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Plantação e propagação de campânula

Linden · 19.08.2025.

A plantação e propagação da campânula são processos gratificantes que permitem não só introduzir esta encantadora flor no jardim, como também multiplicar os exemplares existentes, partilhando a sua beleza com amigos ou expandindo a sua presença nos nossos próprios canteiros. O sucesso destas operações depende de um planeamento cuidadoso e da aplicação de técnicas corretas, que começam com a escolha do momento ideal e do local apropriado para a plantação. Quer se trate de uma planta recém-adquirida num viveiro ou da divisão de uma planta já estabelecida, seguir os passos adequados garantirá uma adaptação rápida e um desenvolvimento saudável. A propagação, por sua vez, abre um leque de possibilidades para criar novas plantas a partir de sementes, estacas ou pela simples divisão da touceira, cada método com as suas particularidades e encantos.

O primeiro passo para uma plantação bem-sucedida é a preparação meticulosa do solo, que servirá de lar para a nova planta. O solo deve ser trabalhado e descompactado até uma profundidade de pelo menos 20 a 30 centímetros, removendo quaisquer ervas daninhas, pedras ou outros detritos que possam dificultar o crescimento das raízes. Este é também o momento ideal para enriquecer o solo, incorporando matéria orgânica, como composto bem decomposto ou estrume curtido. Esta adição não só fornecerá nutrientes essenciais, como também melhorará a estrutura do solo, promovendo uma boa drenagem e aeração, condições vitais para a campânula.

O processo de plantar a campânula em si requer alguma delicadeza para minimizar o stress da planta durante a transição. O buraco de plantação deve ser ligeiramente maior e mais profundo do que o torrão da planta, permitindo que as raízes se espalhem confortavelmente. Ao retirar a planta do vaso original, deve-se ter o cuidado de não danificar as raízes, e se estas estiverem muito enroladas, podem ser gentilmente soltas com os dedos. A planta deve ser colocada no buraco de forma que a parte superior do torrão fique ao mesmo nível da superfície do solo, evitando enterrar a coroa da planta.

Após posicionar a planta no buraco, este deve ser preenchido com o solo preparado, pressionando suavemente à volta da base para eliminar bolsas de ar e garantir um bom contacto entre as raízes e a terra. Uma rega abundante logo após a plantação é absolutamente crucial, pois ajuda a assentar o solo à volta das raízes e fornece a humidade necessária para a planta começar a estabelecer-se no seu novo local. Durante as primeiras semanas, é importante manter o solo consistentemente húmido, mas não encharcado, para facilitar a adaptação e o desenvolvimento de novas raízes.

A escolha do momento certo para a plantação é um fator determinante para o sucesso da operação, sendo a primavera e o outono as épocas mais favoráveis. Plantar na primavera, após o risco de geadas fortes ter passado, permite que a planta se estabeleça durante toda a estação de crescimento. O outono é igualmente uma excelente altura, pois as temperaturas mais amenas e o solo ainda quente permitem um bom desenvolvimento radicular antes da chegada do inverno, dando à planta uma vantagem para um arranque vigoroso na primavera seguinte. Deve-se evitar plantar nos períodos de calor mais intenso do verão ou quando o solo está gelado no inverno.

Propagação por divisão

A divisão de touceiras é um dos métodos mais simples, rápidos e eficazes para propagar a campânula, sendo particularmente adequado para as variedades perenes que formam tufos densos. Esta técnica não só permite obter novas plantas idênticas à planta-mãe, como também serve para rejuvenescer plantas mais velhas que possam ter ficado demasiado grandes ou com o centro menos vigoroso. O melhor momento para realizar a divisão é no início da primavera, quando os novos rebentos estão a começar a surgir, ou no início do outono, após a floração.

Para proceder à divisão, a planta deve ser cuidadosamente desenterrada com uma forquilha ou uma pá, tentando preservar o máximo possível do sistema radicular. Uma vez fora da terra, o excesso de solo pode ser sacudido para expor a coroa e a estrutura das raízes, facilitando a visualização dos pontos de divisão. A touceira pode então ser dividida em várias secções, utilizando as mãos para a separar gentilmente ou uma faca afiada e esterilizada se a coroa for muito densa e lenhosa.

Cada secção resultante da divisão deve ter um bom conjunto de raízes e pelo menos alguns rebentos ou folhas saudáveis para garantir a sua viabilidade. As partes mais velhas e lenhosas do centro da planta podem ser descartadas, utilizando apenas as secções mais jovens e vigorosas da periferia da touceira. Antes de replantar, é uma boa prática aparar quaisquer raízes danificadas ou folhas em excesso para reduzir o stress da planta e o risco de desidratação, equilibrando a parte aérea com o sistema radicular.

As novas divisões devem ser plantadas imediatamente no local definitivo ou em vasos com substrato fresco, seguindo os mesmos procedimentos de uma plantação normal. É crucial manter o solo bem húmido nas semanas seguintes à divisão, pois as novas plantas estarão mais vulneráveis à desidratação até que o seu sistema radicular se restabeleça. Com os cuidados adequados, estas novas plantas irão enraizar rapidamente e, dependendo da época da divisão, poderão mesmo florescer na sua primeira estação.

Propagação por estacas

A propagação por estacas é outro método muito popular e eficaz para multiplicar a campânula, permitindo criar um grande número de novas plantas a partir de um único exemplar. Esta técnica envolve cortar pequenos segmentos de caules saudáveis da planta-mãe e induzi-los a desenvolver as suas próprias raízes. O melhor momento para colher as estacas é geralmente no final da primavera ou início do verão, quando a planta está em pleno crescimento vegetativo e os caules não são nem demasiado tenros nem demasiado lenhosos.

Para preparar as estacas, devem ser escolhidos caules saudáveis e sem flores, cortando segmentos com cerca de 8 a 10 centímetros de comprimento. O corte deve ser feito logo abaixo de um nó (o ponto onde as folhas se inserem no caule), utilizando uma faca afiada ou uma tesoura de poda para obter um corte limpo. As folhas da metade inferior da estaca devem ser removidas para reduzir a perda de água por transpiração e para evitar que apodreçam quando a estaca for inserida no substrato.

Embora não seja estritamente necessário, o uso de uma hormona de enraizamento em pó ou em gel pode aumentar significativamente a taxa de sucesso e acelerar o processo de formação de raízes. A base da estaca deve ser mergulhada na hormona antes de ser plantada num pequeno vaso ou tabuleiro preenchido com um substrato de enraizamento leve e bem drenado, como uma mistura de turfa e perlite ou areia. A estaca deve ser inserida no substrato até cerca de metade do seu comprimento.

Após a plantação, é fundamental criar um ambiente húmido para as estacas, uma vez que estas ainda não têm raízes para absorver água. Cobrir os vasos com um saco de plástico transparente ou colocá-los numa mini-estufa ajuda a manter a humidade elevada. O substrato deve ser mantido ligeiramente húmido, mas nunca encharcado, e os vasos devem ser colocados num local com luz indireta e brilhante. Após algumas semanas, as estacas começarão a desenvolver raízes, o que pode ser verificado por um ligeiro puxão – se houver resistência, significa que as raízes se formaram.

Propagação por sementes

A propagação da campânula a partir de sementes é uma aventura fascinante que permite observar todo o ciclo de vida da planta, desde o seu humilde começo. As sementes podem ser colhidas das próprias plantas no final do verão, quando as cápsulas das flores secam, ou podem ser adquiridas comercialmente. A sementeira pode ser feita diretamente no local definitivo no jardim no outono ou na primavera, ou pode ser iniciada em interiores no final do inverno para obter plantas mais desenvolvidas para transplantar na primavera.

Para a sementeira em interiores, devem ser utilizados tabuleiros ou pequenos vasos preenchidos com um substrato de sementeira fino e de boa qualidade. As sementes da campânula são geralmente muito pequenas e muitas variedades necessitam de luz para germinar, pelo que não devem ser cobertas com uma camada espessa de substrato. Basta pressioná-las suavemente sobre a superfície do substrato húmido para garantir um bom contacto.

A manutenção de uma humidade constante é crucial para a germinação, pelo que é aconselhável cobrir os recipientes de sementeira com uma tampa de plástico transparente ou película aderente para criar um efeito de estufa. Os tabuleiros devem ser colocados num local quente e com boa luminosidade, mas sem sol direto. A germinação pode levar de duas a quatro semanas, dependendo da variedade e das condições. Assim que as plântulas emergirem, a cobertura deve ser removida para permitir a circulação de ar.

Quando as plântulas tiverem desenvolvido o seu primeiro par de folhas verdadeiras e tiverem um tamanho manuseável, podem ser cuidadosamente transplantadas para vasos individuais para continuarem o seu crescimento. Este processo, conhecido como repicagem, permite que cada plântula tenha mais espaço e nutrientes para se desenvolver. As jovens plantas devem ser gradualmente aclimatadas às condições exteriores durante uma ou duas semanas antes de serem plantadas no seu local definitivo no jardim, após o perigo de geadas ter passado.

Cuidados pós-plantação

Os cuidados imediatamente após a plantação ou propagação são determinantes para a sobrevivência e o futuro desenvolvimento da campânula. A rega é, sem dúvida, o aspeto mais crítico nesta fase inicial, pois as plantas recém-plantadas ou propagadas têm um sistema radicular ainda pouco desenvolvido e são muito suscetíveis à desidratação. É essencial manter o solo consistentemente húmido, mas sem encharcar, durante as primeiras semanas, verificando a humidade do solo regularmente e ajustando a frequência da rega conforme as condições climatéricas.

A aplicação de uma camada de “mulch” ou cobertura morta orgânica à volta da base da planta recém-plantada é uma prática altamente benéfica. Uma camada de casca de pinheiro, palha ou composto pode ajudar a conservar a humidade do solo, a reduzir o crescimento de ervas daninhas que competiriam por água e nutrientes, e a manter uma temperatura do solo mais estável. Esta cobertura deve ser aplicada com o cuidado de não encostar diretamente ao caule da planta para evitar problemas de apodrecimento.

A proteção contra condições climatéricas extremas é também importante para as jovens plantas de campânula. Se forem plantadas na primavera, podem necessitar de proteção contra geadas tardias inesperadas, que podem ser fatais. Da mesma forma, se a plantação ocorrer no final da primavera ou início do verão, pode ser necessário fornecer alguma sombra temporária durante as horas mais quentes do dia para as proteger do sol intenso até que estejam bem estabelecidas e mais resistentes.

A fertilização deve ser evitada nas primeiras semanas após a plantação, pois as raízes jovens são muito sensíveis e podem ser queimadas por fertilizantes químicos. O composto adicionado durante a preparação do solo fornecerá nutrientes suficientes para o arranque inicial da planta. A fertilização só deve ser iniciada quando a planta mostrar sinais claros de novo crescimento, indicando que o seu sistema radicular já está a funcionar ativamente e a planta está bem estabelecida no seu novo ambiente.

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