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A hibernação da roseira The fairy

Daria · 25.07.2025.

A preparação para o inverno, ou hibernação, é uma fase crucial no ciclo anual de cuidados da roseira ‘The Fairy’, especialmente em regiões com invernos frios e geadas frequentes. Embora seja uma variedade considerada resistente, a adoção de medidas de proteção adequadas ajuda a salvaguardar a planta contra os danos causados pelas baixas temperaturas, ventos gelados e flutuações de temperatura, garantindo a sua sobrevivência e um regresso vigoroso na primavera. Um bom plano de hibernação começa no outono e foca-se em ajudar a planta a entrar gradualmente em dormência, proteger as suas partes mais vulneráveis e manter uma boa higiene para prevenir doenças na estação seguinte.

O processo de preparação para o inverno deve iniciar-se no final do verão e início do outono, muito antes da chegada das primeiras geadas. Um dos primeiros passos é ajustar a rotina de fertilização e rega. A fertilização deve ser interrompida cerca de seis a oito semanas antes da data média da primeira geada. Esta medida é fundamental para evitar o estímulo de novos crescimentos tenros, que não teriam tempo de amadurecer e endurecer antes do frio, tornando-se extremamente vulneráveis a danos pela geada. A rega também deve ser gradualmente reduzida, embora seja importante não deixar a planta entrar no inverno completamente desidratada.

Outra prática importante no outono é a limpeza da área circundante da roseira. Todas as folhas caídas, flores murchas, frutos (cinorrodões) e quaisquer outros detritos vegetais devem ser cuidadosamente removidos e eliminados. Esta limpeza é vital porque muitos esporos de doenças fúngicas, como a mancha negra, e ovos de pragas hibernam nestes materiais em decomposição. Ao remover esta fonte de inóculo, reduz-se significativamente a probabilidade de a planta ser atacada por doenças e pragas assim que a primavera chegar. Uma boa higiene no outono poupa muito trabalho na primavera.

É também aconselhável deixar os últimos cinorrodões (os frutos da roseira) formarem-se na planta no final da estação. A remoção contínua das flores murchas (“deadheading”) estimula a floração, mas parar esta prática no final do verão envia um sinal à planta para começar a abrandar o seu crescimento e a preparar-se para a dormência. A formação de sementes e frutos é um processo natural que ajuda a desencadear as mudanças hormonais necessárias para a planta se aclimatar gradualmente às condições de inverno que se aproximam.

A poda de outono: o que fazer e o que não fazer

A questão da poda no outono pode ser confusa, mas para a roseira ‘The Fairy’ em climas frios, uma poda ligeira pode ser benéfica. O objetivo desta poda não é dar forma à planta ou estimular o crescimento, mas sim uma medida preventiva. Caules muito longos e finos podem ser chicoteados pelo vento forte de inverno, o que pode causar danos na base da planta (na coroa) ou até mesmo desenraizá-la. Reduzir o comprimento dos caules mais longos em cerca de um terço a metade torna a planta mais compacta e estável.

Durante esta poda de outono, o foco principal deve ser a remoção de qualquer madeira que esteja claramente morta, doente ou danificada. Estes ramos não contribuem em nada para a saúde da planta e podem ser uma porta de entrada para doenças durante o inverno. No entanto, é crucial evitar uma poda severa nesta altura do ano. Uma poda drástica pode estimular a planta a produzir novos rebentos, o que é exatamente o que se pretende evitar antes da dormência. A poda principal e de formação deve ser sempre reservada para o final do inverno ou início da primavera.

Ao podar, é importante usar sempre ferramentas limpas e afiadas para fazer cortes precisos. Os cortes devem ser feitos acima de um gomo virado para o exterior, se possível, embora nesta fase do ano isso seja menos crítico do que na poda de primavera. Após a poda, é essencial recolher e destruir todos os ramos cortados, especialmente se apresentarem sinais de doença, para não os deixar no solo como fonte de infeção.

Para roseiras ‘The Fairy’ que são conduzidas como pequenas trepadeiras, é importante verificar se estão bem presas aos seus suportes antes da chegada do inverno. Ventos fortes podem soltar os caules e causar danos por fricção ou quebra. Reforçar as amarras, usando atilhos macios que não danifiquem os caules, pode evitar muitos problemas e garantir que a estrutura da planta se mantém intacta até à primavera.

A proteção da coroa e das raízes

A parte mais vulnerável da roseira durante o inverno é a coroa, o ponto de união entre os caules e o sistema radicular, especialmente em roseiras enxertadas. Proteger esta área do frio extremo e das flutuações de temperatura é a tarefa mais importante da hibernação. A técnica mais comum e eficaz é a amontoa, que consiste em criar um monte de material isolante sobre a base da planta.

Este monte deve ser aplicado após a primeira geada forte ter ocorrido e a planta ter perdido a maior parte das suas folhas, indicando que entrou em dormência. O material utilizado para a amontoa deve ser leve e arejado, para não reter demasiada humidade e causar apodrecimento. Uma mistura de terra do jardim, composto bem curtido, folhas secas trituradas ou palha funciona muito bem. O monte deve ter cerca de 20 a 30 centímetros de altura, cobrindo completamente a coroa e os primeiros centímetros dos caules.

É importante evitar usar materiais que se compactem demasiado quando molhados, como folhas inteiras e húmidas, ou materiais que possam atrair roedores, como certos tipos de estrume fresco. O objetivo é criar uma camada de isolamento que proteja a coroa do ciclo de congelamento e descongelamento do solo, que pode danificar os tecidos da planta e as raízes superficiais. Esta proteção é especialmente crítica para roseiras jovens, no seu primeiro ou segundo inverno.

A água continua a ser importante, mesmo na preparação para o inverno. É crucial que a roseira ‘The Fairy’ entre no período de dormência bem hidratada. Se o outono for particularmente seco, deve-se fazer uma rega profunda algumas semanas antes de o solo congelar. Um solo húmido retém melhor o calor e protege mais as raízes do que um solo seco. Esta rega final ajuda a planta a suportar a desidratação causada pelos ventos secos de inverno.

Cuidados específicos para roseiras em vaso

As roseiras ‘The Fairy’ cultivadas em vasos ou contentores requerem cuidados de inverno especiais, pois o seu sistema radicular está muito mais exposto ao frio do que o das plantas no solo. As raízes num vaso não beneficiam do efeito isolante da grande massa de terra do jardim. As temperaturas no vaso podem descer muito mais e mais rapidamente, congelando completamente o torrão e matando as raízes.

Uma das melhores estratégias para proteger roseiras em vaso é movê-las para um local abrigado assim que as temperaturas começam a descer consistentemente abaixo de zero. Uma garagem não aquecida, um alpendre fechado ou uma estufa fria são locais ideais. O objetivo não é manter a planta quente, mas sim protegê-la das temperaturas mais extremas e dos ventos fortes, mantendo-a num ambiente frio que lhe permita permanecer em dormência. A planta ainda precisará de uma rega muito ocasional ao longo do inverno para evitar que o torrão seque completamente.

Se não for possível mover o vaso, existem outras técnicas. Pode-se “enterrar” o vaso no solo do jardim, num canteiro vazio ou numa horta. O solo circundante fornecerá o isolamento necessário às raízes. Outra opção é agrupar vários vasos e rodeá-los com um isolamento, como folhas secas contidas numa rede de arame, palha ou plástico-bolha. Envolver o próprio vaso com serapilheira ou cobertores de proteção também ajuda a isolar as raízes.

Independentemente do método escolhido, é importante também proteger a parte aérea da planta. Cobrir a roseira com serapilheira ou um tecido de proteção de jardim pode protegê-la do vento e do sol de inverno, que podem causar desidratação e queimar os caules. Esta proteção deve ser removida gradualmente na primavera, quando o perigo de geadas fortes tiver passado, para permitir que a planta se aclimate lentamente às novas condições.

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