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Doenças e pragas da alcachofra-de-jerusalém

Daria · 09.04.2025.

A alcachofra-de-jerusalém é amplamente reconhecida pela sua robustez e resistência, sendo frequentemente menos suscetível a problemas de doenças e pragas em comparação com muitas outras culturas de horta. No entanto, como qualquer planta, não está completamente imune. Estar ciente dos potenciais problemas que podem surgir e saber como os identificar e gerir de forma eficaz é uma parte importante de um cultivo bem-sucedido. A prevenção, através de boas práticas culturais como a rotação de culturas, o espaçamento adequado e a manutenção da saúde do solo, é sempre a primeira e mais eficaz linha de defesa contra a maioria das doenças e pragas.

Entre os problemas mais comuns que podem afetar a alcachofra-de-jerusalém está a esclerotinia, também conhecida como podridão branca ou mofo branco. Esta doença fúngica pode causar o apodrecimento do caule ao nível do solo e também pode afetar os tubérculos, causando lesões moles e aquosas que são posteriormente cobertas por um crescimento de mofo branco e denso. A doença é favorecida por condições húmidas e solos mal drenados. A rotação de culturas, evitando plantar alcachofras-de-jerusalém ou outras plantas suscetíveis (como girassóis, feijões ou alfaces) no mesmo local por vários anos, é crucial para quebrar o ciclo de vida do fungo.

Outra doença fúngica que pode aparecer, especialmente em condições de humidade elevada e má circulação de ar, é o oídio. Este manifesta-se como uma camada de pó branco ou cinzento na superfície das folhas, o que pode reduzir a capacidade da planta de realizar a fotossíntese. Embora raramente seja fatal, uma infeção severa pode enfraquecer a planta e reduzir a produção de tubérculos. Garantir um espaçamento adequado entre as plantas para promover um bom fluxo de ar é a melhor medida preventiva.

No que diz respeito às pragas, a alcachofra-de-jerusalém é geralmente pouco atrativa para muitos insetos. No entanto, os pulgões podem, por vezes, colonizar as pontas dos rebentos e a parte inferior das folhas, sugando a seiva e enfraquecendo a planta. Roedores como ratos, ratazanas e esquilos podem ser uma ameaça maior, pois são atraídos pelos tubérculos nutritivos e podem desenterrá-los e comê-los, especialmente durante o inverno. A vigilância e a implementação de medidas de controlo adequadas são essenciais para proteger a tua colheita destes visitantes indesejados.

Doenças fúngicas comuns

As doenças fúngicas são a ameaça mais provável para a saúde da alcachofra-de-jerusalém, prosperando tipicamente em condições de humidade prolongada e má circulação de ar. A podridão branca (Sclerotinia sclerotiorum) é uma das mais sérias. Os primeiros sintomas incluem o murchamento súbito de caules individuais ou de toda a planta. Numa inspeção mais atenta à base do caule, podes encontrar lesões húmidas e um crescimento de micélio branco e algodoado. Com o tempo, formam-se estruturas pretas e duras chamadas escleródios, que podem sobreviver no solo por muitos anos, tornando a rotação de culturas uma medida de controlo absolutamente essencial.

O oídio é outra doença fúngica que pode ser facilmente identificada pelas manchas pulverulentas de cor branco-acinzentada que se formam na superfície das folhas. Geralmente, aparece no final do verão ou no início do outono, quando os dias são quentes e as noites são frescas e húmidas. Para prevenir o oídio, evita molhar a folhagem durante a rega, aplicando a água diretamente na base da planta. Se a infeção ocorrer, a remoção das folhas afetadas e a aplicação de fungicidas orgânicos, como o enxofre ou o bicarbonato de potássio, podem ajudar a controlar a sua propagação.

A ferrugem, causada por vários fungos do género Puccinia, também pode afetar a alcachofra-de-jerusalém, embora seja menos comum. Esta doença manifesta-se como pequenas pústulas de cor laranja ou castanho-avermelhada na parte inferior das folhas. Uma infeção severa pode causar a desfoliação prematura, o que enfraquece a planta. Tal como com outras doenças fúngicas, a promoção de uma boa circulação de ar através de um espaçamento adequado é uma medida preventiva chave. A remoção e destruição de material vegetal infetado no final da estação também ajuda a reduzir a quantidade de inóculo para o ano seguinte.

A melhor defesa contra todas estas doenças fúngicas é a prevenção. Começa com a plantação de tubérculos certificados e livres de doenças num local com boa drenagem e exposição solar. Pratica a rotação de culturas, evitando plantar no mesmo local por pelo menos três a quatro anos. Mantém o jardim limpo, removendo detritos vegetais e ervas daninhas que podem abrigar os esporos dos fungos. Uma planta saudável e vigorosa, cultivada em boas condições, é naturalmente mais resistente a infeções.

Pragas de insetos

Embora a alcachofra-de-jerusalém seja relativamente resistente a insetos, algumas pragas podem ocasionalmente causar problemas. Os pulgões são talvez os mais comuns. Estes pequenos insetos sugadores de seiva reúnem-se em colónias nas pontas dos rebentos em crescimento e na parte inferior das folhas. Uma infestação severa pode causar o enrolamento e a deformação das folhas e abrandar o crescimento da planta. Para controlar os pulgões, podes tentar um jato forte de água para os desalojar ou introduzir predadores naturais como joaninhas e crisopas no teu jardim. Em casos mais graves, a aplicação de sabão inseticida pode ser eficaz.

As lesmas e os caracóis podem ser um problema, especialmente para as plantas jovens na primavera. Eles alimentam-se da folhagem tenra, deixando buracos irregulares nas folhas e rastos de muco prateado. O controlo pode ser feito manualmente, removendo-os à noite ou de manhã cedo, ou utilizando armadilhas, como recipientes com cerveja. A criação de barreiras com casca de ovo esmagada, cinzas ou terra de diatomáceas à volta da base das plantas também pode dissuadi-los.

A broca do caule do girassol (Zygogramma exclamationis) pode, por vezes, atacar a alcachofra-de-jerusalém, uma vez que pertence à mesma família. As larvas perfuram o interior dos caules, o que pode enfraquecê-los e torná-los mais suscetíveis a quebrar com o vento. A monitorização dos caules em busca de pequenos buracos de entrada ou de serradura é importante. A remoção e destruição de caules infestados é a melhor forma de controlo. A rotação de culturas e a limpeza do jardim no outono também ajudam a perturbar o ciclo de vida desta praga.

Em geral, a promoção de um ecossistema de jardim equilibrado e biodiverso é a melhor estratégia de controlo de pragas a longo prazo. Ao incentivar a presença de insetos benéficos, pássaros e outros predadores naturais, podes manter as populações de pragas sob controlo sem recorrer a pesticidas químicos. Plantar uma variedade de flores e ervas aromáticas perto das tuas alcachofras-de-jerusalém pode ajudar a atrair estes aliados valiosos para o teu jardim.

Roedores e outros animais

Os roedores representam frequentemente uma ameaça maior para a colheita de alcachofra-de-jerusalém do que os insetos. Ratos-do-campo, ratazanas e outros roedores escavadores são atraídos pelos tubérculos nutritivos e podem causar danos significativos, especialmente no outono e inverno, quando outras fontes de alimento são escassas. Eles podem cavar túneis até aos tubérculos e consumi-los diretamente no solo, muitas vezes deixando poucos vestígios visíveis à superfície até à altura da colheita, quando descobres que a tua produção desapareceu.

A deteção da atividade de roedores pode ser feita através da observação de buracos de entrada no solo, túneis superficiais ou plantas que murcham subitamente porque as suas raízes e tubérculos foram roídos. O controlo pode ser desafiador. A utilização de armadilhas, colocadas estrategicamente perto das áreas de atividade, é uma opção. Para uma abordagem menos letal, alguns jardineiros relatam sucesso com o uso de repelentes comerciais ou caseiros, ou com a plantação de plantas que se acredita repelirem roedores, como a fritilária-coroa-imperial.

Cervos e coelhos também podem ser um problema, especialmente quando as plantas são jovens e tenras. Eles podem pastar a folhagem, o que pode abrandar o crescimento e reduzir o vigor da planta. A forma mais eficaz de proteção contra estes animais maiores é a exclusão física através de cercas. Uma cerca com pelo menos 1,2 metros de altura para coelhos e 2,4 metros para cervos é geralmente necessária para ser eficaz. A utilização de repelentes em spray também pode oferecer alguma proteção temporária.

Se os roedores forem um problema persistente na tua área, considera colher os teus tubérculos no final do outono em vez de os deixares no solo durante o inverno. Embora o armazenamento no solo seja conveniente, colher e armazenar os tubérculos num local seguro e à prova de roedores, como uma cave ou uma garagem, garante que serás tu a desfrutar do fruto do teu trabalho, e não a vida selvagem local. Esta é a estratégia mais segura para proteger a tua colheita.

Estratégias de prevenção e boas práticas

A prevenção é, sem dúvida, a estratégia mais eficaz e sustentável para gerir doenças e pragas na alcachofra-de-jerusalém. A base de qualquer bom plano de prevenção é a promoção da saúde do solo. Um solo biologicamente ativo, rico em matéria orgânica e bem drenado, promove o desenvolvimento de plantas fortes e vigorosas, que são naturalmente mais capazes de resistir a ataques de pragas e infeções de doenças. Evita a compactação do solo e fertiliza com composto em vez de depender exclusivamente de fertilizantes sintéticos.

A rotação de culturas é uma prática fundamental, especialmente para prevenir a acumulação de patógenos específicos do solo, como o fungo que causa a podridão branca. Evita plantar alcachofras-de-jerusalém ou outras plantas da família Asteraceae (como girassóis ou alfaces) no mesmo local por um período de três a quatro anos. Esta prática simples perturba o ciclo de vida de muitas doenças e pragas, reduzindo a sua população no solo e a probabilidade de infeções futuras.

O saneamento do jardim é outra prática crucial. No final da estação, remove e destrói (não coloques na compostagem, a menos que tenhas um sistema de compostagem quente) todo o material vegetal doente. A remoção dos caules e folhas mortos no outono reduz os locais onde as pragas podem hibernar e os esporos de fungos podem sobreviver durante o inverno. Manter a área livre de ervas daninhas também é importante, pois muitas delas podem servir de hospedeiras alternativas para pragas e doenças.

Finalmente, garante um bom espaçamento entre as plantas. Plantar as alcachofras-de-jerusalém com espaço suficiente entre elas (cerca de 30-45 cm entre plantas e 75-90 cm entre filas) permite uma boa circulação de ar à volta da folhagem. Este fluxo de ar ajuda as folhas a secarem rapidamente após a chuva ou a rega, o que cria um ambiente menos favorável para o desenvolvimento de doenças fúngicas como o oídio. Estas boas práticas culturais, combinadas, criam uma defesa robusta e integrada contra a maioria dos problemas.

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