A poda da bananeira japonesa é um tópico que pode gerar alguma confusão, pois, ao contrário de muitas árvores e arbustos, ela não requer uma poda de formação ou de frutificação no sentido tradicional. No entanto, o corte e a remoção de certas partes da planta em momentos específicos são práticas de manutenção cruciais para a sua saúde, estética e vigor. Estas intervenções de poda concentram-se principalmente na remoção de folhagem danificada, na gestão dos rebentos e na preparação da planta para o inverno. Compreender quando e como realizar estes cortes é essencial para manter a tua bananeira japonesa com um aspeto impecável e para garantir a sua sobrevivência a longo prazo.
A forma mais comum e regular de poda na bananeira japonesa é a remoção da folhagem velha ou danificada. Ao longo da estação de crescimento, é perfeitamente natural que as folhas mais baixas e mais velhas comecem a amarelecer, a secar e a morrer. Deixar estas folhas na planta pode dar-lhe um aspeto desleixado e, mais importante, o material vegetal em decomposição pode tornar-se um foco para doenças fúngicas e um esconderijo para pragas. A remoção destas folhas melhora a circulação de ar e a higiene geral à volta da planta.
Para remover uma folha senescente, utiliza uma faca afiada e limpa ou uma tesoura de poda. Segue o pecíolo (o caule da folha) até ao ponto onde ele se junta ao pseudocaule principal e faz um corte limpo. Tenta cortar o mais perto possível do pseudocaule sem o danificar. Esta prática de “limpeza” pode ser feita a qualquer momento durante a estação de crescimento, sempre que notares que uma folha está a declinar.
As folhas também podem ser danificadas por outros fatores, como o vento forte, que as rasga, ou o granizo. As folhas naturalmente rasgadas pelo vento não são prejudiciais para a saúde da planta e não precisam necessariamente de ser removidas. Este rasgar é uma adaptação que impede que as folhas grandes atuem como velas e derrubem a planta. No entanto, se o aspeto das folhas rasgadas te incomodar, ou se uma folha estiver severamente danificada e partida, podes optar por removê-la para melhorar a estética da planta.
É importante usar sempre ferramentas de corte limpas e esterilizadas, especialmente se estiveres a podar várias plantas. Limpar as lâminas com álcool ou uma solução de lixívia diluída entre as plantas ajuda a prevenir a propagação de potenciais doenças. Embora a bananeira japonesa seja robusta, esta é uma boa prática de jardinagem que deve ser sempre seguida.
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A poda de preparação para o inverno
A poda mais drástica e importante para a bananeira japonesa é a que se realiza no outono, como parte da sua preparação para o inverno. Esta poda não tem como objetivo modelar a planta, mas sim prepará-la para ser protegida do frio. Esta intervenção é crucial para a sua sobrevivência em climas com invernos rigorosos, pois a parte que precisa de ser protegida é o rizoma subterrâneo e a base do pseudocaule.
Esta poda deve ser realizada após a primeira geada leve ter danificado a folhagem, o que serve como um sinal natural para iniciar o processo de invernada. Começa por cortar todas as folhas, danificadas ou não, na base dos seus pecíolos, junto ao pseudocaule. Após a remoção de toda a folhagem, ficas apenas com o “tronco” vertical, que é o pseudocaule.
O passo seguinte é cortar o próprio pseudocaule. A altura a que o deves cortar pode variar, mas uma boa regra geral é deixá-lo com cerca de 60 a 100 centímetros de altura. Um pseudocaule mais curto é muito mais fácil de cobrir e proteger eficazmente com “mulch” e outros materiais isolantes. O corte deve ser feito na diagonal, com uma inclinação de cerca de 45 graus. Este corte em ângulo é importante para evitar que a água da chuva ou da neve se acumule no topo do corte e se infiltre no centro do pseudocaule, o que poderia levar ao apodrecimento durante o inverno.
Todo o material vegetal removido, incluindo as folhas e a parte superior do pseudocaule, deve ser compostado ou descartado. Não o deixes no chão à volta da planta, pois pode abrigar doenças ou pragas. Após esta poda drástica, a planta está pronta para a aplicação da sua proteção de inverno, como uma espessa camada de “mulch” ou uma estrutura de proteção preenchida com palha.
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A poda de limpeza na primavera
Após sobreviver ao inverno, a bananeira japonesa requer outra poda importante na primavera, que pode ser descrita como uma poda de limpeza e avaliação. Esta poda é realizada depois de a proteção de inverno ter sido removida e o perigo de geadas fortes ter passado. O objetivo é remover qualquer tecido que tenha sido danificado pelo frio e pela humidade durante o inverno e preparar a planta para o novo ciclo de crescimento.
Depois de remover a cobertura de “mulch”, irás encontrar o resto do pseudocaule que deixaste no outono. Examina-o cuidadosamente. É muito provável, e perfeitamente normal, que a parte superior esteja mole, descolorada (geralmente acastanhada ou preta) e possivelmente malcheirosa. Este tecido está morto e precisa de ser removido, pois pode tornar-se uma porta de entrada para doenças.
Utilizando uma faca afiada, começa a cortar o pseudocaule em secções horizontais, descendo alguns centímetros de cada vez. Continua a cortar até chegares a tecido firme, saudável e de cor clara (geralmente branco-creme ou verde-pálido). Não hesites em cortar tanto quanto for necessário. Em alguns casos, especialmente após um inverno rigoroso, poderás ter de cortar o pseudocaule até ao nível do solo. Isto não é um problema, pois o mais importante é que o rizoma subterrâneo esteja vivo, e é dele que emergirá o novo crescimento.
Esta poda de limpeza na primavera é vital porque remove o tecido em decomposição e estimula a planta a direcionar a sua energia para a produção de novos rebentos a partir do rizoma. Uma vez que o tecido danificado é removido, a planta está pronta para começar o seu ciclo de crescimento explosivo, assim que as temperaturas do solo e do ar começarem a aquecer.
A gestão dos rebentos (desbaste)
A bananeira japonesa é uma planta que se espalha através de rizomas, produzindo novos rebentos, ou “filhotes”, à volta da base da planta principal. Se não forem controlados, estes rebentos podem formar um grande e denso aglomerado de plantas. Embora um grande maciço possa ser visualmente impressionante, uma densidade excessiva pode levar à competição por luz, água e nutrientes, resultando em pseudocaules mais finos e folhas mais pequenas para todas as plantas do aglomerado.
A gestão destes rebentos através do desbaste pode ser considerada uma forma de poda. O objetivo é manter um número selecionado de pseudocaules principais para incentivar um crescimento mais forte e vigoroso nesses caules. Ao remover o excesso de rebentos, estás a direcionar a energia do sistema de rizomas para os caules que decides manter, permitindo-lhes atingir um tamanho maior e mais impressionante.
O desbaste pode ser feito a qualquer momento durante a estação de crescimento. Podes simplesmente cortar os rebentos indesejados ao nível do solo com uma faca ou tesoura de poda. No entanto, eles provavelmente voltarão a crescer a partir do rizoma. Um método mais permanente é usar uma pá afiada para cortar o rebento abaixo da linha do solo, removendo também a sua ligação ao rizoma principal.
Alternativamente, em vez de simplesmente descartar os rebentos, podes usá-los para propagar novas plantas. Como detalhado nas técnicas de propagação, os rebentos que atingiram um tamanho razoável podem ser cuidadosamente separados da planta-mãe com uma porção das suas próprias raízes e rizoma, e depois plantados noutro local. Esta é uma excelente forma de gerir o tamanho do teu aglomerado e, ao mesmo tempo, expandir a tua coleção ou partilhar com outros entusiastas de jardinagem.
A poda de floração e frutificação
A floração e a frutificação da bananeira japonesa são eventos raros em climas mais frios, pois a planta requer uma longa estação de crescimento ininterrupta para atingir a maturidade necessária. O pseudocaule principal precisa de sobreviver a um ou mais invernos intacto, o que é difícil de conseguir na maioria das regiões temperadas onde a planta é cortada anualmente. No entanto, em climas mais amenos ou se o pseudocaule for protegido com sucesso, a floração pode ocorrer.
Após a floração e a produção de frutos (que são pequenos e não comestíveis), o pseudocaule que produziu a flor irá morrer naturalmente. Este é o ciclo de vida normal de uma bananeira; cada pseudocaule é monocárpico, o que significa que floresce e frutifica apenas uma vez antes de morrer. Quando isto acontece, o pseudocaule moribundo deve ser completamente cortado ao nível do solo.
Esta poda após a frutificação é essencial por várias razões. Primeiro, remove o material vegetal em decomposição, mantendo o aspeto arrumado do aglomerado. Segundo, e mais importante, permite que a luz e os recursos cheguem aos rebentos circundantes, que são a próxima geração de caules. A energia do rizoma será então direcionada para o crescimento destes novos rebentos, garantindo a continuidade do aglomerado.
Mesmo que a tua planta nunca chegue a florir, compreender este processo é útil. A remoção de um pseudocaule velho e moribundo é o mesmo princípio que se aplica à poda de limpeza de primavera ou à remoção de um caule danificado. O objetivo é sempre remover o tecido não produtivo para dar lugar a um novo crescimento saudável e vigoroso vindo da base da planta, que é o seu coração resiliente.