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O plantio e a propagação do cravo-de-defunto

Daria · 24.05.2025.

O plantio e a propagação do cravo-de-defunto são processos gratificantes que permitem aos jardineiros multiplicar facilmente estas flores vibrantes e benéficas, enchendo o jardim de cor e vitalidade. Seja a partir de sementes ou de estacas, a propagação desta planta é notavelmente simples, o que contribui para a sua imensa popularidade. A sementeira direta no jardim após a última geada ou o início do cultivo em ambiente protegido para uma floração mais precoce são as abordagens mais comuns, ambas com elevadas taxas de sucesso. Compreender o momento certo para plantar, a profundidade correta da semente e as condições ideais para a germinação é a chave para começar com o pé direito. Este conhecimento permite não só criar novos canteiros a cada ano, mas também partilhar esta planta maravilhosa com amigos e vizinhos, perpetuando a sua beleza.

A propagação a partir de sementes é, de longe, o método mais popular e económico para cultivar cravos-de-defunto. As sementes podem ser compradas ou, mais satisfatoriamente, colhidas de flores do ano anterior. Para colher as suas próprias sementes, permita que algumas flores na planta sequem completamente no final da estação. Uma vez que as pétalas estejam secas e quebradiças, colha as cabeças das flores e separe as sementes longas e escuras da base. Deixe-as secar completamente num local arejado por mais alguns dias antes de as armazenar num envelope de papel num local fresco e seco até à primavera seguinte.

O momento do plantio é crucial para o sucesso da germinação e do desenvolvimento inicial das plantas. Os cravos-de-defunto são sensíveis à geada, pelo que as sementes não devem ser semeadas no exterior até que todo o perigo de geada tenha passado e o solo tenha aquecido. Para quem deseja uma floração mais antecipada, as sementes podem ser iniciadas em interiores, em tabuleiros de sementeira ou pequenos potes, cerca de 6 a 8 semanas antes da data da última geada prevista. Este método dá às plantas uma vantagem, permitindo que se tornem mudas robustas e prontas a serem transplantadas para o jardim assim que o tempo o permitir.

O processo de sementeira em si é bastante direto. Quer esteja a semear diretamente no jardim ou em recipientes, use um substrato leve e bem drenado. Plante as sementes a uma profundidade de cerca de 0,5 a 1 centímetro e cubra-as levemente com terra. Após a sementeira, regue suavemente para humedecer o solo sem desalojar as sementes. Mantenha o solo consistentemente húmido, mas não encharcado, durante o período de germinação, que geralmente leva entre 5 a 14 dias, dependendo da variedade e da temperatura. As sementes germinam melhor com temperaturas do solo entre 21 e 24 graus Celsius.

Uma vez que as mudas tenham germinado e desenvolvido o seu primeiro conjunto de folhas verdadeiras, é importante fornecer-lhes as condições certas para um crescimento saudável. Se iniciou as sementes em interiores, coloque os tabuleiros num local que receba muita luz, como um parapeito de janela virado a sul, ou sob luzes de crescimento. Se as mudas estiverem a crescer muito juntas, será necessário desbastá-las, removendo as mais fracas para dar espaço às mais fortes para se desenvolverem. Este desbaste garante que cada planta tenha recursos suficientes para se tornar forte e vigorosa, pronta para o transplante ou para continuar o seu crescimento no local definitivo.

A sementeira a partir de sementes

A sementeira a partir de sementes é o método primordial de propagação do cravo-de-defunto, apreciado pela sua simplicidade e eficácia. O primeiro passo para uma sementeira bem-sucedida é a aquisição de sementes de qualidade. Pode optar por comprar pacotes de sementes de um fornecedor de confiança, o que garante a variedade e a taxa de germinação, ou pode usar sementes que colheu e guardou das suas próprias plantas. Se optar por colher as suas, lembre-se que as plantas híbridas podem não produzir descendentes fiéis às características da planta-mãe, o que pode resultar numa agradável surpresa de cores e formas no seu jardim.

A preparação do substrato é fundamental para proporcionar um ambiente ideal para a germinação. Para iniciar as sementes em interiores, utilize um substrato específico para sementeira, que é estéril, leve e tem uma boa capacidade de retenção de humidade. Encha os seus tabuleiros de sementeira ou vasos com este substrato, pressionando-o levemente e humedecendo-o antes de semear. Se estiver a semear diretamente no jardim, prepare o canteiro removendo ervas daninhas, soltando o solo e incorporando um pouco de composto para melhorar a sua estrutura e fertilidade. A superfície do solo deve estar fina e nivelada.

A técnica de sementeira requer alguma delicadeza. As sementes de cravo-de-defunto são longas e finas, o que as torna fáceis de manusear individualmente. Coloque as sementes na superfície do solo, espaçando-as de acordo com as instruções do pacote, ou cerca de 2 a 5 centímetros de distância umas das outras se estiver a semear em tabuleiros para posterior transplante. Cubra as sementes com uma fina camada de substrato ou vermiculita, com cerca de 0,5 cm de espessura. Uma cobertura demasiado profunda pode impedir a germinação. Após a sementeira, use um pulverizador para regar suavemente, garantindo que o solo fica húmido sem perturbar as sementes.

Após a sementeira, a manutenção das condições corretas é vital. Cubra os seus tabuleiros de sementeira com uma tampa de plástico transparente ou película aderente para criar um efeito de estufa, que ajuda a manter a humidade e o calor constantes. Coloque-os num local quente, mas não necessariamente sob luz solar direta, até que a germinação ocorra. Assim que as primeiras plântulas emergirem, remova a cobertura e mova os tabuleiros para um local com luz brilhante e indireta. A luz é agora essencial para que as plântulas realizem a fotossíntese e cresçam fortes, evitando que fiquem estioladas.

O transplante das mudas

O transplante das mudas de cravo-de-defunto é uma etapa crítica que, se realizada corretamente, garante uma transição suave do ambiente protegido para o jardim. O momento ideal para o transplante é após todo o perigo de geada ter passado e quando as mudas desenvolveram pelo menos dois conjuntos de folhas verdadeiras e têm um sistema radicular bem formado. Antes de as mover para o seu local definitivo, é essencial aclimatá-las gradualmente às condições exteriores, um processo conhecido como “endurecimento”. Comece por colocar as mudas numa área sombreada e protegida do vento por algumas horas no primeiro dia, aumentando gradualmente o tempo e a exposição à luz solar direta ao longo de uma semana a dez dias.

A preparação do local de plantio final é tão importante quanto o endurecimento. Escolha um local que receba pelo menos seis horas de sol direto por dia e que tenha um solo bem drenado. Antes de transplantar, trabalhe o solo e, se necessário, adicione composto para enriquecê-lo. Cave buracos para cada muda que sejam ligeiramente maiores do que o torrão da raiz. O espaçamento é crucial para a saúde futura das plantas; verifique as recomendações para a variedade específica que está a cultivar, mas, em geral, um espaçamento de 20 a 30 centímetros é adequado para a maioria das variedades, permitindo uma boa circulação de ar.

Ao remover as mudas dos seus recipientes, faça-o com cuidado para não danificar o sistema radicular. Se as mudas estiverem em tabuleiros de células, pressione suavemente o fundo para soltar a planta. Se as raízes estiverem compactadas ou a circular no fundo do vaso (enoveladas), solte-as gentilmente com os dedos. Coloque a muda no buraco de modo a que a parte superior do torrão fique ao mesmo nível da superfície do solo circundante. Plantar demasiado fundo pode levar ao apodrecimento do caule. Preencha o buraco com terra, firmando-a suavemente à volta da base da planta para eliminar bolsas de ar.

Após o transplante, o cuidado imediato é vital para ajudar as plantas a superarem o choque. Regue cada muda generosamente logo após o plantio para assentar o solo à volta das raízes e fornecer a humidade necessária. Nos primeiros dias a semanas, mantenha o solo consistentemente húmido enquanto as plantas estabelecem as suas raízes no novo ambiente. A aplicação de uma camada de cobertura morta (mulch) à volta das plantas pode ajudar a reter a humidade do solo, a suprimir ervas daninhas e a proteger as raízes jovens de flutuações extremas de temperatura.

Propagação por estacas

Embora menos comum do que a propagação por sementes, a propagação do cravo-de-defunto por estacas é um método eficaz e rápido para criar novas plantas que são clones exatos da planta-mãe. Este método é particularmente útil se tiver uma variedade híbrida específica cujas características deseja preservar, uma vez que as sementes de híbridos podem não produzir plantas idênticas. A melhor altura para tirar estacas é do final da primavera ao início do verão, quando a planta-mãe está em pleno crescimento vegetativo, com muitos caules saudáveis e vigorosos.

Para tirar uma estaca, escolha um caule saudável que não tenha flores ou botões florais. Use uma faca afiada e esterilizada ou uma tesoura de poda para cortar uma secção do caule com cerca de 10 a 15 centímetros de comprimento. O corte deve ser feito logo abaixo de um nó de folha (o ponto onde uma folha se liga ao caule), pois é aqui que as hormonas de enraizamento estão mais concentradas. Remova as folhas da metade inferior da estaca, deixando apenas alguns conjuntos de folhas no topo. A remoção das folhas inferiores evita que apodreçam quando a estaca for plantada e reduz a perda de água por transpiração.

Para aumentar as hipóteses de sucesso, pode mergulhar a extremidade cortada da estaca numa hormona de enraizamento em pó. Embora não seja estritamente necessário para os cravos-de-defunto, que enraízam com relativa facilidade, este passo pode acelerar o processo e promover o desenvolvimento de um sistema radicular mais forte. Prepare um pequeno vaso com um substrato de enraizamento bem drenado, como uma mistura de turfa e perlite ou areia. Faça um pequeno buraco no substrato com um lápis ou o dedo e insira a estaca, garantindo que os nós de onde removeu as folhas fiquem abaixo da superfície.

Após plantar a estaca, firme o substrato à sua volta e regue bem. Para criar um ambiente húmido que favoreça o enraizamento, pode cobrir o vaso com um saco de plástico transparente, suportado por pauzinhos para que o plástico não toque nas folhas. Coloque o vaso num local com luz brilhante e indireta, evitando o sol direto, que pode sobreaquecer e desidratar a estaca. Mantenha o substrato consistentemente húmido e, em poucas semanas, a estaca deverá desenvolver raízes. Saberá que o enraizamento foi bem-sucedido quando observar um novo crescimento no topo da estaca ou se sentir uma ligeira resistência ao puxá-la suavemente.

A autopropagação no jardim

O cravo-de-defunto possui uma notável capacidade de autopropagação, um fenómeno que pode ser tanto uma bênção como um pequeno desafio para o jardineiro. No final da estação de floração, se as flores murchas não forem removidas, a planta produzirá sementes que, ao amadurecerem, podem cair no solo circundante. Em climas onde os invernos não são excessivamente rigorosos, ou com a proteção de uma camada de folhas ou neve, estas sementes podem sobreviver e germinar na primavera seguinte, criando uma nova geração de plantas sem qualquer intervenção humana. Este processo natural é uma excelente forma de garantir a continuidade dos seus cravos-de-defunto ano após ano.

Para o jardineiro que aprecia um aspeto mais naturalista e espontâneo, permitir a autopropagação pode ser uma estratégia de design encantadora. As novas plântulas surgirão em locais inesperados, preenchendo espaços vazios e criando combinações de cores surpreendentes, especialmente se tiver diferentes variedades a crescerem juntas, permitindo a polinização cruzada. Este método de “jardinagem de baixa manutenção” pode resultar em canteiros densos e coloridos com um esforço mínimo. No entanto, é importante estar ciente de que a autopropagação pode levar a um excesso de plantas, sendo necessário desbastar as plântulas para evitar a sobrelotação.

Gerir a autopropagação é fundamental para manter a ordem e a saúde do jardim. Na primavera, quando as novas plântulas de cravo-de-defunto começarem a emergir, terá a oportunidade de decidir quais manter. Selecione as plântulas mais fortes e saudáveis e remova as que estão a crescer demasiado juntas ou em locais indesejados. Este desbaste é crucial para garantir que as plantas restantes tenham espaço, luz, água e nutrientes suficientes para prosperarem. As plântulas removidas não precisam de ser desperdiçadas; podem ser cuidadosamente transplantadas para outras áreas do jardim ou partilhadas com amigos.

Por outro lado, se preferir manter um controlo mais rigoroso sobre o design do seu jardim, pode facilmente prevenir a autopropagação. A prática regular do “deadheading”, removendo as flores assim que começam a murchar, é o método mais eficaz. Isto impede a formação de sementes e, como bónus, incentiva a planta a continuar a florir profusamente. No final da estação, em vez de deixar as plantas no solo durante o inverno, remova-as e adicione-as à sua pilha de compostagem. Desta forma, pode começar de novo na primavera seguinte, semeando as suas variedades preferidas exatamente onde as deseja.

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