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Poda e desbaste do caqui asiático

Daria · 10.04.2025.

A poda e o desbaste são intervenções hortícolas essenciais que desempenham um papel crucial na gestão da saúde, vigor e produtividade da árvore de caqui asiático. Embora possa parecer contra-intuitivo remover partes de uma árvore que se deseja que cresça e produza, estas práticas, quando realizadas corretamente e no momento certo, são fundamentais para direcionar a energia da planta, moldar a sua estrutura, melhorar a qualidade dos frutos e prevenir problemas de doenças. Dominar as técnicas de poda e desbaste permite ao cultivador trabalhar em parceria com a árvore, otimizando o seu potencial natural para produzir colheitas de alta qualidade de forma consistente.

A poda do caqui asiático serve múltiplos propósitos interligados. Em primeiro lugar, estabelece e mantém uma estrutura de ramos forte e equilibrada, capaz de suportar o peso de uma colheita abundante sem quebrar. Em segundo lugar, melhora a penetração da luz solar e a circulação de ar no interior da copa, o que é vital não só para a maturação e qualidade dos frutos, mas também para a prevenção de doenças fúngicas. Por fim, a poda remove madeira morta, doente ou improdutiva, e pode ser usada para controlar o tamanho da árvore, facilitando tarefas como a pulverização e a colheita.

O melhor momento para a poda principal do caqui asiático é durante o seu período de dormência, no final do inverno ou no início da primavera, antes do início da brotação. Podar durante esta fase minimiza o stress para a árvore, pois a sua atividade metabólica está no mínimo. Além disso, a ausência de folhas permite uma visão clara da arquitetura dos ramos, facilitando a identificação dos cortes necessários para moldar a árvore e remover a madeira indesejada.

É importante utilizar ferramentas de poda adequadas, como tesouras de poda, serras de poda e tesourões, que devem estar sempre limpas e bem afiadas. Ferramentas afiadas fazem cortes limpos que cicatrizam mais rapidamente, enquanto ferramentas limpas, desinfetadas com álcool ou uma solução de lixívia, ajudam a prevenir a transmissão de doenças de uma planta para outra. A técnica de corte também é importante; os cortes devem ser feitos ligeiramente acima de um gomo virado para fora ou junto ao colar do ramo, sem deixar tocos, que podem apodrecer e atrair pragas.

Objetivos e princípios da poda

A poda do caqui asiático, como a de qualquer árvore de fruto, é guiada por um conjunto de objetivos claros. O primeiro e mais fundamental objetivo, especialmente em árvores jovens, é a formação de uma estrutura sólida. Isto envolve a seleção e o desenvolvimento de um esqueleto de ramos principais bem distribuídos e com ângulos de inserção fortes no tronco. Uma estrutura bem formada na juventude é a base para uma árvore produtiva e de longa vida, que será menos propensa a quebras de ramos sob o peso dos frutos ou sob a força de ventos fortes.

Um segundo objetivo crucial é a manutenção da produtividade. O caqui asiático produz frutos nos ramos que crescem na estação corrente. A poda de desbaste, que remove alguma da madeira mais velha, estimula a árvore a produzir novos rebentos, garantindo um fornecimento contínuo de madeira frutífera. Além disso, ao abrir a copa à luz, a poda garante que os gomos florais se formam em maior número e que os frutos resultantes recebem a energia necessária para se desenvolverem adequadamente.

A sanidade da árvore é outro objetivo primordial. A poda é a principal ferramenta para remover ramos mortos, doentes ou danificados, que podem servir como fonte de infeção ou infestação. Ao eliminar estes ramos, remove-se o habitat de patógenos e pragas. A melhoria da circulação de ar resultante da poda de desbaste também cria um ambiente menos favorável ao desenvolvimento de doenças fúngicas, que prosperam em condições de humidade e estagnação de ar.

Finalmente, a poda é utilizada para controlar o tamanho e a forma da árvore, o que é conhecido como poda de contenção. Manter a árvore a uma altura e largura manejáveis facilita enormemente todas as operações de cultivo, desde a aplicação de tratamentos fitossanitários até, e mais importante, a colheita dos frutos. Uma árvore mais pequena e compacta é geralmente mais eficiente, concentrando os seus recursos numa área menor e produzindo frutos de fácil acesso.

Poda de formação em árvores jovens

A poda durante os primeiros anos de vida da árvore é crítica, pois é nesta fase que a sua estrutura fundamental é estabelecida. O objetivo não é a produção de frutos, mas sim a criação de um “esqueleto” forte. Um dos sistemas de formação mais recomendados para o caqui é o de líder central modificado. Este sistema promove um tronco principal forte no centro da árvore, com vários “andares” de ramos principais (pernadas) bem espaçados em espiral à volta do tronco.

No momento do plantio, uma árvore de vara única pode ser cortada a uma altura de cerca de 80 a 90 centímetros do solo para incentivar a ramificação lateral. Durante a primeira estação de dormência, selecionam-se três a cinco dos ramos mais fortes e bem posicionados para formar o primeiro andar de pernadas. Estes ramos devem ter um bom espaçamento vertical e radial à volta do tronco e devem ser encurtados para cerca de metade do seu comprimento para promover a ramificação secundária. Todos os outros ramos, especialmente os que têm ângulos de inserção fracos (muito verticais), devem ser removidos.

Nos anos seguintes, o processo continua, selecionando-se um segundo andar de pernadas a cerca de 60 a 80 centímetros acima do primeiro, novamente com bom espaçamento. O líder central é mantido até que a árvore atinja a altura desejada, momento em que pode ser cortado para um ramo lateral, “modificando” assim o líder e limitando o crescimento vertical da árvore. Durante todo este processo de formação, é importante remover quaisquer ramos que cresçam para o interior da copa, ramos que se cruzem e rebentos que surjam do porta-enxerto, abaixo do ponto de enxertia.

Esta poda de formação, embora possa parecer drástica, é um investimento no futuro da árvore. Ao sacrificar alguma produção inicial de frutos em favor do desenvolvimento de uma estrutura forte, garante-se que a árvore será capaz de suportar colheitas pesadas durante muitos anos sem sofrer danos estruturais. Uma árvore bem formada é mais fácil de manter, mais saudável e, a longo prazo, mais produtiva.

Poda de manutenção em árvores maduras

Uma vez que a árvore de caqui atingiu a maturidade e a sua estrutura principal está estabelecida, o foco da poda muda da formação para a manutenção. A poda de manutenção é realizada anualmente durante a dormência e é geralmente menos severa do que a poda de formação. O seu principal objetivo é manter a árvore saudável, produtiva e dentro dos limites de tamanho desejados.

A primeira tarefa em cada sessão de poda de manutenção é a poda sanitária. Isto envolve uma inspeção cuidadosa da árvore e a remoção de todos os ramos mortos, doentes ou danificados. Estes devem ser cortados até ao tecido saudável ou removidos completamente no ponto de origem. Esta é a etapa mais importante para a prevenção de doenças.

A seguir, realiza-se a poda de desbaste. O objetivo é abrir a copa para melhorar a penetração da luz e a circulação de ar. Isto é conseguido através da remoção de ramos que congestionam o interior da árvore. Devem ser removidos ramos que se cruzam ou roçam, ramos que crescem para baixo ou para o centro da copa e alguns dos ramos mais velhos e menos produtivos para dar espaço a novos rebentos frutíferos. O objetivo é criar um equilíbrio entre a madeira velha e a nova.

Finalmente, realiza-se a poda de contenção para controlar o tamanho. Isto pode envolver o encurtamento dos ramos mais longos, cortando-os para um ramo lateral que esteja a crescer na direção desejada. Também se devem remover os “ramos ladrões”, que são rebentos muito vigorosos e verticais que crescem a partir dos ramos principais e que consomem muita energia sem produzir frutos, além de sombrearem o interior da copa. É importante evitar uma poda excessiva numa árvore madura, pois isso pode estimular um crescimento vegetativo excessivo em detrimento da produção de frutos.

A importância do desbaste de frutos

O desbaste, ou monda de frutos, é uma prática complementar à poda que se foca na gestão da carga de frutos da árvore. O caqui asiático tem uma tendência natural para produzir um número muito elevado de flores e, consequentemente, de frutos. Se todos estes frutos forem deixados a desenvolver, a árvore pode não ter recursos suficientes para os levar todos a um tamanho e qualidade ótimos. O resultado é uma colheita de muitos frutos pequenos, de qualidade inferior, e um stress nutricional e hídrico para a árvore.

O desbaste de frutos consiste na remoção manual de uma parte dos frutos jovens quando estes atingem o tamanho de uma cereja ou de uma pequena noz. O objetivo é reduzir a competição entre os frutos restantes por água, nutrientes e hidratos de carbono. Ao fazer isto, os frutos que permanecem na árvore têm a oportunidade de crescer mais, desenvolver melhor cor e acumular mais açúcares, resultando numa colheita de maior qualidade geral.

Além de melhorar a qualidade dos frutos, o desbaste tem outros benefícios importantes. Reduz o peso total sobre os ramos, prevenindo a quebra de ramos, um problema comum em anos de colheita muito abundante. Mais importante ainda, o desbaste ajuda a prevenir o fenómeno da produção alternada. A produção alternada é a tendência de uma árvore para produzir uma colheita muito pesada num ano, seguida de uma colheita muito leve ou nula no ano seguinte. Ao reduzir a carga de frutos num ano de “alta”, o desbaste permite que a árvore tenha energia suficiente para formar gomos florais para a colheita do ano seguinte, promovendo uma produção mais regular e consistente.

A quantidade de frutos a remover depende da carga inicial e do vigor da árvore, mas uma regra geral é deixar um a dois frutos por cada 15 a 20 centímetros de ramo. Os frutos mais pequenos, mal formados ou danificados devem ser os primeiros a ser removidos, deixando os maiores e mais saudáveis. Embora seja um trabalho intensivo, os benefícios do desbaste de frutos em termos de qualidade da colheita e saúde da árvore a longo prazo tornam-no uma prática altamente recomendável.

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