para o estabelecimento de patógenos.

Poda de rejuvenescimento

Após o primeiro grande fluxo de floração, que geralmente ocorre no final da primavera ou início do verão, muitas variedades de campânula podem começar a ficar com um aspeto um pouco desordenado e cansado. Nesta altura, uma poda de rejuvenescimento pode fazer maravilhas para revitalizar a planta e estimular uma segunda vaga de flores. Esta técnica consiste em cortar a planta de forma mais substancial, removendo cerca de um terço a metade da sua folhagem e dos seus caules. Embora possa parecer drástico, este corte incentiva a planta a produzir novos rebentos a partir da base, resultando numa folhagem mais fresca e densa e, frequentemente, numa nova ronda de floração no final do verão ou início do outono.

Esta poda mais intensa é particularmente benéfica para as variedades de campânula que formam touceiras, como a Campanula carpatica ou a Campanula portenschlagiana. Depois de um corte destes, é importante garantir que a planta recebe uma boa rega e, se desejado, uma ligeira dose de fertilizante líquido para plantas com flor, para apoiar o desenvolvimento do novo crescimento. Em poucas semanas, a planta irá recuperar, apresentando um aspeto muito mais compacto, arrumado e, com sorte, coberto de novos botões florais.

É importante notar que esta poda de rejuvenescimento não é adequada para todas as variedades de campânula. As espécies bienais, por exemplo, que completam o seu ciclo de vida em dois anos, não devem ser cortadas drasticamente após a floração do seu segundo ano, pois isso impediria a produção de sementes que garantirão a sua presença no jardim nos anos seguintes. É sempre crucial conhecer o ciclo de vida da variedade específica que se está a cultivar antes de realizar uma poda mais severa.

Para as variedades de campânula mais altas e erectas, a poda pode também ser utilizada para controlar a sua altura e forma. Se a planta estiver a ficar demasiado alta e a tombar, um corte nos caules a meio da primavera, antes da formação dos botões florais, pode incentivar uma ramificação mais baixa e uma estrutura mais robusta e autossustentável. Esta técnica, conhecida como “Chelsea chop” em Inglaterra, atrasa ligeiramente a floração, mas resulta numa planta mais compacta e com mais hastes florais.

Poda de limpeza de outono

À medida que o outono avança e as temperaturas começam a descer, a campânula perene começa a preparar-se para o seu período de dormência invernal. A sua folhagem começa a amarelecer e a morrer, um processo completamente natural. É nesta altura que se deve realizar a poda de limpeza de outono, que prepara a planta para o inverno e ajuda a manter o jardim com um aspeto arrumado. Esta poda consiste em cortar toda a parte aérea morta da planta, deixando apenas alguns centímetros de caule acima do nível do solo.

Esta limpeza de final de estação tem vários benefícios importantes. Em primeiro lugar, remove o material vegetal em decomposição que poderia abrigar pragas e esporos de doenças durante o inverno, reduzindo a probabilidade de problemas na primavera seguinte. Em segundo lugar, melhora a aparência geral do canteiro durante os meses de inverno, evitando o aspeto desleixado da folhagem morta e encharcada. Por fim, abre espaço para a aplicação de uma camada protetora de “mulch” sobre a coroa da planta.

A poda de outono deve ser realizada após as primeiras geadas fortes terem “queimado” a folhagem, mas antes da chegada do frio mais intenso do inverno. Utilizar uma tesoura de poda limpa e afiada para cortar os caules perto da base da planta. Todo o material vegetal removido deve ser colocado na pilha de compostagem, desde que não mostre sinais de doenças graves, ou descartado no lixo para evitar a propagação de patógenos.

No entanto, há uma corrente de pensamento na jardinagem que defende deixar a folhagem morta em algumas plantas perenes durante o inverno. A folhagem seca pode oferecer alguma proteção natural à coroa da planta contra o frio e pode também proporcionar abrigo e alimento para a vida selvagem, como insetos benéficos e pássaros. A decisão de cortar ou deixar a folhagem durante o inverno pode depender da estética pessoal, do clima da região e do tipo de campânula. Para variedades menos resistentes, deixar a folhagem pode oferecer uma proteção extra.

Beliscar e dar forma

Para além dos cortes mais estruturados, a técnica de “beliscar” (pinching) pode ser utilizada no início da estação de crescimento para promover uma planta mais cheia e ramificada. Este processo envolve a remoção das pontas dos caules em crescimento quando a planta ainda é jovem, na primavera. Ao beliscar a ponta de um caule, remove-se o gomo apical, o que estimula o desenvolvimento dos gomos laterais localizados mais abaixo no caule. O resultado é uma planta com mais ramos, mais compacta e que, consequentemente, produzirá mais flores.

Esta técnica é especialmente útil para as variedades de campânula que tendem a crescer de forma mais erecta e com menos ramificações. Pode ser realizada simplesmente com as unhas do polegar e do indicador, ou com uma tesoura pequena, se se preferir. Ao beliscar os caules quando a planta tem cerca de 15 a 20 centímetros de altura, incentiva-se a criação de uma estrutura mais densa e robusta desde o início, o que pode até reduzir a necessidade de estacas de suporte mais tarde na estação.

O beliscar pode atrasar o início da floração por uma ou duas semanas, pois a planta primeiro investe energia na produção de novos ramos, mas a recompensa é uma exibição floral mais abundante e prolongada no geral. É uma técnica de gestão do crescimento que dá ao jardineiro um maior controlo sobre a forma final da sua planta.

É importante não exagerar nesta técnica. Beliscar em demasia ou demasiado tarde na estação pode atrasar a floração de tal forma que a planta não tenha tempo de florescer adequadamente antes do final da estação de crescimento. A melhor altura para o fazer é na primavera, quando a planta está em pleno crescimento vegetativo e tem tempo suficiente para se ramificar e formar botões florais.

Ferramentas e técnicas de corte

A utilização de ferramentas adequadas, limpas e bem afiadas é fundamental para qualquer tipo de poda. Ferramentas cegas podem esmagar os tecidos do caule em vez de os cortar, criando feridas maiores que demoram mais tempo a cicatrizar e que são mais suscetíveis à entrada de doenças. Para a campânula, uma boa tesoura de poda manual (secateur) ou uma tesoura de jardinagem mais pequena (snips) são geralmente as ferramentas mais adequadas.

Antes e depois de cada sessão de poda, e especialmente ao passar de uma planta para outra, é uma prática de higiene essencial limpar e desinfetar as lâminas das ferramentas. Isto pode ser feito limpando a seiva e a sujidade com um pano e depois passando um algodão embebido em álcool isopropílico ou numa solução de lixívia diluída (uma parte de lixívia para nove partes de água). Esta simples ação pode prevenir a propagação acidental de doenças virais, bacterianas e fúngicas por todo o jardim.

A técnica de corte em si também é importante. O corte deve ser feito de forma limpa e, sempre que possível, num ângulo de 45 graus. Um corte em ângulo evita que a água se acumule na superfície do corte, o que poderia promover o apodrecimento, especialmente em caules mais grossos. O corte deve ser feito ligeiramente acima de um nó ou de um gomo virado para o exterior, pois é a partir daí que o novo crescimento irá surgir, e um gomo virado para o exterior irá promover um crescimento que se afasta do centro da planta, melhorando a circulação de ar.

Finalmente, é importante adaptar a intensidade e o tipo de poda à idade e à saúde da planta. Plantas jovens e recém-estabelecidas geralmente requerem apenas uma poda ligeira, como o “deadheading”. Plantas mais velhas e estabelecidas podem beneficiar de uma poda de rejuvenescimento mais vigorosa para lhes dar uma nova vida. Observar a resposta da planta à poda é a melhor forma de aprender e de ajustar as técnicas para obter os melhores resultados possíveis.

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