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Doenças e pragas do caqui asiático

Daria · 29.08.2025.

Apesar de o caqui asiático ser geralmente considerado uma árvore de fruto robusta e relativamente livre de problemas, não está imune a uma variedade de doenças e pragas que podem afetar a sua saúde e produtividade. Um manejo proativo e integrado é a chave para manter a árvore vigorosa e as colheitas abundantes. Isto envolve a criação de um ambiente de cultivo saudável que desfavoreça o desenvolvimento de patógenos e pragas, a monitorização regular da árvore para a deteção precoce de problemas e a aplicação de medidas de controlo apropriadas e, sempre que possível, de baixo impacto ambiental. O conhecimento das ameaças mais comuns é o primeiro passo para uma proteção eficaz.

A prevenção é a linha de defesa mais importante contra doenças e pragas. Muitas questões podem ser evitadas através da aplicação de boas práticas culturais desde o início. Isto inclui a escolha de um local de plantio com boa drenagem e circulação de ar, a seleção de variedades resistentes a doenças conhecidas na região e a compra de mudas saudáveis de viveiros de confiança. A manutenção de uma nutrição equilibrada, evitando o excesso de azoto, e uma irrigação adequada, que evite tanto o encharcamento como o stress hídrico, contribuem para uma árvore forte e mais capaz de resistir a ataques.

A sanidade do pomar é outra componente crucial da prevenção. A remoção e destruição de frutos caídos ou mumificados, folhas e ramos podados é fundamental para reduzir as fontes de inóculo de muitas doenças fúngicas e bacterianas, que podem sobreviver nestes detritos. Manter a área à volta da base da árvore livre de ervas daninhas também é importante, pois estas podem abrigar pragas e competir por recursos. Uma poda adequada durante a dormência, que melhore a penetração da luz e a circulação de ar no interior da copa, cria um microclima menos favorável ao desenvolvimento de fungos.

A monitorização regular é essencial para detetar problemas numa fase inicial, quando são mais fáceis de controlar. Inspeções semanais às folhas, ramos, tronco e frutos podem revelar os primeiros sinais de uma infestação de pragas ou de uma infeção por doença. A identificação correta do problema é o passo seguinte e crítico, pois diferentes pragas e doenças requerem diferentes estratégias de controlo. A utilização de armadilhas adesivas ou de feromonas pode ajudar a monitorizar a presença e a população de certos insetos voadores.

Doenças fúngicas comuns

As doenças fúngicas são alguns dos problemas mais prevalentes que podem afetar o caqui asiático, especialmente em condições de humidade elevada e pouca circulação de ar. Uma das doenças mais comuns é a mancha foliar de Cercospora (Cercospora diospyri). Esta doença manifesta-se inicialmente como pequenas manchas escuras e angulares nas folhas, que podem aumentar de tamanho e desenvolver um centro mais claro, de cor cinza. Em infeções severas, pode ocorrer uma desfoliação prematura, o que enfraquece a árvore e pode afetar a qualidade dos frutos.

A antracnose (Colletotrichum gloeosporioides) é outra doença fúngica que pode afetar folhas, ramos e, mais significativamente, os frutos. Nos frutos, a antracnose causa manchas escuras, circulares e afundadas, que podem desenvolver massas de esporos de cor rosada ou alaranjada em condições de humidade. Estas lesões diminuem a qualidade e a capacidade de armazenamento dos frutos. A doença é favorecida por tempo quente e húmido, e os esporos são disseminados pela chuva.

O oídio é outra doença fúngica que pode ocorrer, embora seja geralmente menos problemática no caqui do que em outras culturas. Caracteriza-se por uma cobertura pulverulenta de cor branca ou cinzenta nas folhas e, por vezes, nos frutos jovens. O oídio prospera em condições de humidade elevada, mas, ao contrário de muitos outros fungos, não necessita de água livre na superfície da folha para germinar. Uma boa circulação de ar é a melhor prevenção.

O controlo destas doenças fúngicas baseia-se fortemente na prevenção. A poda para abrir a copa, a remoção de material vegetal infetado e a irrigação na base da planta para manter as folhas secas são medidas culturais fundamentais. Se a pressão da doença for historicamente alta, podem ser necessárias aplicações preventivas de fungicidas. Fungicidas à base de cobre ou enxofre são opções eficazes, especialmente se aplicados no início da estação de crescimento, mas devem ser usados de acordo com as instruções do rótulo para garantir a segurança e a eficácia.

Pragas de insetos e ácaros

Diversos insetos e ácaros podem atacar o caqui asiático, causando danos que vão desde a sucção da seiva até à danificação direta dos frutos. As cochonilhas são uma praga comum, que se fixam nos ramos, folhas e frutos, sugando a seiva da planta. Infestações severas podem enfraquecer a árvore e levar ao desenvolvimento de fumagina, um fungo preto que cresce sobre a substância açucarada (melada) excretada pelas cochonilhas, interferindo com a fotossíntese.

A mosca-da-fruta é uma praga particularmente destrutiva em muitas regiões frutícolas. As fêmeas depositam os seus ovos sob a pele dos frutos em maturação. As larvas que eclodem alimentam-se da polpa, tornando o fruto impróprio para consumo e causando o seu apodrecimento e queda prematura. O controlo da mosca-da-fruta pode ser desafiador e geralmente envolve uma abordagem integrada, que inclui o uso de armadilhas para monitorização e captura massiva, a colheita atempada dos frutos e a destruição de todos os frutos caídos ou infestados.

Outros insetos, como os pulgões e os tripes, também podem ser problemáticos. Os pulgões tendem a atacar os rebentos novos e tenros, sugando a seiva e causando a deformação das folhas. Os tripes podem causar danos cosméticos nos frutos, deixando cicatrizes prateadas ou acastanhadas na sua superfície. Os ácaros, por sua vez, são pragas minúsculas que podem causar o bronzeamento e a queda das folhas ao sugarem o conteúdo celular.

O controlo destas pragas deve começar com a promoção de inimigos naturais, como as joaninhas, os crisopídeos e as vespas parasitoides, que se alimentam de muitas destas pragas. Evitar o uso de inseticidas de largo espectro ajuda a preservar estas populações benéficas. Para infestações localizadas, podem ser eficazes pulverizações de sabão inseticida ou óleo de neem. Em casos mais severos, pode ser necessário o recurso a inseticidas específicos, mas a sua escolha deve ser cuidadosa para minimizar o impacto nos polinizadores e outros organismos não-alvo.

Doenças bacterianas e virais

As doenças bacterianas e virais são geralmente menos comuns no caqui asiático do que as doenças fúngicas, mas podem ser muito mais difíceis de controlar uma vez que se estabelecem. A galha-da-coroa, causada pela bactéria Agrobacterium tumefaciens, é uma doença que pode afetar uma vasta gama de plantas, incluindo o caqui. A bactéria entra na planta através de feridas, geralmente nas raízes ou no colo da raiz, e induz a formação de tumores ou galhas lenhosas. Estas galhas podem restringir o fluxo de água e nutrientes, enfraquecendo e, eventualmente, matando a árvore, especialmente se for jovem.

A prevenção é a única forma eficaz de controlar a galha-da-coroa. Isto inclui a compra de mudas certificadas como livres de doença e o cuidado para evitar ferir o tronco e as raízes durante o plantio e a manutenção. Não existe um tratamento químico eficaz para as árvores já infetadas. Se uma árvore for diagnosticada com galha-da-coroa, deve ser removida e destruída, e o local não deve ser replantado com espécies suscetíveis durante vários anos, pois a bactéria pode sobreviver no solo.

As doenças virais no caqui são raras, mas podem ocorrer. Os vírus são patógenos sistémicos que se espalham por toda a planta e, tal como as doenças bacterianas, não têm cura. Os sintomas podem ser variados, incluindo mosaicos (padrões de manchas amarelas e verdes nas folhas), anéis necróticos, deformações e um declínio geral da planta. Os vírus são frequentemente transmitidos por insetos vetores, como pulgões, ou através de ferramentas de poda contaminadas e material de propagação infetado (enxertos).

A gestão de doenças virais depende inteiramente da prevenção. Utilizar apenas material de propagação (enxertos e porta-enxertos) de fontes fidedignas e livres de vírus é o passo mais crítico. O controlo dos insetos vetores pode ajudar a reduzir a propagação de vírus dentro de um pomar. A desinfeção regular das ferramentas de poda, especialmente ao passar de uma árvore para outra, é uma prática de higiene fundamental que ajuda a prevenir a transmissão não só de vírus, mas também de outras doenças bacterianas e fúngicas.

Estratégias de manejo integrado de pragas (MIP)

Uma abordagem de Manejo Integrado de Pragas (MIP) é a estratégia mais sustentável e eficaz para lidar com as doenças e pragas do caqui asiático. O MIP não se foca na erradicação total das pragas, mas sim em mantê-las em níveis que não causem danos económicos ou estéticos significativos, utilizando uma combinação de diferentes táticas de controlo. Esta abordagem minimiza os riscos para a saúde humana e para o ambiente.

O MIP começa com uma base sólida de controlo cultural, que inclui todas as práticas preventivas já mencionadas: seleção do local, sanidade do pomar, nutrição e irrigação equilibradas, e poda adequada. Estas práticas criam uma árvore saudável e um ambiente menos propício a problemas, constituindo a primeira e mais importante linha de defesa. A monitorização regular é o pilar seguinte, permitindo uma intervenção atempada e informada.

Quando a monitorização indica que uma população de pragas ou uma doença está a atingir um nível problemático, são considerados os métodos de controlo biológico. Isto envolve a conservação ou a libertação de inimigos naturais das pragas. A criação de um habitat favorável a estes organismos benéficos, por exemplo, através do plantio de flores que lhes forneçam néctar e pólen, pode aumentar a sua eficácia.

Apenas como último recurso, quando os controlos culturais e biológicos não são suficientes, é que se considera o uso de pesticidas. A filosofia do MIP dita que, quando os pesticidas são necessários, devem ser escolhidos os produtos menos tóxicos e mais específicos para o alvo, como os sabões inseticidas, os óleos hortícolas ou os pesticidas botânicos (como o óleo de neem). A aplicação deve ser feita de forma direcionada, apenas nas áreas afetadas, e no momento mais vulnerável do ciclo de vida da praga ou da doença, para maximizar a eficácia e minimizar o impacto nos organismos não-alvo.

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