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Poda e corte da roseira The fairy

Daria · 27.08.2025.

A poda é uma das práticas de jardinagem mais importantes e, por vezes, mais intimidantes para os cultivadores de roseiras. No entanto, no caso da roseira ‘The Fairy’, o processo é menos exigente e mais tolerante do que em muitas outras variedades, o que contribui para a sua popularidade. Uma poda e um corte adequados são essenciais não só para manter a planta com um tamanho e formato desejáveis, mas também para promover a sua saúde, estimular uma floração mais abundante e rejuvenescer o arbusto. Compreender os princípios básicos de quando e como podar a ‘The Fairy’ permite que qualquer jardineiro mantenha esta roseira no seu melhor, garantindo um espetáculo floral ano após ano.

A filosofia de poda para a roseira ‘The Fairy’ difere daquela aplicada a roseiras como as híbridas de chá, que são podadas severamente para produzir grandes flores em caules longos. Sendo uma roseira polyantha/arbustiva que floresce em madeira nova e velha, a ‘The Fairy’ beneficia de uma abordagem mais ligeira e naturalista. O objetivo principal é manter a planta saudável e com uma estrutura arejada, removendo madeira morta ou doente e controlando o seu tamanho, em vez de forçar um determinado tipo de floração. Uma poda excessivamente severa pode, na verdade, reduzir a quantidade total de flores.

O momento ideal para a poda principal da ‘The Fairy’ é no final do inverno ou no início da primavera, antes de os novos gomos começarem a inchar e a crescer ativamente. Esta altura é preferível porque a planta ainda está em dormência, o que minimiza o stress e a perda de seiva. Podar nesta altura também permite ver claramente a estrutura dos ramos sem a obstrução das folhas, facilitando a identificação do que precisa de ser removido. Além disso, os cortes de poda feitos antes do início do novo crescimento cicatrizam rapidamente, e a energia da planta será imediatamente direcionada para a produção de novos rebentos saudáveis.

A utilização de ferramentas adequadas é fundamental para uma poda bem-sucedida. É essencial ter um par de tesouras de poda de bypass bem afiadas e limpas para os ramos mais finos, e talvez um podão de cabo longo ou uma pequena serra de poda para os caules mais grossos e velhos. As lâminas devem ser afiadas para fazer cortes limpos e não esmagar os tecidos do caule, o que pode dificultar a cicatrização e criar uma porta de entrada para doenças. A desinfeção das ferramentas com álcool ou uma solução de lixívia diluída antes da poda e entre plantas é uma prática recomendada para evitar a propagação de patógenos.

A poda anual de manutenção

A poda anual de manutenção, realizada no final do inverno, é o procedimento mais importante. O primeiro passo é sempre uma inspeção completa da planta para remover o que é conhecido como os “3 D’s”: Dead (morto), Damaged (danificado) e Diseased (doente). Quaisquer caules que estejam secos, quebrados, escurecidos ou que mostrem sinais de cancro ou outras doenças devem ser cortados até à madeira saudável ou removidos completamente na base. Este passo de limpeza é vital para a saúde geral da planta e para prevenir problemas futuros.

O segundo passo é melhorar a circulação de ar dentro do arbusto. Isto é conseguido através da remoção de ramos que se cruzam ou que crescem para o interior da planta. Ramos que se roçam podem criar feridas que servem de entrada para doenças. Ao eliminar este congestionamento no centro da roseira, permite-se que a luz e o ar penetrem mais facilmente, o que ajuda a manter a folhagem seca e a reduzir a incidência de doenças fúngicas. O objetivo é criar uma estrutura aberta, em forma de taça.

Após esta limpeza inicial, pode-se proceder a uma poda de formação ligeira para controlar o tamanho e a forma da roseira ‘The Fairy’. Geralmente, isto envolve reduzir o comprimento total dos caules em cerca de um terço. Este corte estimula a ramificação e o desenvolvimento de novos rebentos laterais, que produzirão flores. O corte deve ser feito a cerca de 5 a 6 milímetros acima de um gomo virado para o exterior, com um ângulo de 45 graus, inclinado para longe do gomo. Isto incentiva o novo crescimento a desenvolver-se para fora, mantendo o centro do arbusto aberto.

É importante não ter medo de podar, mas também não exagerar. A roseira ‘The Fairy’ floresce abundantemente mesmo com uma poda mínima. A regra de ouro é ser conservador no início; é sempre possível cortar mais, mas não é possível voltar a colocar um ramo que foi cortado. Com o tempo, o jardineiro aprende a “ler” a planta e a entender como ela responde à poda, ajustando a técnica para alcançar o resultado desejado.

O “deadheading” durante a estação de floração

O “deadheading” é o termo inglês para a prática de remover as flores murchas durante a estação de crescimento. Este é um tipo de corte de manutenção contínuo que traz enormes benefícios para a roseira ‘The Fairy’. O principal objetivo do “deadheading” é evitar que a planta gaste energia na produção de sementes (dentro dos frutos, os cinorrodões) e, em vez disso, redirecione essa energia para a produção de mais flores. Esta simples tarefa prolonga significativamente o período de floração e mantém a planta com um aspeto mais limpo e atraente.

Como a ‘The Fairy’ produz as suas flores em grandes cachos, a técnica de “deadheading” é ligeiramente diferente da das roseiras de flor única. Em vez de cortar cada flor individualmente, é mais eficiente e benéfico esperar que a maioria das flores do cacho tenha murchado e, em seguida, cortar o pedúnculo do cacho inteiro. O corte deve ser feito no caule que suporta o cacho, logo acima da primeira folha composta por cinco folíolos. Esta folha geralmente tem um gomo dormente na sua axila que será estimulado a crescer e a produzir um novo ramo floral.

A prática regular do “deadheading” não só promove mais flores, como também ajuda a prevenir doenças. As pétalas velhas e em decomposição podem ficar presas na folhagem e, com a humidade, criar um ambiente favorável ao desenvolvimento de fungos como a botrytis (mofo cinzento). Ao remover os cachos de flores murchas, está-se também a realizar uma pequena limpeza que contribui para a saúde geral da planta e melhora a circulação de ar entre os ramos.

No final da estação, no outono, é aconselhável parar o “deadheading”. Permitir que os últimos cachos de flores formem cinorrodões é um sinal natural para a planta de que a estação de crescimento está a chegar ao fim e que é altura de começar a preparar-se para a dormência invernal. Os cinorrodões podem também adicionar um interesse visual ao jardim de inverno e servir de alimento para os pássaros.

A poda de rejuvenescimento

Com o passar dos anos, mesmo com uma boa poda anual, a roseira ‘The Fairy’ pode tornar-se demasiado densa, com muitos caules velhos e lenhosos que são menos produtivos em termos de floração. Quando isto acontece, uma poda de rejuvenescimento, ou renovação, pode ser necessária para restaurar o vigor do arbusto. Esta é uma poda mais drástica que se realiza a cada três a cinco anos, dependendo do estado da planta.

A poda de rejuvenescimento é realizada, tal como a poda principal, no final do inverno. O objetivo é remover seletivamente alguns dos caules mais antigos e grossos, cortando-os o mais rente possível à base da planta. Como regra geral, pode-se remover cerca de um terço dos caules mais velhos em cada sessão de rejuvenescimento. Isto abre espaço e estimula o crescimento de novos caules vigorosos a partir da coroa da planta.

Este processo não deve ser feito de uma só vez, removendo todos os caules antigos, pois isso poderia ser um choque demasiado grande para a planta. A abordagem gradual, removendo um terço dos caules a cada ano ao longo de três anos, permite que a planta se renove completamente sem nunca perder a sua estrutura principal ou a sua capacidade de florescer durante o processo. Esta técnica garante uma transição suave e a manutenção de uma planta saudável e produtiva a longo prazo.

Após uma poda de rejuvenescimento, é especialmente importante fornecer à planta boas condições para a sua recuperação. Uma aplicação de fertilizante equilibrado e uma camada de composto orgânico na primavera, juntamente com uma rega adequada, darão à roseira a energia necessária para produzir os novos crescimentos que irão substituir os ramos antigos e garantir uma floração abundante nas estações seguintes.

Poda para fins específicos

Para além da manutenção geral, a poda pode ser usada para adaptar a roseira ‘The Fairy’ a diferentes usos no jardim. Se for usada como cobertura de solo, a poda pode focar-se em remover os caules mais verticais para incentivar um crescimento mais rastejante e horizontal. Isto ajuda a criar um tapete denso de folhagem e flores que suprime eficazmente as ervas daninhas.

Se a ‘The Fairy’ for cultivada como um pequeno arbusto de bordadura, a poda pode ser usada para manter uma forma mais compacta e arredondada. Isto é conseguido através do encurtamento uniforme de todos os caules na poda de primavera, criando uma silhueta mais formal e arrumada. A altura e a largura do arbusto podem ser facilmente controladas com esta poda anual.

Quando conduzida como uma pequena trepadeira contra um muro ou uma treliça, a poda é ligeiramente diferente. Envolve a seleção e o amarrio dos caules principais mais fortes para formar a estrutura da planta e o encurtamento dos ramos laterais que crescem a partir destes caules principais. Estes ramos laterais são encurtados para dois ou três gomos, o que irá estimular a produção de flores ao longo de toda a estrutura vertical da planta.

Independentemente do objetivo, os princípios fundamentais da poda permanecem os mesmos: remover sempre a madeira morta, doente ou danificada primeiro, garantir uma boa circulação de ar e fazer cortes limpos com as ferramentas certas. Dominar a arte da poda da roseira ‘The Fairy’ é uma habilidade gratificante que transforma um bom arbusto num exemplar verdadeiramente excecional no jardim.

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