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Cuidados com o folhado

Daria · 07.06.2025.

O folhado, conhecido cientificamente como Viburnum tinus, é um arbusto perene excecionalmente versátil e uma verdadeira joia em qualquer jardim, especialmente durante os meses mais frios. A sua popularidade deve-se não só à sua folhagem densa e verde-escura, que proporciona uma estrutura permanente, mas também à sua capacidade de florescer no inverno, oferecendo um espetáculo de flores brancas a rosadas quando poucas outras plantas o fazem. Este arbusto robusto é relativamente fácil de cuidar, mas para que revele todo o seu potencial, é fundamental compreender as suas necessidades básicas de solo, luz e proteção. Prestar a devida atenção a estes elementos garantirá que o teu folhado se mantenha saudável, vigoroso e com uma floração abundante ano após ano, tornando-se um ponto focal de beleza duradoura no teu espaço verde.

O folhado é uma planta notavelmente adaptável, capaz de prosperar numa variedade de condições, o que o torna uma escolha ideal tanto para jardineiros experientes como para principiantes. Embora tolere diferentes tipos de solo, prefere um solo bem drenado, fértil e rico em matéria orgânica, com um pH que varia de ligeiramente ácido a ligeiramente alcalino. A boa drenagem é crucial, pois as raízes do folhado são sensíveis ao encharcamento, o que pode levar ao apodrecimento radicular e a outros problemas fúngicos. Antes de plantar, é aconselhável melhorar a estrutura do solo, incorporando composto orgânico ou estrume bem curtido para aumentar a fertilidade e melhorar a capacidade de retenção de humidade.

A manutenção geral do folhado é relativamente simples, exigindo intervenções mínimas uma vez que a planta esteja bem estabelecida no jardim. É importante realizar inspeções regulares para detetar precocemente quaisquer sinais de pragas ou doenças, embora seja uma planta bastante resistente. A remoção de folhas secas ou danificadas na base do arbusto ajuda a manter a circulação de ar e a prevenir o desenvolvimento de fungos. Além disso, a aplicação de uma camada de mulching (cobertura morta) à volta da base da planta é altamente benéfica, pois ajuda a conservar a humidade do solo, a suprimir o crescimento de ervas daninhas e a proteger as raízes das flutuações extremas de temperatura.

Para manter a forma compacta e o aspeto denso do folhado, a poda desempenha um papel importante, embora não seja necessária uma poda drástica todos os anos. A melhor altura para podar é imediatamente após o término da floração, no final da primavera, para não comprometer a produção de flores do ano seguinte. Esta poda deve focar-se na remoção de ramos mortos, doentes ou que se cruzem, bem como na modelação ligeira do arbusto para manter o tamanho desejado. Uma poda de rejuvenescimento mais severa pode ser realizada a cada poucos anos para revitalizar um arbusto mais velho e estimular o crescimento de novos rebentos a partir da base.

Finalmente, embora o folhado seja conhecido pela sua resistência, a proteção em condições climáticas extremas pode ser necessária, especialmente para plantas jovens ou cultivadas em vaso. Em regiões com invernos particularmente rigorosos, com geadas fortes e ventos gelados, a folhagem pode sofrer queimaduras. Para minimizar estes danos, é aconselhável plantar o arbusto num local abrigado do vento norte. Em casos extremos, pode-se cobrir temporariamente a planta com um tecido de proteção adequado durante as noites mais frias para proteger os botões florais e a folhagem delicada.

A escolha do local ideal

A seleção do local de plantação é um dos fatores mais determinantes para o sucesso a longo prazo do folhado. Este arbusto beneficia de um local que receba sol pleno ou sombra parcial, mostrando uma notável flexibilidade. No entanto, para uma floração mais abundante e uma folhagem mais densa, a exposição ao sol da manhã com alguma sombra durante as horas mais quentes da tarde é o cenário ideal, especialmente em climas mais quentes. A luz solar direta e intensa durante todo o dia pode, por vezes, causar um ligeiro desvanecimento da cor das folhas, enquanto a sombra excessiva pode resultar num crescimento mais esparso e numa redução significativa da floração.

Para além da exposição solar, é fundamental considerar a proteção contra os elementos naturais, como ventos fortes e geadas tardias. Um local abrigado por um muro, uma cerca ou outras plantas mais altas pode oferecer a proteção necessária contra os ventos frios e secantes do inverno, que podem danificar a folhagem perene. Esta proteção é especialmente importante em regiões de clima mais frio, onde as temperaturas podem descer drasticamente. Ao escolher o local, certifica-te também de que há espaço suficiente para o arbusto atingir a sua maturidade sem ficar apertado, permitindo uma boa circulação de ar à sua volta.

O contexto paisagístico também deve influenciar a escolha do local, pois o folhado pode desempenhar várias funções no jardim. Pode ser utilizado como um exemplar isolado, destacando-se pela sua floração invernal, ou plantado em grupos para criar um maciço de folhagem densa. É também uma excelente opção para a criação de sebes informais ou formais, proporcionando privacidade e uma barreira verde durante todo o ano. Ao planear o seu posicionamento, considera a sua altura e largura final, que pode variar entre 1,5 e 3 metros, para garantir que se integra harmoniosamente no design geral do jardim.

Finalmente, ao avaliar o local, observa o que já cresce nas proximidades e evita plantar o folhado demasiado perto de árvores de grande porte com sistemas radiculares muito competitivos, como os áceres ou os choupos. Estas árvores podem competir agressivamente por água e nutrientes, dificultando o estabelecimento e o desenvolvimento saudável do teu arbusto. Escolher um local com boa vizinhança vegetal, onde as plantas partilham recursos de forma equilibrada, contribuirá para um ecossistema de jardim mais saudável e um folhado mais próspero e florífero.

Adaptação ao solo e drenagem

O folhado não é excessivamente exigente quanto ao tipo de solo, conseguindo prosperar em solos argilosos, arenosos ou limosos, desde que a condição mais crítica seja cumprida: uma boa drenagem. O excesso de água estagnada à volta das raízes é o principal inimigo desta planta, podendo levar rapidamente a problemas de asfixia radicular e ao desenvolvimento de doenças fúngicas fatais. Portanto, antes de plantar, é essencial avaliar a capacidade de drenagem do solo. Um teste simples consiste em cavar um buraco e enchê-lo com água; se a água demorar mais de algumas horas a escoar, será necessário tomar medidas para melhorar a drenagem.

Para corrigir um solo com má drenagem, existem várias abordagens eficazes que garantirão um ambiente saudável para as raízes do folhado. A incorporação de grandes quantidades de matéria orgânica, como composto, húmus de minhoca ou turfa, é uma das melhores soluções, pois ajuda a agregar as partículas do solo, criando mais espaços de ar e facilitando a passagem da água. Em solos particularmente argilosos e compactos, a adição de areia grossa ou gravilha fina pode também ajudar a melhorar a estrutura e a permeabilidade. Esta preparação do solo deve ser feita em toda a área de plantação, e não apenas no buraco, para incentivar as raízes a expandirem-se.

Outra estratégia para garantir uma drenagem adequada, especialmente em terrenos naturalmente húmidos ou com lençóis freáticos elevados, é plantar o folhado em canteiros elevados ou em taludes. Esta técnica eleva a zona radicular principal acima do nível do solo circundante, permitindo que o excesso de água escorra naturalmente por ação da gravidade. Ao construir um canteiro elevado, podes controlar totalmente a composição do substrato, criando uma mistura ideal de terra de jardim, composto e material drenante, proporcionando assim as condições perfeitas para o desenvolvimento do arbusto desde o início.

A manutenção de um solo saudável em torno do folhado é um processo contínuo que vai além da preparação inicial. A aplicação anual de uma camada de composto orgânico como cobertura superficial (top-dressing) na primavera ajuda a reabastecer os nutrientes e a manter a boa estrutura do solo. Esta prática também incentiva a atividade microbiana benéfica, que contribui para a saúde geral das raízes e da planta. Evita compactar o solo à volta da base do arbusto, por exemplo, ao caminhar sobre ele, pois a compactação reduz a porosidade e, consequentemente, a drenagem e a aeração.

Gestão da floração e frutificação

A floração do folhado é, sem dúvida, uma das suas características mais apreciadas, ocorrendo num período em que a maioria dos jardins se encontra em dormência, do final do outono até ao início da primavera. Os botões florais, de uma delicada tonalidade rosa, começam a formar-se no outono e abrem gradualmente em cachos de pequenas flores brancas e perfumadas. Para maximizar este espetáculo, é essencial que a planta receba luz solar adequada durante a estação de crescimento, pois a energia acumulada é fundamental para a formação dos botões. Um fornecimento equilibrado de nutrientes, especialmente fósforo e potássio, também desempenha um papel crucial na promoção de uma floração abundante.

Após a floração, se as flores forem polinizadas, o folhado produzirá pequenos frutos ovais, que amadurecem para uma cor azul-metálica a preta no final do verão e outono. Estes frutos não são apenas decorativos, acrescentando um interesse visual adicional ao arbusto, mas também servem de alimento para várias espécies de aves durante os meses mais escassos. Para incentivar uma boa frutificação, é benéfico ter mais do que um arbusto plantado nas proximidades, para facilitar a polinização cruzada, embora o folhado seja geralmente auto-fértil. Evitar podar a planta imediatamente após a floração permitirá o desenvolvimento completo dos frutos.

A gestão da poda está diretamente ligada ao ciclo de floração e frutificação do folhado. Como os botões florais se formam na madeira do ano anterior, uma poda realizada no outono ou inverno removeria a maioria das futuras flores. Por isso, qualquer poda de modelação ou manutenção deve ser feita no final da primavera, assim que as últimas flores tenham murchado. Esta prática garante que a planta tem toda a estação de crescimento pela frente para desenvolver novos ramos que produzirão as flores da próxima estação, sem sacrificar a beleza da floração invernal.

Ocasionalmente, um folhado pode apresentar uma floração fraca ou inexistente, o que pode ser motivo de preocupação. As causas mais comuns para este problema incluem a falta de luz solar, uma poda incorreta realizada na altura errada, ou um excesso de fertilizante rico em azoto, que promove o crescimento da folhagem em detrimento das flores. Outros fatores, como o stresse hídrico durante o verão, quando os botões florais estão a ser formados, ou danos causados por geadas tardias, também podem afetar negativamente a floração. Avaliar cuidadosamente estas condições e corrigi-las é o primeiro passo para restaurar a exuberância floral do teu arbusto.

O folhado em vasos e contentores

Cultivar o folhado em vasos ou contentores é uma excelente opção para quem tem espaço limitado, como varandas, terraços ou pátios, permitindo desfrutar da sua beleza durante todo o ano. Para ter sucesso neste tipo de cultivo, a escolha do vaso é fundamental; este deve ser suficientemente grande para acomodar o sistema radicular da planta e permitir o seu crescimento durante alguns anos. Um vaso com pelo menos 40-50 cm de diâmetro e profundidade é um bom ponto de partida, e deve ter obrigatoriamente múltiplos furos de drenagem no fundo para evitar a acumulação de água e o apodrecimento das raízes.

O substrato utilizado no vaso tem de ser de alta qualidade, com excelentes propriedades de drenagem e retenção de humidade. Uma mistura de substrato universal de boa qualidade com perlite ou areia grossa para melhorar a aeração, e um pouco de composto orgânico para fornecer nutrientes de libertação lenta, é uma fórmula ideal. É importante evitar o uso de terra de jardim comum, que tende a compactar-se rapidamente no ambiente limitado de um vaso, prejudicando a drenagem e o desenvolvimento das raízes. O substrato deve ser preenchido até alguns centímetros abaixo da borda do vaso para facilitar a rega.

As plantas em vaso têm necessidades de rega e fertilização diferentes das plantas no solo, uma vez que o substrato seca mais rapidamente e os nutrientes esgotam-se com o tempo. Durante a estação de crescimento, da primavera ao outono, o folhado em vaso necessitará de regas regulares, verificando sempre a humidade do substrato antes de regar novamente para evitar o encharcamento. A fertilização também é crucial; a aplicação de um fertilizante líquido equilibrado a cada quatro a seis semanas durante este período fornecerá os nutrientes necessários para um crescimento vigoroso e uma floração abundante. No inverno, a frequência de rega e a fertilização devem ser significativamente reduzidas.

A proteção durante o inverno é um aspeto particularmente importante para os folhados cultivados em contentores, pois as suas raízes estão mais expostas às baixas temperaturas do que se estivessem isoladas no solo. Em regiões com invernos rigorosos, é aconselhável mover o vaso para um local mais abrigado, como junto a uma parede da casa ou numa garagem não aquecida. Se não for possível movê-lo, pode-se isolar o vaso envolvendo-o em serapilheira, plástico-bolha ou outros materiais isolantes para proteger as raízes do congelamento. A cada dois ou três anos, o folhado precisará de ser reenvasado para um recipiente ligeiramente maior, com substrato novo, para renovar os nutrientes e dar mais espaço às raízes.

Combinação com outras plantas

O folhado, com a sua folhagem perene e estruturada, serve como uma excelente planta de base no design de jardins, oferecendo um pano de fundo verde e denso para outras plantas com flores ou folhagens coloridas. A sua capacidade de proporcionar interesse visual durante todo o ano torna-o um parceiro de plantação ideal. Para criar um contraste de texturas, podes combiná-lo com gramíneas ornamentais, como a Stipa tenuissima ou o Miscanthus sinensis, cujas formas leves e etéreas criam um belo contraponto à solidez do folhado. Esta justaposição de formas e texturas adiciona profundidade e complexidade ao canteiro.

Para um jardim de inverno vibrante, associa o folhado a outras plantas que florescem ou exibem cores interessantes durante a estação fria. Plantas como o Hamamelis (hamamélia), com as suas flores perfumadas e invulgares, o Cornus sanguinea ‘Midwinter Fire’ (sanguinho), com os seus caules vermelhos e alaranjados brilhantes, ou os heléboros (Helleborus), também conhecidos como rosas-de-natal, são escolhas perfeitas. Esta combinação garante que o teu jardim permaneça cheio de vida e cor, mesmo nos dias mais cinzentos do ano, com o folhado a fornecer a estrutura verde essencial para unir todos os elementos.

Na primavera e no verão, o folhado pode ser usado para dar destaque a plantas com flores vibrantes. Podes plantar bolbos de primavera, como narcisos, túlipas e jacintos, na base do arbusto para um espetáculo de cor precoce. Mais tarde na estação, plantas perenes como as peónias, os gerânios e as lavandas podem ser plantadas à sua frente, criando camadas de cor e perfume. A folhagem verde-escura do folhado faz com que as cores das flores das outras plantas se destaquem ainda mais, criando um impacto visual poderoso e harmonioso.

Ao planear as combinações, é fundamental considerar as necessidades culturais partilhadas, como a exposição solar e as preferências de solo e água. O folhado combina bem com a maioria das plantas que preferem sol pleno a sombra parcial e solos bem drenados. Evita combiná-lo com plantas que requerem solos constantemente húmidos ou muito ácidos, pois as condições ideais não seriam compatíveis. Ao agrupar plantas com necessidades semelhantes, não só garantes a saúde de todas, mas também facilitas a manutenção do jardim a longo prazo.

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