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A invernada do pinheiro-de-casquinha

Daria · 01.07.2025.

O pinheiro-de-casquinha é uma conífera excecionalmente resistente, perfeitamente adaptada para suportar as condições rigorosas do inverno em grande parte da sua vasta área de distribuição natural. A sua capacidade de entrar em dormência, juntamente com as adaptações fisiológicas das suas agulhas e casca, permite-lhe enfrentar temperaturas de congelação, neve e ventos gelados. No entanto, especialmente para as árvores jovens ou aquelas plantadas em condições de jardim menos ideais, a compreensão dos desafios específicos do inverno e a implementação de algumas medidas de proteção podem garantir que emergem na primavera saudáveis, vigorosas e prontas para um novo ciclo de crescimento. Preparar adequadamente estas árvores para a estação fria é um investimento na sua saúde e longevidade.

Adaptações naturais ao frio

O pinheiro-de-casquinha possui um conjunto notável de adaptações naturais que lhe permitem sobreviver e prosperar em climas frios. Uma das adaptações mais importantes é a sua capacidade de entrar num estado de dormência durante o outono, à medida que os dias ficam mais curtos e as temperaturas descem. Durante a dormência, o metabolismo da árvore abranda drasticamente, conservando energia para sobreviver aos meses de inverno, quando a fotossíntese é limitada e a água no solo pode estar congelada e indisponível.

As agulhas do pinheiro também estão especialmente concebidas para o inverno. A sua forma fina e a sua cobertura cerosa (cutícula) ajudam a minimizar a perda de água devido aos ventos secos de inverno, um fenómeno conhecido como dessecação. Além disso, durante o outono, as células das agulhas passam por um processo de aclimatação ao frio, no qual aumentam a concentração de açúcares e outras substâncias no seu citoplasma. Estes compostos atuam como um anticongelante natural, protegendo as células dos danos causados pela formação de cristais de gelo.

A casca espessa e escamosa do pinheiro-de-casquinha oferece uma excelente proteção para o tecido vascular sensível (câmbio) que se encontra por baixo. Esta camada isolante protege o tronco e os ramos principais das flutuações extremas de temperatura e das queimaduras solares de inverno, que podem ocorrer quando o sol aquece a casca durante o dia, seguido por um congelamento rápido à noite, causando a sua fissuração. A distinta casca laranja-avermelhada na parte superior da árvore e a casca mais espessa e cinzenta na base contribuem para a sua resiliência.

O sistema radicular, embora menos exposto, também se adapta ao inverno. As raízes permanecem ativas a temperaturas do solo mais baixas do que a parte aérea da árvore, continuando a absorver água enquanto o solo não estiver congelado. A dormência da parte aérea reduz a procura de água, permitindo que as raízes suportem a árvore com a humidade limitada que conseguem obter. Esta combinação de dormência, proteção celular e isolamento físico permite que o pinheiro-de-casquinha enfrente os desafios do inverno com sucesso.

Proteção de árvores jovens

Enquanto os pinheiros-de-casquinha maduros são extremamente resistentes ao inverno, os espécimes jovens e recém-plantados são mais vulneráveis e podem beneficiar de proteção adicional durante os seus primeiros invernos. O seu sistema radicular ainda não está totalmente desenvolvido, o que os torna mais suscetíveis à dessecação e ao levantamento pelo gelo. Além disso, a sua casca fina oferece menos isolamento contra o frio extremo e as queimaduras solares.

Uma das medidas de proteção mais importantes para as árvores jovens é a aplicação de uma camada generosa de cobertura morta (mulch) orgânica à volta da sua base no final do outono. Uma camada de 10 a 15 centímetros de aparas de madeira, casca de pinheiro ou palha, aplicada após as primeiras geadas mas antes de o solo congelar profundamente, ajuda a isolar o solo. Isto modera as flutuações de temperatura, protege as raízes do congelamento profundo e ajuda a conservar a humidade do solo, reduzindo o risco de levantamento pelo gelo.

Para proteger a casca fina das árvores jovens das queimaduras solares de inverno e dos danos causados por roedores, como coelhos e ratazanas, que podem roer a casca quando outras fontes de alimento são escassas, pode ser útil usar um protetor de tronco. Estes protetores, que podem ser feitos de plástico ou papel kraft, são enrolados frouxamente à volta da base do tronco. Devem ser instalados no final do outono e removidos na primavera para permitir que a casca respire e cresça sem restrições.

Em áreas com queda de neve intensa e pesada, os ramos das árvores jovens podem ser propensos a quebrar sob o peso da neve. Se isto for uma preocupação, podes amarrar frouxamente os ramos na vertical com um cordel de juta ou pano macio. Isto cria um perfil mais cónico e ajuda a neve a deslizar em vez de se acumular. É crucial remover estas amarras no início da primavera para não restringir o novo crescimento.

Dessecação de inverno e rega

A dessecação de inverno é um dos maiores perigos para as coníferas durante a estação fria. Ocorre quando os ventos secos de inverno retiram a humidade das agulhas num processo contínuo de transpiração, enquanto o solo está congelado, impedindo que as raízes absorvam água para repor a que foi perdida. Isto resulta no acastanhamento e na morte das agulhas, um dano que muitas vezes só se torna evidente na primavera. As árvores jovens e as plantadas em locais expostos e ventosos são as mais suscetíveis.

A chave para prevenir a dessecação de inverno é garantir que a árvore entra no período de dormência totalmente hidratada. Se o outono for seco, é crucial fornecer regas profundas e suplementares ao teu pinheiro-de-casquinha até o solo congelar. Uma rega final e abundante no final do outono, após a queda das folhas das árvores de folha caduca, pode criar um reservatório de humidade no solo que as raízes podem aceder durante os períodos de descongelação no inverno.

A aplicação de uma camada espessa de cobertura morta (mulch) também desempenha um papel vital na prevenção da dessecação. Ao isolar o solo, a cobertura morta retarda o congelamento no outono e incentiva o descongelamento mais cedo na primavera, aumentando o período em que as raízes podem absorver água. A cobertura morta também reduz a perda de humidade do solo por evaporação, mesmo durante o inverno.

Para árvores particularmente vulneráveis plantadas em locais muito ventosos, a criação de uma barreira de vento temporária pode ser uma medida eficaz. Isto pode ser conseguido envolvendo a árvore frouxamente com estopa ou um tecido de proteção para plantas, preso a estacas colocadas à volta da árvore. A barreira deve ser erguida no lado do vento predominante para desviar o vento, mas não deve tocar na folhagem. Esta proteção deve ser removida na primavera, assim que o risco de ventos fortes de inverno passar.

Danos por neve e gelo

A acumulação de neve e gelo pesados pode representar uma ameaça estrutural para o pinheiro-de-casquinha, especialmente para as suas variedades com múltiplos troncos ou ramos longos e horizontais. O peso da neve húmida ou do gelo pode fazer com que os ramos se dobrem excessivamente e, por fim, quebrem, causando danos significativos à forma e à saúde da árvore. Embora a estrutura do pinheiro-de-casquinha seja geralmente bem adaptada para suportar cargas de neve, certas condições podem aumentar o risco.

Após uma forte queda de neve, é tentador sacudir a neve dos ramos para aliviar o peso. No entanto, isto deve ser feito com extremo cuidado. Se a neve for leve e fofa, pode ser removida suavemente com uma vassoura, empurrando os ramos para cima a partir de baixo. Nunca se deve puxar os ramos para baixo ou usar uma ferramenta dura, pois os ramos estão mais frágeis quando estão frios e podem quebrar facilmente.

Se os ramos estiverem cobertos por gelo após uma chuva gelada, a melhor abordagem é não fazer nada. O gelo adere firmemente aos ramos, e qualquer tentativa de o remover irá provavelmente causar mais danos do que benefícios, resultando na quebra de ramos e rebentos. A maioria das árvores é suficientemente flexível para suportar o peso do gelo e é melhor deixar que este derreta naturalmente com o aumento das temperaturas.

Se ocorrerem danos e um ramo se partir, a poda de reparação deve ser feita o mais depressa possível para criar um corte limpo que cicatrize adequadamente. Se o ramo estiver apenas parcialmente partido, pode ser necessário removê-lo completamente. Usa uma serra de poda afiada para cortar o ramo danificado junto ao tronco ou a um ramo principal, tendo o cuidado de não danificar o colarinho do ramo. Cortes limpos e adequados ajudam a prevenir a entrada de doenças e insetos na ferida.

📷  Arnstein RønningCC BY 3.0, via Wikimedia Commons

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