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Doenças e pragas da cinerária marítima

Linden · 28.04.2025.

Uma das características mais apreciadas da cinerária marítima, para além da sua beleza inegável, é a sua robustez e resistência natural a problemas fitossanitários. A sua folhagem única, coberta por uma camada densa de pelos finos e prateados, não é apenas um deleite estético, mas também uma formidável linha de defesa. Esta camada aveludada torna as folhas menos apetecíveis para muitos insetos mastigadores e sugadores, e a sua composição química também pode dissuadir pragas. No entanto, como qualquer planta no jardim, ela não é completamente invulnerável. Certas condições, principalmente as relacionadas com o excesso de humidade e a má circulação de ar, podem quebrar as suas defesas e abrir a porta a algumas doenças fúngicas e, mais raramente, a ataques de pragas oportunistas.

O principal inimigo da cinerária marítima não é um inseto, mas sim as condições que favorecem o desenvolvimento de fungos. O excesso de água, seja por rega excessiva, má drenagem do solo ou chuvas prolongadas, é a causa raiz da maioria dos problemas que afetam esta planta. Quando as raízes ficam em solo encharcado, são privadas de oxigénio e começam a apodrecer, um processo causado por fungos patogénicos do solo como Pythium, Phytophthora e Rhizoctonia. A podridão radicular é uma doença devastadora e muitas vezes fatal, cujos sintomas (murcha, amarelecimento) podem ser confundidos com os da seca, levando o jardineiro a regar ainda mais e a agravar o problema.

A prevenção é, sem dúvida, a melhor e única estratégia eficaz contra a podridão radicular. Isto começa com a seleção de um local com solo bem drenado ou a emenda do solo para melhorar a sua porosidade. Utilizar substratos específicos para cactos e suculentas para o cultivo em vasos e garantir que estes têm furos de drenagem adequados é igualmente crucial. Adotar uma rotina de rega consciente, permitindo que o solo seque completamente entre as regas, é a prática cultural mais importante para manter as raízes saudáveis e fortes.

Outra doença fúngica que pode ocasionalmente aparecer, especialmente em condições de humidade elevada e pouca ventilação, é o oídio. Esta doença manifesta-se como manchas pulverulentas de cor branca ou cinzenta nas folhas e caules, que podem espalhar-se e cobrir grandes áreas da planta. Embora raramente seja fatal, o oídio pode enfraquecer a planta, reduzindo a fotossíntese e afetando a sua aparência. A melhor forma de prevenir o oídio é garantir um bom espaçamento entre as plantas para promover a circulação de ar e evitar molhar a folhagem durante a rega.

No que diz respeito a pragas, a lista de insetos que atacam a cinerária marítima é muito curta. A sua folhagem lanosa é uma barreira eficaz. No entanto, em raras ocasiões, especialmente se a planta estiver stressada ou se houver uma grande infestação em plantas vizinhas, alguns pulgões podem ser encontrados nos caules mais tenros ou na parte inferior das folhas. Lesmas e caracóis também podem, por vezes, mordiscar as folhas, principalmente em ambientes húmidos e sombreados. A vigilância regular é a chave para detetar qualquer problema precocemente.

Doenças fúngicas comuns

A podridão radicular é a ameaça mais séria para a cinerária marítima. Os sintomas acima do solo incluem murcha (mesmo com o solo húmido), amarelecimento das folhas inferiores, crescimento atrofiado e, eventualmente, o colapso de toda a planta. Se suspeitares de podridão radicular, podes remover cuidadosamente a planta do solo para examinar as raízes. Raízes saudáveis são firmes e brancas, enquanto as raízes podres são escuras, moles, pastosas e podem ter um cheiro desagradável. Infelizmente, uma vez que a infeção está avançada, há muito pouco que se possa fazer para salvar a planta. A melhor ação é removê-la e descartá-la para evitar a propagação dos fungos no solo.

O oídio, embora menos destrutivo, é mais visível. Desenvolve-se em condições de alta humidade e temperaturas moderadas, e pode ser exacerbado pela má circulação de ar. Para o controlar, o primeiro passo é podar e remover as partes da planta mais afetadas para reduzir a carga de esporos. Se a infeção for ligeira, melhorar a circulação de ar podando algumas folhas ou ramos pode ser suficiente. Para infeções mais persistentes, podem ser aplicados fungicidas. Opções orgânicas incluem o óleo de neem, o enxofre ou um spray caseiro de bicarbonato de sódio (uma colher de sopa de bicarbonato de sódio e uma colher de chá de sabão líquido num galão de água).

A podridão cinzenta, causada pelo fungo Botrytis cinerea, é outra doença que pode ocorrer em condições húmidas e frescas. Manifesta-se como manchas aquosas nas folhas, que rapidamente se cobrem com um crescimento fofo e cinzento de mofo. Esta doença ataca frequentemente tecidos danificados ou em senescência, como flores velhas ou folhas feridas. A remoção imediata de todas as partes infetadas da planta é crucial para prevenir a sua propagação. Tal como com outras doenças fúngicas, a chave para a prevenção é a melhoria da circulação de ar e evitar a humidade excessiva na folhagem.

A ferrugem, embora rara na cinerária marítima, pode por vezes ocorrer. Esta doença fúngica aparece como pequenas pústulas de cor laranja ou acastanhada na parte inferior das folhas. As folhas severamente infetadas podem amarelecer e cair prematuramente. Tal como acontece com outras doenças foliares, a remoção das folhas infetadas e a aplicação de um fungicida apropriado podem ajudar a controlar a sua propagação. A melhor defesa contra todas estas doenças fúngicas continua a ser a criação de um ambiente de crescimento que a planta adora e que os fungos detestam: muito sol, excelente drenagem e boa circulação de ar.

Pragas ocasionais e o seu controlo

Os pulgões são pequenos insetos sugadores que podem, em raras ocasiões, infestar a cinerária marítima, geralmente agrupando-se nas pontas de crescimento mais tenras. Eles alimentam-se da seiva da planta, o que pode causar deformação das folhas e abrandamento do crescimento. Além disso, excretam uma substância pegajosa chamada “melada”, que pode levar ao aparecimento de um mofo preto fuliginoso. Felizmente, os pulgões são fáceis de controlar. Um forte jato de água de uma mangueira pode desalojá-los fisicamente. Para infestações mais persistentes, a aplicação de um sabão inseticida ou de óleo de neem é muito eficaz e segura para o ambiente.

Lesmas e caracóis são moluscos que se alimentam à noite e prosperam em condições húmidas. Eles podem deixar buracos irregulares nas folhas e um rasto de muco prateado como cartão de visita. Embora a folhagem da cinerária marítima não seja a sua comida preferida, eles podem atacá-la se outras fontes de alimento forem escassas. O controlo pode ser feito manualmente, apanhando-os à noite com uma lanterna. Outras estratégias incluem a criação de barreiras com cascas de ovo esmagadas ou terra de diatomáceas à volta da base das plantas, ou a utilização de armadilhas de cerveja ou iscos comerciais para lesmas.

Os ácaros-aranha são pragas minúsculas que são difíceis de ver a olho nu, mas os seus danos são visíveis como pequenos pontos amarelos ou brancos nas folhas e, em casos graves, teias finas. Eles prosperam em condições quentes e secas e sugam os sucos das células das folhas. A cinerária marítima raramente é afetada, mas se outras plantas próximas estiverem infestadas, eles podem espalhar-se. Aumentar a humidade pulverizando a planta com água pode ajudar a dissuadi-los. Sabões inseticidas ou óleos hortícolas também são eficazes para o seu controlo.

Embora não sejam pragas no sentido tradicional, os animais do jardim, como coelhos ou veados, podem por vezes mordiscar as plantas. A boa notícia é que a cinerária marítima é geralmente considerada resistente a veados e coelhos. A sua folhagem aromática e aveludada não é particularmente atraente para eles, e geralmente a deixarão em paz, preferindo outras plantas mais saborosas no jardim. No entanto, animais muito famintos podem experimentar quase tudo, por isso, se tiveres uma grande população destes animais, a observação é sempre aconselhada.

Estratégias de prevenção integrada

A melhor abordagem para gerir doenças e pragas é a Prevenção Integrada de Pragas (PIP), uma estratégia holística que se foca na prevenção em vez de na reação. O primeiro e mais importante passo é escolher plantas saudáveis e vigorosas desde o início. Uma planta forte, cultivada nas suas condições ideais, tem um sistema imunitário muito mais robusto e é menos suscetível a problemas. Garante que forneces à tua cinerária marítima as condições que ela adora: sol pleno e solo excelentemente drenado.

A higiene do jardim é outra pedra angular da PIP. Remove regularmente folhas mortas ou doentes da planta e do solo circundante. Este material em decomposição pode abrigar esporos de fungos e ovos de pragas. Mantém a área livre de ervas daninhas, que podem competir por recursos e também hospedar pragas e doenças. Limpa as tuas ferramentas de poda com álcool ou uma solução de lixívia entre as plantas para evitar a transmissão de patógenos de uma planta doente para uma saudável.

Promove a biodiversidade no teu jardim para encorajar a presença de inimigos naturais das pragas. Plantar uma variedade de flores que atraem insetos benéficos, como joaninhas (que devoram pulgões), crisopas e vespas parasitoides, pode criar um ecossistema equilibrado onde as populações de pragas são mantidas sob controlo naturalmente. Evita o uso de pesticidas de largo espectro, que matam tanto os insetos maus como os bons, perturbando este equilíbrio delicado.

A monitorização regular é essencial. Reserva um tempo todas as semanas para inspecionar de perto as tuas plantas, olhando para a parte superior e inferior das folhas, os caules e a base da planta. Detetar um problema no seu início torna o seu controlo muito mais fácil e eficaz. Ao apanhar os primeiros sinais de oídio ou os primeiros pulgões, podes agir imediatamente com medidas de baixo impacto, evitando a necessidade de tratamentos químicos mais drásticos mais tarde.

Tratamentos e soluções de baixo impacto

Quando a intervenção é necessária, opta sempre primeiro pelas soluções menos tóxicas e de menor impacto ambiental. Muitas infestações de pragas podem ser resolvidas com métodos físicos ou mecânicos. Como mencionado, um jato de água forte é eficaz contra pulgões e ácaros-aranha. Apanhar manualmente lesmas e caracóis ou usar barreiras físicas são métodos eficazes e não tóxicos. A poda de partes da planta doentes é uma forma mecânica de controlar a propagação de doenças.

Os sabões inseticidas e os óleos hortícolas (como o óleo de neem) são excelentes opções de tratamento de baixo impacto. Estes produtos funcionam por contacto, sufocando insetos de corpo mole como pulgões e ácaros-aranha, mas têm pouco efeito residual e são geralmente seguros para insetos benéficos e para o ambiente quando usados corretamente. O óleo de neem também tem propriedades fungicidas, tornando-o útil para o controlo de doenças como o oídio. Lê e segue sempre as instruções do rótulo ao usar qualquer produto.

Para doenças fúngicas, os fungicidas à base de cobre ou enxofre são considerados orgânicos e podem ser eficazes, mas devem ser usados com moderação. Estes são fungicidas de largo espectro que podem ter impacto em fungos benéficos do solo se usados em excesso. Os biofungicidas, que contêm microrganismos benéficos que competem com os patógenos ou os atacam, são uma alternativa cada vez mais popular e amiga do ambiente.

Lembra-te que o objetivo não é criar um ambiente estéril, livre de qualquer inseto ou esporo de fungo, o que é impossível e indesejável. O objetivo é criar um jardim equilibrado e resiliente, onde as plantas saudáveis possam prosperar e as populações de pragas e doenças sejam mantidas em níveis que não causam danos significativos. Com as práticas culturais corretas, a cinerária marítima provará ser uma das plantas mais fáceis e livres de problemas do teu jardim.

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