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Plantação e propagação do bordo-japonês

Daria · 02.08.2025.

A plantação e propagação do bordo-japonês são processos que, embora exijam atenção e cuidado, permitem criar e multiplicar a beleza singular desta árvore nos nossos jardins. Realizar a plantação corretamente é o passo fundamental para garantir uma base sólida para o desenvolvimento saudável da árvore, assegurando que as suas raízes se estabelecem num ambiente propício. Por outro lado, a propagação, seja por semente, estaca ou enxertia, oferece a oportunidade gratificante de criar novas plantas, preservando as características de uma variedade favorita ou até mesmo explorando a variabilidade genética. Ambas as tarefas requerem conhecimento das necessidades específicas da planta, desde a escolha do local e preparação do solo até às técnicas delicadas de multiplicação, para que o resultado seja uma árvore vibrante e duradoura.

A plantação bem-sucedida de um bordo-japonês começa muito antes de a planta tocar na terra. A escolha do momento certo para plantar é crucial; o início do outono é geralmente considerado ideal, pois as temperaturas mais amenas e o solo ainda quente permitem que as raízes se estabeleçam antes da dormência do inverno. A primavera, após a última geada, é a segunda melhor opção. Evita plantar durante o calor intenso do verão ou quando o solo está congelado, pois estas condições extremas colocam um stress excessivo na jovem árvore. A seleção de um espécime saudável no viveiro, com um bom sistema radicular e sem sinais de doença ou pragas, é igualmente importante para um bom começo.

A preparação meticulosa do local de plantação é um investimento no futuro da árvore. Como já referido, o bordo-japonês exige um solo bem drenado e rico em matéria orgânica. O buraco deve ser cavado com o dobro da largura do torrão e com a mesma profundidade, para que o topo do torrão fique ao nível do solo circundante. Soltar a terra nas paredes laterais do buraco facilita a penetração das raízes. Se as raízes estiverem compactadas ou a circular no fundo do vaso, é importante soltá-las gentilmente com os dedos para encorajar o seu crescimento para fora, no novo solo.

Após colocar a árvore no buraco e preencher com a terra emendada, a rega inicial é um passo que não pode ser negligenciado. Rega abundantemente a área para assentar o solo, eliminar bolsas de ar e fornecer a humidade necessária para o sistema radicular começar a sua adaptação. Nos meses seguintes à plantação, a monitorização da humidade do solo é vital. A árvore recém-plantada ainda não tem um sistema radicular extenso para procurar água, pelo que depende de regas regulares e profundas para se manter hidratada, especialmente durante períodos de pouca chuva.

Finalmente, a aplicação de uma camada de mulching orgânico sobre a zona radicular (mas sem tocar no tronco) oferece múltiplos benefícios. Este mulching ajuda a conservar a humidade do solo, reduz a competição com ervas daninhas, modera a temperatura do solo protegendo as raízes tanto do calor como do frio, e, à medida que se decompõe, enriquece o solo com matéria orgânica. Este passo simples contribui significativamente para a redução do stress pós-plantação e promove um estabelecimento mais rápido e saudável do teu bordo-japonês.

Propagação por semente

A propagação do bordo-japonês através de sementes é um processo fascinante, embora demorado, que permite observar o ciclo de vida completo da planta. As sementes devem ser colhidas no outono, quando as sâmaras (as “asas” que contêm as sementes) secam e ficam castanhas. É importante notar que as plantas cultivadas a partir de sementes de uma variedade específica podem não replicar exatamente as características da planta-mãe, resultando numa variabilidade interessante de formas e cores. Este método é ideal para quem gosta de experimentar e não se importa com a incerteza do resultado final.

As sementes de bordo-japonês possuem um mecanismo de dormência natural que precisa de ser quebrado para que a germinação ocorra, um processo conhecido como estratificação. Para isso, as sementes precisam de um período de frio húmido. Uma técnica comum consiste em mergulhar as sementes em água morna por 24 horas e depois misturá-las com um substrato húmido, como turfa ou areia, dentro de um saco de plástico selado. Este saco deve ser colocado no frigorífico por um período de 60 a 120 dias, simulando as condições de inverno.

Após o período de estratificação a frio, as sementes estão prontas para serem semeadas. Planta-as em tabuleiros ou vasos pequenos com um substrato de sementeira bem drenado, cobrindo-as com uma fina camada de terra, com cerca de meio centímetro de espessura. Mantém o substrato consistentemente húmido, mas não encharcado, e coloca os recipientes num local com luz indireta e temperaturas amenas. A germinação pode ser irregular e demorar várias semanas a alguns meses, por isso a paciência é fundamental.

Uma vez que as plântulas tenham desenvolvido alguns pares de folhas verdadeiras e sejam suficientemente grandes para serem manuseadas, podem ser transplantadas para vasos individuais. Continua a cuidar delas, fornecendo luz adequada e humidade constante, e protege-as de condições extremas. As jovens plantas crescerão lentamente no primeiro ano, mas com o tempo desenvolver-se-ão em árvores únicas. Este método, embora exija paciência, é imensamente recompensador para o jardineiro dedicado.

Propagação por estacas

A multiplicação do bordo-japonês por estacas é um método popular porque permite criar um clone genético da planta-mãe, garantindo que a nova planta terá exatamente as mesmas características, como a cor da folha e o hábito de crescimento. O melhor momento para colher as estacas é no final da primavera ou início do verão, quando a planta está em crescimento ativo. Deves selecionar estacas de madeira macia, que são os novos crescimentos do ano, flexíveis e ainda verdes.

Para preparar as estacas, escolhe ramos saudáveis e corta secções com 10 a 15 cm de comprimento, fazendo o corte logo abaixo de um nó de folha. Remove as folhas da metade inferior da estaca, deixando apenas dois ou três pares de folhas no topo. Se as folhas restantes forem muito grandes, podes cortá-las ao meio para reduzir a perda de água por transpiração, o que ajuda a estaca a concentrar a sua energia no desenvolvimento de raízes em vez de na sustentação da folhagem.

Para aumentar as hipóteses de sucesso, mergulha a base cortada da estaca numa hormona de enraizamento em pó ou em gel. Este produto estimula o desenvolvimento de raízes e pode acelerar significativamente o processo. Em seguida, insere a estaca num vaso ou tabuleiro preenchido com um meio de enraizamento bem drenado, como uma mistura de perlite e turfa. Faz um pequeno buraco no substrato antes de inserir a estaca para evitar que a hormona seja removida.

O passo final é criar um ambiente húmido para as estacas, o que é essencial para o enraizamento. Podes cobrir o vaso com um saco de plástico transparente ou uma mini-estufa para manter a humidade elevada. Coloca as estacas num local com luz indireta brilhante, mas sem sol direto. Verifica regularmente a humidade do substrato e areja a cobertura diariamente para evitar o apodrecimento. As raízes geralmente começam a formar-se dentro de algumas semanas a alguns meses.

Propagação por enxertia

A enxertia é a técnica de propagação mais comum usada comercialmente para os cultivares de bordo-japonês, pois garante uma replicação exata da variedade desejada. Este método envolve a união de uma parte de uma planta que se quer propagar (o enxerto), geralmente um pequeno ramo ou um botão, a um sistema radicular estabelecido de outra planta (o porta-enxerto). O porta-enxerto é tipicamente uma plântula de uma espécie de bordo mais vigorosa e resistente, como o Acer palmatum básico.

O processo de enxertia requer precisão e prática. Existem várias técnicas, mas uma das mais comuns para os bordos é a enxertia lateral. Esta é geralmente realizada no final do inverno ou início da primavera, quando as plantas ainda estão dormentes. Consiste em fazer um corte oblíquo no porta-enxerto e um corte correspondente na base do enxerto, de forma a que as camadas de câmbio (a camada de tecido verde logo abaixo da casca) de ambas as partes se alinhem perfeitamente. O alinhamento correto do câmbio é crucial, pois é aí que os tecidos vasculares se fundem, permitindo a passagem de água e nutrientes.

Após unir o enxerto e o porta-enxerto, a junção é firmemente amarrada com fita de enxertia ou ráfia para manter as duas partes em contacto próximo e protegê-las da desidratação. A área da enxertia é então selada com cera de enxertia para evitar a entrada de água e patógenos. A planta enxertada é mantida num ambiente controlado, como uma estufa, onde a temperatura e a humidade são mantidas estáveis para promover a cicatrização e a união dos tecidos.

Após algumas semanas, se a enxertia for bem-sucedida, o enxerto começará a mostrar sinais de crescimento, como o inchaço dos botões. Assim que a união estiver forte e o novo crescimento for evidente, a parte superior do porta-enxerto, acima do ponto de enxertia, é gradualmente removida para direcionar toda a energia da planta para o crescimento do enxerto. Embora seja uma técnica mais avançada, a enxertia é o método mais fiável para propagar os cultivares nomeados de bordo-japonês.

Cuidados pós-propagação

Independentemente do método de propagação utilizado, os cuidados com as jovens plantas de bordo-japonês são essenciais para a sua sobrevivência e desenvolvimento saudável. As plântulas, estacas enraizadas ou plantas recém-enxertadas são extremamente vulneráveis e requerem um ambiente protegido durante o seu primeiro ano de vida. Devem ser mantidas em vasos com um substrato de boa qualidade e bem drenado, e colocadas num local que receba luz indireta brilhante, mas que esteja protegido do sol direto, vento forte e chuva intensa.

A rega é um aspeto crítico na fase inicial de desenvolvimento. O substrato deve ser mantido consistentemente húmido, mas é fundamental evitar o encharcamento, que pode levar rapidamente ao apodrecimento das raízes jovens e frágeis. Uma verificação diária da humidade do solo é recomendada, regando sempre que a superfície começar a secar. Uma fertilização muito ligeira pode ser iniciada assim que o crescimento ativo for evidente, utilizando um fertilizante líquido muito diluído para evitar queimar as raízes delicadas.

À medida que as jovens plantas crescem e se fortalecem, precisam de ser gradualmente aclimatadas a condições exteriores, um processo conhecido como “hardening off”. Isto envolve expô-las progressivamente a mais luz solar e a temperaturas exteriores ao longo de uma a duas semanas, antes de serem movidas para a sua localização final no jardim ou para um vaso maior. Este processo gradual ajuda a prevenir o choque do transplante e a queima das folhas.

Durante o primeiro inverno, as jovens plantas de bordo-japonês são particularmente suscetíveis ao frio. É altamente recomendável protegê-las, especialmente se estiverem em vasos. Mover os vasos para uma estufa fria, uma garagem não aquecida ou um alpendre protegido pode garantir a sua sobrevivência. Para as plantas que já estão no solo, uma camada generosa de mulching sobre a zona radicular ajudará a isolar as raízes das temperaturas de congelação, dando-lhes a proteção necessária para brotarem com vigor na primavera seguinte.

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