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Doenças e pragas da sorveira-brava

Daria · 13.08.2025.

Apesar da sua reputação como uma árvore robusta e resistente, a sorveira-brava não está imune ao ataque de diversas doenças e pragas que podem comprometer a sua saúde, vigor e aparência estética. Um conhecimento aprofundado sobre os principais agentes patogénicos e insetos que a podem afetar é crucial para qualquer cultivador. A identificação precoce dos sintomas, aliada a estratégias de prevenção eficazes e métodos de controlo adequados, permite uma intervenção atempada e minimiza os danos. A implementação de uma abordagem de gestão integrada, que privilegia a saúde do ecossistema do jardim, é a forma mais sustentável e eficaz de garantir a longevidade e a vitalidade desta notável espécie.

Principais doenças fúngicas

As doenças fúngicas estão entre os problemas mais comuns que podem afetar a sorveira-brava, especialmente em condições de humidade elevada e fraca circulação de ar. O oídio é uma dessas doenças, facilmente reconhecível pelo aparecimento de uma camada pulverulenta de cor branca ou acinzentada nas folhas, rebentos e, por vezes, nas flores. Embora raramente seja fatal, uma infeção severa pode reduzir a capacidade fotossintética da planta, levar à deformação das folhas e enfraquecer a árvore em geral. A prevenção passa por garantir um bom espaçamento entre as plantas para promover a circulação de ar e evitar a rega por aspersão sobre a folhagem.

Outra doença fúngica a ter em atenção é a ferrugem. Esta doença manifesta-se através do aparecimento de pequenas pústulas de cor laranja ou acastanhada na página inferior das folhas. Com o avanço da infeção, podem surgir manchas amareladas na página superior. A ferrugem pode causar a queda prematura das folhas, o que, se ocorrer repetidamente ao longo dos anos, pode debilitar a árvore. Tal como com o oídio, a humidade é um fator chave para o seu desenvolvimento, pelo que as medidas preventivas são semelhantes. A remoção e destruição das folhas caídas no outono ajuda a reduzir a quantidade de inóculo do fungo que sobrevive ao inverno.

As doenças do cancro dos ramos, causadas por vários tipos de fungos, podem ser mais graves. Estas infeções resultam em áreas deprimidas, escuras e mortas na casca dos ramos e do tronco. O cancro pode anelar um ramo, cortando o fluxo de seiva e causando a morte de toda a parte do ramo acima da infeção. Geralmente, estes fungos penetram na árvore através de feridas causadas pela poda, danos mecânicos ou geada. A prevenção envolve a realização de podas corretas, evitando feridas desnecessárias e desinfetando as ferramentas de corte. O tratamento consiste na remoção cirúrgica dos ramos afetados, cortando bem abaixo da área do cancro.

Para o controlo de doenças fúngicas, a primeira linha de defesa é sempre a prevenção. Contudo, se uma infeção se instalar e for severa, pode ser necessário recorrer a fungicidas. A aplicação de produtos à base de cobre ou enxofre no início da primavera, antes do abrolhamento, pode ajudar a controlar a esporulação de muitos fungos. Para problemas como o oídio, fungicidas específicos ou soluções caseiras, como o bicarbonato de potássio, podem ser eficazes se aplicados aos primeiros sinais da doença. A escolha do produto deve ser feita de forma consciente, privilegiando opções de baixo impacto ambiental.

Doenças bacterianas: o fogo-bacteriano

O fogo-bacteriano, causado pela bactéria Erwinia amylovora, é uma das doenças mais destrutivas que podem afetar a sorveira-brava e outras plantas da família das rosáceas. A doença recebe o seu nome devido à aparência de queimado que os tecidos infetados adquirem. Os sintomas mais característicos surgem na primavera, durante a floração. As flores infetadas murcham, escurecem e morrem, mas permanecem presas ao ramo. A partir das flores, a infeção pode propagar-se rapidamente pelos ramos abaixo.

À medida que a doença avança, os rebentos jovens e as folhas também são afetados, curvando-se na ponta e adquirindo uma cor escura, quase preta, num sintoma clássico conhecido como “cajado de pastor”. Sob condições de humidade elevada, pode-se observar um exsudado bacteriano, um líquido leitoso e pegajoso, a escorrer das áreas infetadas. Este exsudado está carregado de bactérias e é facilmente disseminado pela chuva, vento, insetos e ferramentas de poda para outras partes da planta ou outras plantas suscetíveis.

O controlo do fogo-bacteriano é extremamente difícil e baseia-se fundamentalmente na prevenção e na erradicação. Não existe uma cura química eficaz para a doença uma vez instalada. A medida de controlo mais importante é a poda sanitária. Assim que os sintomas são detetados, os ramos infetados devem ser removidos imediatamente. O corte deve ser feito pelo menos 30 a 40 centímetros abaixo da zona visivelmente infetada, pois a bactéria avança no interior dos tecidos antes de os sintomas serem visíveis.

É absolutamente crucial desinfetar as ferramentas de poda (tesouras, serras) entre cada corte, utilizando uma solução de álcool a 70% ou lixívia diluída (1 parte de lixívia para 9 de água). Se as ferramentas não forem desinfetadas, o próprio ato da poda irá disseminar a doença por toda a árvore. As partes removidas devem ser queimadas ou eliminadas de forma segura, nunca deixadas no jardim. A gestão cultural, como evitar a fertilização excessiva com azoto (que promove um crescimento tenro e suscetível) e controlar os insetos vetores, também ajuda na prevenção.

Pragas comuns e os seus danos

A sorveira-brava pode ser atacada por uma variedade de insetos, embora raramente as infestações atinjam níveis que ameacem a vida de uma árvore madura e saudável. Os afídeos, ou pulgões, são talvez a praga mais comum. Estes pequenos insetos sugadores de seiva concentram-se nos rebentos novos e na página inferior das folhas. A sua alimentação pode causar o enrolamento e a deformação das folhas e abrandar o crescimento. Além disso, os afídeos excretam uma substância açucarada e pegajosa chamada “melada”, que favorece o desenvolvimento de um fungo negro, a fumagina, e atrai formigas.

Outras pragas a ter em atenção são os ácaros-aranha. Estes aracnídeos minúsculos são difíceis de ver a olho nu, mas a sua presença é denunciada por um fino pontilhado amarelado nas folhas e, em infestações severas, pela formação de finas teias. Os ácaros-aranha prosperam em condições quentes e secas e sugam o conteúdo celular das folhas, reduzindo a fotossíntese e dando à folhagem um aspeto bronzeado ou empoeirado. A rega regular da folhagem com um jato de água forte pode ajudar a desalojar e a controlar as populações de ácaros.

Os insetos perfuradores do tronco, como as larvas de alguns escaravelhos, podem representar uma ameaça mais séria, especialmente para árvores jovens ou stressadas. As larvas escavam galerias sob a casca, no câmbio ou mesmo no lenho, interrompendo o fluxo de água e nutrientes. Os sinais de um ataque incluem pequenos orifícios no tronco, a presença de serradura na base da árvore e um declínio geral da saúde da copa. Manter a árvore vigorosa e evitar feridas no tronco são as melhores formas de prevenção, pois os perfuradores são atraídos por árvores enfraquecidas.

A lagarta-processionária-do-pinheiro, embora associada principalmente aos pinheiros, pode ocasionalmente alimentar-se de outras árvores, incluindo a sorveira-brava. As lagartas são vorazes e podem desfolhar rapidamente partes da árvore. Além do dano à planta, os seus pelos são urticantes e podem causar reações alérgicas graves em pessoas e animais. O controlo pode envolver a remoção manual e cuidadosa dos ninhos de seda, a utilização de armadilhas de feromonas para capturar os machos adultos ou, em casos graves, a aplicação de tratamentos com Bacillus thuringiensis, uma bactéria inseticida biológica.

Estratégias de controlo integrado de pragas (CIP)

A Gestão Integrada de Pragas (GIP ou CIP) é uma abordagem holística e sustentável para o controlo de pragas e doenças, que visa minimizar o uso de pesticidas químicos. A filosofia da GIP baseia-se na combinação de diferentes táticas de controlo de forma a manter as populações de pragas abaixo de um nível que cause danos económicos ou estéticos significativos. A base da GIP é a prevenção, que começa com a escolha de espécies e variedades resistentes e a criação de um ambiente de cultivo saudável que promova a vitalidade da planta.

A monitorização regular é um pilar fundamental da GIP. Inspecionar a sorveira-brava frequentemente permite detetar os problemas numa fase inicial, quando são mais fáceis de controlar. Isto envolve procurar os primeiros sinais de doenças, a presença de pragas ou dos seus ovos, e identificar quaisquer condições que possam estar a stressar a árvore. Utilizar armadilhas adesivas ou de feromonas pode ajudar a monitorizar a presença e a flutuação das populações de certos insetos.

A GIP promove fortemente o controlo biológico, que consiste em utilizar os inimigos naturais das pragas para as manter sob controlo. Isto pode ser alcançado através da criação de um habitat favorável a predadores como joaninhas, crisopídeos, sirfídeos e pássaros insetívoros. Plantar uma variedade de flores que forneçam néctar e pólen, instalar caixas-ninho e evitar o uso de pesticidas de largo espectro que matem estes organismos benéficos são práticas essenciais para fomentar o controlo biológico natural no jardim.

O uso de pesticidas é considerado o último recurso numa estratégia de GIP. Quando a sua utilização é inevitável, devem ser escolhidos os produtos mais seletivos e de menor impacto ambiental, como os sabões inseticidas, os óleos hortícolas (como o óleo de neem) ou os inseticidas biológicos. A aplicação deve ser direcionada apenas para as áreas afetadas e realizada no momento em que a praga está no seu estádio mais vulnerável. Esta abordagem minimiza os danos aos organismos não-alvo e ao meio ambiente.

Medidas preventivas e fitossanitárias

A prevenção é, sem dúvida, a estratégia mais eficaz e económica para manter a sorveira-brava livre de doenças e pragas. A primeira medida preventiva ocorre antes mesmo da plantação, com a seleção de um local adequado. Um local com plena exposição solar, boa drenagem e excelente circulação de ar irá desencorajar o desenvolvimento da maioria das doenças fúngicas e bacterianas, que prosperam em condições de humidade e sombra. Um solo saudável e bem preparado também contribui para uma árvore mais vigorosa e resistente.

As práticas culturais adequadas desempenham um papel vital na prevenção. Uma rega correta, evitando molhar a folhagem e o encharcamento do solo, é fundamental. Uma fertilização equilibrada, evitando o excesso de azoto, produz tecidos vegetais mais fortes e menos atrativos para pragas sugadoras. A poda regular para remover ramos mortos, doentes ou sobrepostos não só melhora a estrutura da árvore, como também aumenta a circulação de ar no interior da copa, reduzindo a humidade e a incidência de doenças.

A fitossanidade no jardim é outra medida preventiva crucial. Isto inclui a remoção e destruição de todos os materiais vegetais doentes, como folhas caídas, frutos mumificados e ramos podados. Muitos agentes patogénicos e pragas sobrevivem ao inverno nestes detritos, constituindo uma fonte de inóculo para a estação seguinte. A limpeza cuidadosa no outono pode reduzir significativamente a pressão de doenças e pragas no ano seguinte. Da mesma forma, a desinfeção regular das ferramentas de jardinagem, especialmente as de poda, previne a transmissão de doenças de uma planta para outra.

Finalmente, promover a biodiversidade no jardim é uma poderosa estratégia preventiva a longo prazo. Um jardim com uma grande variedade de plantas atrai uma gama mais vasta de insetos e outros animais, incluindo muitos que são predadores ou parasitoides de pragas. A presença destes inimigos naturais cria um ecossistema mais equilibrado e resiliente, onde as populações de pragas são naturalmente reguladas. Evitar um monocultivo e integrar plantas companheiras que atraem insetos benéficos é uma forma de trabalhar com a natureza para proteger a saúde da sorveira-brava.

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