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Doenças e pragas da cravina-de-veludo

Daria · 29.06.2025.

Apesar da sua reputação de planta robusta e de baixa manutenção, a Silene coronaria não está completamente isenta da possibilidade de ser afetada por doenças e pragas. No entanto, a boa notícia para os jardineiros é que esta planta é naturalmente resistente à maioria dos problemas comuns de jardim. A chave para manter a cravina-de-veludo saudável e vibrante reside, na esmagadora maioria das vezes, na prevenção através de práticas culturais corretas. Ao proporcionar as condições de cultivo ideais – nomeadamente, sol pleno, uma excelente drenagem do solo e uma boa circulação de ar – estarás a criar um ambiente onde a planta pode prosperar e a fortalecer as suas defesas naturais, tornando-a muito menos suscetível a ataques. Quando surgem problemas, uma identificação rápida e uma intervenção ponderada são essenciais para evitar que se tornem graves.

O princípio fundamental na gestão fitossanitária da cravina-de-veludo é que uma planta feliz é uma planta saudável. O stresse é o principal fator que enfraquece as defesas de uma planta, abrindo a porta a doenças e infestações de pragas. Para a Silene coronaria, o maior fator de stresse é, sem dúvida, o excesso de água. Um solo constantemente encharcado não só priva as raízes de oxigénio, mas também cria o ambiente perfeito para a proliferação de fungos patogénicos do solo, que são responsáveis pelo problema mais fatal que esta planta pode enfrentar: o apodrecimento da coroa e das raízes.

Outros fatores de stresse incluem a falta de luz solar, que leva ao estiolamento e a um crescimento fraco, e a sobrelotação, que impede a circulação de ar e aumenta a humidade à volta da folhagem. Uma fertilização excessiva, especialmente com azoto, também pode ser prejudicial, produzindo tecidos tenros e suculentos que são um íman para insetos sugadores como os pulgões. Portanto, antes de recorrer a tratamentos químicos, avalia sempre as condições de cultivo. Muitas vezes, a solução para um problema de pragas ou doenças passa por corrigir um erro cultural.

A vigilância regular é outra ferramenta poderosa na prevenção. Ao inspecionar as tuas plantas frequentemente, poderás detetar os primeiros sinais de problemas, seja uma mancha numa folha ou a presença de alguns insetos. A deteção precoce permite uma ação imediata e muitas vezes mais simples e ecológica. A remoção manual de pragas ou de folhas doentes pode ser suficiente para controlar um problema antes que este se espalhe, evitando a necessidade de medidas mais drásticas. Esta abordagem proativa é a essência da gestão integrada de pragas e doenças.

As doenças mais comuns

O inimigo número um da Silene coronaria é, indiscutivelmente, o apodrecimento das raízes e da coroa (a base da planta ao nível do solo). Esta doença não é causada por um único patógeno, mas sim por um complexo de fungos do solo, como o Pythium, Phytophthora e Rhizoctonia, que prosperam em condições anaeróbicas, ou seja, em solos encharcados e mal drenados. Os sintomas acima do solo podem ser enganadores, incluindo o amarelecimento das folhas, a murcha e o colapso geral da planta, que podem ser confundidos com os de falta de água. No entanto, ao examinar a base da planta, a coroa parecerá mole, escura e apodrecida, e as raízes estarão igualmente escuras, moles e desfazem-se facilmente ao toque.

Infelizmente, uma vez que o apodrecimento da coroa e das raízes esteja avançado, a planta raramente pode ser salva. A prevenção é, portanto, a única estratégia eficaz. Tudo começa com a seleção do local e a preparação do solo. Escolhe um local com sol pleno e certifica-te de que o solo tem uma drenagem excecional. Se o teu solo é argiloso, a sua emenda com areia grossa e matéria orgânica é obrigatória. Plantar em canteiros elevados ou em encostas também ajuda a garantir que a água nunca se acumule à volta da base da planta. Rega profundamente, mas de forma infrequente, permitindo sempre que o solo seque completamente entre as regas.

Outra doença fúngica que pode ocasionalmente afetar a cravina-de-veludo é o oídio. Esta doença é facilmente identificável pela sua aparência característica de um revestimento pulverulento branco ou cinzento nas folhas, caules e, por vezes, nas flores. O oídio prospera em condições de alta humidade relativa, temperaturas moderadas e má circulação de ar. Embora raramente seja fatal, pode desfigurar a planta, reduzir a sua capacidade fotossintética e enfraquecê-la ao longo do tempo.

Para prevenir o oídio, assegura um espaçamento adequado entre as plantas para promover um bom fluxo de ar. Evita regar por cima, aplicando a água diretamente na base da planta para manter a folhagem seca. Se o oídio aparecer, remove e destrói as folhas mais afetadas para reduzir a carga de esporos. Em casos de infeção ligeira, pulverizações com soluções caseiras, como uma parte de leite para nove partes de água, ou com fungicidas à base de enxofre ou bicarbonato de potássio, podem ser eficazes. A aplicação deve ser feita de forma preventiva ou aos primeiros sinais da doença.

Os principais insetos e pragas

A Silene coronaria é geralmente evitada pela maioria dos herbívoros, como veados e coelhos, devido à sua folhagem aveludada, que não é particularmente palatável. No entanto, alguns invertebrados podem causar danos, especialmente nas plantas mais jovens e tenras. As lesmas e os caracóis são frequentemente os principais culpados, sendo atraídos pelas plântulas e pelos rebentos novos na primavera. A sua atividade é mais intensa durante a noite e em tempo húmido, e os sinais da sua presença são buracos irregulares nas folhas e rastos de muco prateado.

O controlo de lesmas e caracóis pode ser abordado de várias formas. A remoção manual ao anoitecer, com a ajuda de uma lanterna, é um método eficaz, embora trabalhoso. A criação de barreiras físicas à volta das plantas, como casca de ovo esmagada, cinzas de madeira ou terra de diatomáceas, pode dissuadi-los, pois não gostam de se mover sobre superfícies abrasivas. Armadilhas, como recipientes com cerveja enterrados ao nível do solo, também são eficazes para os atrair e afogar. Para infestações severas, existem iscos comerciais, sendo que as formulações à base de fosfato de ferro são mais seguras para animais de estimação e vida selvagem do que as que contêm metaldeído.

Os pulgões, também conhecidos como afídeos, são outra praga ocasional. Estes pequenos insetos sugadores de seiva tendem a reunir-se em colónias nos rebentos novos, nos botões florais e na parte inferior das folhas. Uma infestação de pulgões pode causar o enrolamento e a deformação das folhas, o enfraquecimento da planta e a secreção de uma substância pegajosa chamada “melada”, que pode, por sua vez, levar ao aparecimento de um fungo preto e fuliginoso. As plantas que foram excessivamente fertilizadas com azoto são particularmente vulneráveis a ataques de pulgões.

Felizmente, os pulgões têm muitos predadores naturais no jardim, como as joaninhas, os crisopídeos e as sirfídeos. A primeira linha de defesa é, portanto, incentivar a biodiversidade no teu jardim. Para um controlo direto, um jato forte de água de uma mangueira é muitas vezes suficiente para desalojar as colónias. Se o problema persistir, a aplicação de sabão inseticida ou de óleo de neem, que são opções de baixo impacto ambiental, é geralmente muito eficaz. É importante pulverizar bem toda a planta, incluindo a parte inferior das folhas, onde os pulgões gostam de se esconder.

Estratégias de prevenção e gestão integrada

A melhor abordagem para lidar com as doenças e pragas da cravina-de-veludo é a prevenção, enquadrada numa filosofia de gestão integrada de pragas (GIP). A GIP é uma estratégia holística que combina diferentes táticas para manter as populações de pragas e a incidência de doenças abaixo de níveis prejudiciais, com o menor impacto possível no ambiente. O primeiro e mais importante passo é a seleção do local e a preparação do solo. Ao dares à tua planta as condições de que ela necessita para ser forte, já ganhaste metade da batalha.

A promoção da biodiversidade no jardim é outro pilar da GIP. Ao plantar uma variedade de flores, arbustos e árvores, atrais uma vasta gama de insetos benéficos, aves e outros animais que atuam como predadores naturais das pragas. Por exemplo, plantar umbelíferas como o funcho ou o endro pode atrair vespas parasitoides que controlam as populações de pulgões. Ter uma pequena fonte de água pode atrair sapos, que são excelentes predadores de lesmas. Um jardim ecologicamente equilibrado é um jardim mais resiliente.

A rotação de culturas, embora mais associada a hortas, também tem o seu lugar num jardim ornamental. Evita plantar a mesma espécie no mesmo local ano após ano, especialmente se tiveres tido problemas com doenças do solo. A capacidade da Silene coronaria de se autosemear e aparecer em locais diferentes a cada ano é, na verdade, uma forma natural de rotação de culturas que ajuda a quebrar os ciclos de doenças. Se uma área do teu jardim parece estar a causar problemas recorrentes de apodrecimento das raízes, evita replantar aí espécies sensíveis durante alguns anos.

A utilização de produtos químicos deve ser sempre o último recurso. Se for necessário intervir, opta primeiro por soluções de baixo impacto e biológicas, como os sabões inseticidas, os óleos hortícolas (como o óleo de neem) ou produtos à base de Bacillus thuringiensis (Bt) para lagartas. Se tiveres de usar um pesticida ou fungicida sintético, lê atentamente o rótulo, utiliza-o de acordo com as instruções e aplica-o de forma localizada, apenas na planta afetada, para minimizar os danos a insetos benéficos e ao ecossistema do jardim em geral.

O que fazer no final da estação

A limpeza do jardim no final do outono é uma prática sanitária importante que pode reduzir significativamente a incidência de doenças e pragas no ano seguinte. Muitas pragas hibernam nos detritos vegetais e muitos esporos de fungos sobrevivem no material vegetal morto. Ao removeres a folhagem e os caules mortos da tua Silene coronaria e de outras plantas perenes, estás a eliminar potenciais abrigos e fontes de inóculo.

No entanto, há que encontrar um equilíbrio. Deixar alguma estrutura, como as hastes com as sementes, pode fornecer alimento e abrigo para a vida selvagem durante o inverno. Uma abordagem de compromisso é remover qualquer material vegetal que mostre sinais claros de doença (como o oídio) e descartá-lo no lixo, não na pilha de compostagem. O material vegetal saudável pode ser cortado e compostado, ou deixado no local, se preferires um aspeto de jardim mais naturalista durante o inverno.

A roseta basal de folhas da cravina-de-veludo geralmente permanece semi-persistente durante o inverno. É importante garantir que esta coroa não fique coberta por uma camada espessa de folhas húmidas caídas de árvores, pois isso pode reter humidade e promover o apodrecimento durante os períodos de degelo. Uma limpeza suave à volta da base da planta no outono, garantindo que a coroa permanece exposta ao ar, é uma boa medida preventiva.

Na primavera, antes que o novo crescimento comece com vigor, faz uma última limpeza, removendo qualquer folhagem de inverno que tenha ficado danificada ou morta. Esta “limpeza de primavera” abre espaço para os novos rebentos, melhora a circulação de ar desde o início da estação e dá-te a oportunidade de inspecionar a saúde da coroa da planta após o inverno. Ao adotar estas práticas de higiene e prevenção ao longo do ano, garantirás que as tuas cravinas-de-veludo permaneçam saudáveis, bonitas e livres de problemas graves.

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