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Plantação e propagação do folhado

Daria · 14.08.2025.

A plantação e a propagação do folhado são processos fundamentais para qualquer entusiasta de jardinagem que deseje introduzir ou multiplicar este arbusto excecionalmente ornamental no seu jardim. Realizar a plantação de forma correta é o primeiro e mais crucial passo para garantir que a planta se estabeleça rapidamente, desenvolva um sistema radicular forte e cresça de forma saudável e vigorosa. Da mesma forma, dominar as técnicas de propagação permite não só criar novas plantas a partir de um exemplar já existente, de forma económica, mas também partilhar esta maravilhosa espécie com amigos e familiares. Quer estejas a plantar um jovem arbusto comprado num viveiro ou a aventurar-te a criar as tuas próprias plantas, compreender o momento certo, a preparação do solo e os métodos adequados fará toda a diferença no sucesso a longo prazo do teu folhado.

A escolha do momento ideal para a plantação é um fator decisivo para a adaptação do folhado ao seu novo ambiente. O outono é geralmente considerado a melhor estação para plantar, pois as temperaturas do solo ainda estão amenas, o que permite que o sistema radicular se estabeleça antes da chegada do frio do inverno. Além disso, a maior frequência de chuvas nesta época do ano ajuda a manter o solo húmido, reduzindo a necessidade de regas constantes. A plantação na primavera também é uma opção viável, mas deve ser feita logo no início da estação, após o risco das últimas geadas fortes, para dar à planta tempo suficiente para se aclimatar antes do calor intenso do verão.

Antes de iniciar a plantação, a preparação meticulosa do local é indispensável para proporcionar as melhores condições de crescimento. Começa por limpar completamente a área de ervas daninhas e outros detritos que possam competir por água e nutrientes. O buraco de plantação deve ser significativamente maior do que o torrão da planta, idealmente duas a três vezes mais largo e com a mesma profundidade. Esta largura extra permite soltar o solo circundante, facilitando a expansão das novas raízes para além do buraco inicial, o que é vital para a estabilidade e absorção de nutrientes da planta.

A qualidade do solo no local de plantação deve ser melhorada para garantir um bom começo para o folhado. Ao escavar o buraco, mistura a terra removida com uma quantidade generosa de matéria orgânica, como composto bem curtido, húmus de minhoca ou estrume envelhecido. Esta adição não só enriquece o solo com nutrientes essenciais, mas também melhora a sua estrutura, promovendo uma boa drenagem em solos argilosos e aumentando a capacidade de retenção de água em solos arenosos. Evita adicionar fertilizantes químicos de libertação rápida diretamente no buraco de plantação, pois podem queimar as raízes jovens e sensíveis.

O processo de colocar a planta no solo requer cuidado para não danificar o sistema radicular. Remove o folhado do seu contentor original com cuidado, tentando manter o torrão intacto. Se as raízes estiverem muito compactadas ou a circular no fundo do vaso (enoveladas), solta-as gentilmente com os dedos ou com uma pequena ferramenta para incentivar o seu crescimento para fora. Coloca a planta no centro do buraco, certificando-te de que o topo do torrão fica ao mesmo nível ou ligeiramente acima do solo circundante. Plantar demasiado fundo é um erro comum que pode levar ao apodrecimento do colo da planta.

O processo de plantação passo a passo

Após a preparação cuidadosa do buraco e do solo, o ato de plantar o folhado deve seguir uma sequência lógica para maximizar o sucesso. Com a planta posicionada corretamente no centro do buraco, começa a preencher o espaço à volta do torrão com a mistura de terra e composto que preparaste. Adiciona o solo em camadas, pressionando-o suavemente com as mãos à medida que avanças para eliminar quaisquer bolsas de ar. As bolsas de ar podem secar as raízes e impedir o seu contacto com o solo, prejudicando o estabelecimento da planta.

Depois de preencher completamente o buraco, cria uma pequena bacia de rega, também conhecida como caldeira, à volta da base da planta. Esta consiste num anel de terra com cerca de 10 cm de altura, que ajudará a concentrar a água diretamente sobre a zona radicular e a evitar que escorra para longe. Esta simples técnica é especialmente útil durante as primeiras semanas após a plantação, garantindo que a água penetra profundamente no solo e chega onde é mais necessária.

A primeira rega é, possivelmente, a mais importante de todas. Imediatamente após a plantação, rega o folhado de forma abundante e lenta, enchendo a bacia de rega várias vezes e permitindo que a água seja completamente absorvida entre cada aplicação. Esta rega profunda ajuda a assentar o solo à volta das raízes, eliminando as últimas bolsas de ar e garantindo um bom contacto entre as raízes e o solo. Continuar a regar regularmente durante as primeiras semanas e meses é crucial até que a planta esteja bem estabelecida.

Finalmente, a aplicação de uma camada de mulching (cobertura morta) orgânico, com 5 a 7 cm de espessura, à volta da base do arbusto é o toque final. Materiais como casca de pinheiro, folhas trituradas ou palha são excelentes opções. O mulching ajuda a conservar a humidade do solo, a regular a sua temperatura, a suprimir o crescimento de ervas daninhas e, à medida que se decompõe, a enriquecer o solo com matéria orgânica. Deixa um pequeno espaço livre à volta do tronco para evitar a acumulação de humidade, que poderia causar problemas de apodrecimento.

Propagação por estacas

A propagação por estacas é o método mais comum e eficaz para multiplicar o folhado, permitindo criar clones exatos da planta-mãe. Este método pode ser realizado em diferentes épocas do ano, utilizando diferentes tipos de madeira, sendo as estacas semi-lenhosas as mais populares. Estas são colhidas no final do verão ou início do outono, a partir do crescimento do ano corrente que já começou a amadurecer e a endurecer. As estacas devem ter entre 10 a 15 cm de comprimento e ser cortadas de rebentos saudáveis e vigorosos.

A preparação das estacas é um passo crucial para o sucesso do enraizamento. Utiliza uma faca afiada ou uma tesoura de poda desinfetada para fazer um corte limpo logo abaixo de um nó (o ponto onde as folhas se inserem no caule). Remove as folhas da metade inferior da estaca para reduzir a perda de água por transpiração e evitar que apodreçam no substrato. Para aumentar as hipóteses de sucesso, podes mergulhar a base da estaca numa hormona de enraizamento em pó ou em gel, que estimula o desenvolvimento de novas raízes.

O meio de enraizamento deve ser leve, arejado e capaz de reter alguma humidade sem ficar encharcado. Uma mistura de partes iguais de turfa e perlite, ou areia grossa, funciona muito bem. Enche pequenos vasos ou tabuleiros com este substrato e humedece-o ligeiramente. Faz um pequeno buraco com um lápis ou um pauzinho para inserir a estaca sem danificar a hormona de enraizamento. Insere cerca de metade do comprimento da estaca no substrato e firma-o suavemente à volta.

Para criar um ambiente húmido, que é essencial para que as estacas não desidratem antes de desenvolverem raízes, cobre os vasos com um saco de plástico transparente ou coloca-os numa mini-estufa. Coloca as estacas num local com luz indireta e brilhante, mas fora do sol direto, que as poderia sobreaquecer e queimar. Mantém o substrato consistentemente húmido, mas não encharcado, e ventila ocasionalmente para prevenir o aparecimento de fungos. O enraizamento pode demorar várias semanas a alguns meses; saberás que teve sucesso quando sentires uma ligeira resistência ao puxar suavemente a estaca, ou quando novos rebentos começarem a crescer.

Propagação por sementeira

Embora menos comum e mais demorada do que a propagação por estacas, a multiplicação do folhado através de sementes é também uma possibilidade, especialmente para quem gosta de experimentar e observar todo o ciclo de vida da planta. As sementes devem ser colhidas dos frutos quando estes estão completamente maduros, no outono, apresentando uma cor azul-escura a preta. Após a colheita, a polpa carnuda do fruto deve ser removida, pois contém inibidores de germinação. Podes fazer isto macerando os frutos em água e separando as sementes limpas.

As sementes de folhado têm uma dormência complexa que requer um período de estratificação para germinar. A estratificação é um processo que simula as condições naturais do inverno, quebrando a dormência da semente. Para o folhado, é necessário um período de estratificação quente seguido de um período de estratificação fria. Primeiro, mistura as sementes limpas com um substrato húmido, como vermiculite ou turfa, coloca-as num saco de plástico selado e mantém-nas num local quente (cerca de 20-25°C) durante dois a três meses.

Após o período de estratificação quente, o saco com as sementes e o substrato deve ser transferido para um local frio, como o frigorífico (cerca de 4°C), por mais três a cinco meses. Este tratamento a frio simula o inverno e é essencial para desencadear o processo de germinação. É importante verificar periodicamente a humidade do substrato durante ambos os períodos para garantir que não seca completamente.

Após a conclusão de ambos os ciclos de estratificação, as sementes estão prontas para serem semeadas. Espalha as sementes sobre a superfície de um tabuleiro com substrato para sementeira, cobre-as com uma fina camada do mesmo substrato e rega suavemente. Mantém o tabuleiro num local protegido, com luz indireta, e o substrato consistentemente húmido. A germinação pode ser lenta e irregular, mas com paciência, as novas plântulas começarão a emergir. Deixa-as crescer até terem alguns pares de folhas verdadeiras antes de as transplantar para vasos individuais.

Cuidados após a plantação e com as novas plantas

Os cuidados nas primeiras semanas e meses após a plantação são vitais para o estabelecimento bem-sucedido do folhado. A rega é o aspeto mais importante. O solo deve ser mantido consistentemente húmido, mas não encharcado, para incentivar o crescimento de novas raízes. Verifica a humidade do solo a cada poucos dias, especialmente durante períodos de tempo seco ou quente, e rega profundamente sempre que os primeiros centímetros de solo estiverem secos ao toque. Esta rotina de rega deve ser mantida durante toda a primeira estação de crescimento.

As plantas jovens, quer sejam provenientes de viveiro ou propagadas em casa, são mais vulneráveis a condições ambientais adversas. A proteção contra ventos fortes, sol intenso e geadas tardias pode ser necessária. A utilização de uma tela de sombreamento temporária em dias de calor extremo ou a cobertura com um tecido de proteção durante noites de geada inesperada pode prevenir danos significativos e ajudar a planta a concentrar a sua energia no desenvolvimento radicular.

A fertilização deve ser abordada com cautela nas plantas recém-plantadas ou propagadas. É melhor esperar até que a planta mostre sinais claros de novo crescimento antes de aplicar qualquer fertilizante. Uma aplicação ligeira de um fertilizante equilibrado de libertação lenta na primavera seguinte à plantação é geralmente suficiente. Para as novas plantas provenientes de estacas ou sementes, um fertilizante líquido muito diluído pode ser aplicado após o desenvolvimento de um sistema radicular robusto.

A monitorização da saúde geral da planta é um cuidado contínuo. Inspeciona regularmente as folhas e os caules em busca de sinais de pragas ou doenças. As plantas jovens podem ser mais suscetíveis, e a deteção precoce de problemas permite um tratamento mais fácil e eficaz. Com estes cuidados iniciais atentos, o teu novo folhado terá a melhor base possível para se tornar um arbusto forte, saudável e uma adição deslumbrante ao teu jardim durante muitos anos.

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