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Doenças e pragas do cedro-do-atlas

Linden · 28.06.2025.

Apesar da sua natureza robusta e resistente, o cedro-do-atlas não está totalmente imune aos desafios impostos por várias doenças e pragas. Um jardineiro vigilante e informado é a primeira e mais eficaz linha de defesa para proteger a saúde e a beleza desta árvore monumental. Compreender quais são os problemas mais comuns, saber reconhecer os seus sinais precoces e estar preparado com estratégias de gestão eficazes e, sempre que possível, ecológicas, é fundamental. Muitas vezes, os problemas de pragas e doenças são sintomas secundários de um stress subjacente na árvore, como condições de plantação inadequadas, rega incorreta ou deficiências nutricionais. Este artigo detalha as principais doenças e pragas que podem afetar o cedro-do-atlas, focando-se na identificação, nos métodos de controlo e, mais importante, nas práticas preventivas que mantêm a árvore forte e capaz de resistir a estas ameaças.

Identificação de pragas comuns

Embora o cedro-do-atlas seja relativamente livre de problemas, algumas pragas podem ocasionalmente causar preocupação. Os pulgões do cedro são uma das pragas mais frequentes. Estes pequenos insetos sugadores de seiva, geralmente de cor escura, reúnem-se em colónias nos ramos e agulhas, alimentando-se dos fluidos da planta. A sua alimentação pode levar ao amarelecimento e queda prematura das agulhas. Um sinal revelador de uma infestação de pulgões é a presença de “melada”, uma substância pegajosa e brilhante que excretam, a qual pode cobrir os ramos e o solo sob a árvore e atrair um fungo preto fuliginoso chamado fumagina.

Outra praga a ter em atenção são os ácaros-aranha. Estes aracnídeos minúsculos são difíceis de ver a olho nu, mas os danos que causam são mais evidentes. Alimentam-se perfurando as células das agulhas para sugar o seu conteúdo, resultando num aspeto pontilhado, bronzeado ou amarelado. Em infestações severas, podem produzir uma teia fina que cobre as agulhas e os ramos. Os ácaros prosperam em condições quentes e secas, pelo que o stress hídrico pode tornar a árvore mais suscetível.

Os cochonilhas são insetos sugadores que se fixam nos ramos e agulhas, parecendo pequenas protuberâncias ou escamas. Protegidos por uma carapaça cerosa, podem ser difíceis de controlar. Tal como os pulgões, sugam a seiva da planta, enfraquecendo-a, e também excretam melada, levando ao aparecimento de fumagina. Um ataque severo pode causar a morte de ramos inteiros.

A broca-da-ponta-do-pinheiro (Rhyacionia buoliana) é uma praga menos comum no cedro-do-atlas, mas pode ocorrer, especialmente em árvores jovens. A larva desta mariposa escava os botões e os rebentos terminais, fazendo com que os novos crescimentos murchem, fiquem castanhos e morram, resultando frequentemente em ramos deformados e bifurcados. A identificação precoce, procurando pequenos buracos e resina nos botões na primavera, é crucial para o controlo.

Doenças fúngicas a ter em atenção

As doenças fúngicas são, talvez, uma ameaça mais significativa para o cedro-do-atlas do que as pragas, especialmente quando as condições ambientais são favoráveis ao seu desenvolvimento. O “tip blight”, ou queima das pontas, é uma doença comum causada por vários fungos, como Sphaeropsis sapinea ou Phomopsis juniperovora. Esta doença provoca o acastanhamento e a morte dos novos crescimentos nas pontas dos ramos. Geralmente, a infeção começa na primavera, durante o tempo húmido, e os sintomas tornam-se visíveis no verão. A doença pode desfigurar a árvore e, se não for controlada, pode progredir para ramos maiores.

A podridão radicular é uma das doenças mais graves e é quase sempre causada por um solo mal drenado e excesso de água. Fungos do solo, como os dos géneros Phytophthora e Armillaria, atacam o sistema radicular da árvore. Os sintomas na parte aérea da planta são muitas vezes enganadores, pois podem imitar os da seca, incluindo amarelecimento, murcha e queda de agulhas, uma vez que as raízes danificadas já não conseguem absorver água e nutrientes. A base do tronco pode apresentar uma coloração escura ou lesões, e a casca pode soltar-se facilmente. Infelizmente, quando os sintomas são visíveis, a doença está frequentemente num estado avançado e é difícil de tratar.

O cancro dos ramos, causado por fungos como o Cytospora, pode infetar a árvore através de feridas na casca, resultando em áreas mortas e afundadas (cancros) nos ramos ou no tronco. Estas lesões podem interromper o fluxo de água e nutrientes, levando à morte do ramo acima do cancro. A presença de resina a escorrer da área do cancro é um sintoma comum. Árvores sob stress por seca, danos mecânicos ou outras doenças são mais suscetíveis.

A ferrugem é outra doença fúngica que, embora geralmente menos prejudicial, pode afetar a aparência da árvore. Manifesta-se como pústulas de cor laranja ou amarela nas agulhas. O ciclo de vida de muitos fungos da ferrugem é complexo, envolvendo frequentemente um hospedeiro alternativo. Embora raramente ameace a vida de uma árvore madura, pode causar a desfoliação e enfraquecer árvores mais jovens.

Estratégias de controlo e tratamento

A abordagem ao controlo de pragas e doenças deve ser integrada e priorizar os métodos menos tóxicos. Para infestações ligeiras de pulgões e ácaros, um forte jato de água de uma mangueira pode ser suficiente para os desalojar fisicamente dos ramos. Se a infestação persistir, a aplicação de sabão inseticida ou óleo de neem pode ser muito eficaz. Estes produtos funcionam por contacto, sufocando os insetos de corpo mole, e têm um baixo impacto em insetos benéficos e no ambiente, quando usados corretamente. É importante pulverizar toda a árvore, incluindo a parte inferior das agulhas.

Para o controlo das cochonilhas, que são mais resistentes devido à sua carapaça protetora, o óleo de horticultura aplicado durante o período de dormência da árvore pode ser eficaz, sufocando os ovos e as formas hibernantes. Durante a estação de crescimento, as formas jovens e móveis (“crawlers”) são mais vulneráveis ao sabão inseticida e ao óleo de neem. Em infestações localizadas, podem ser removidas manualmente com uma escova ou um cotonete embebido em álcool.

O tratamento de doenças fúngicas como o “tip blight” e o cancro dos ramos foca-se principalmente na remoção sanitária. Poda todos os ramos infetados, cortando bem abaixo da área doente, numa zona de tecido saudável. Desinfeta as tuas ferramentas de poda (com álcool ou uma solução de lixívia a 10%) entre cada corte para evitar a propagação da doença. Destrói todo o material podado; não o compostes. A aplicação de fungicidas pode ser necessária em casos graves ou recorrentes, devendo ser aplicada na primavera para proteger o novo crescimento.

A podridão radicular é extremamente difícil de curar. O foco deve estar na melhoria da drenagem do solo, se possível. Em alguns casos, remover cuidadosamente o solo da base da árvore para expor o colo da raiz ao ar pode ajudar a secar a área. Fungicidas específicos podem ser aplicados ao solo, mas o seu sucesso é limitado. A prevenção através da escolha de um local com boa drenagem desde o início é, de longe, a melhor estratégia.

A prevenção como melhor defesa

A estratégia mais eficaz e sustentável para a gestão de doenças e pragas é a prevenção. Uma árvore saudável e vigorosa é naturalmente mais resistente a ataques. Isto começa com a base dos cuidados culturais: plantar o cedro-do-atlas no local certo. Escolhe um local com exposição solar plena, espaço amplo para crescer e, acima de tudo, um solo excelentemente drenado. Uma boa circulação de ar à volta da árvore é também crucial para ajudar a folhagem a secar rapidamente, reduzindo o risco de doenças fúngicas.

A rega adequada é outro pilar da prevenção. Evita tanto o stress hídrico por falta de água como o encharcamento por excesso. Rega profundamente e com pouca frequência, permitindo que a camada superior do solo seque entre as regas. Direciona a água para a base da árvore e evita molhar a folhagem. A aplicação de mulch ajuda a manter a humidade do solo e a suprimir ervas daninhas, reduzindo a competição e o stress.

Mantém uma boa higiene no jardim. Remove e destrói folhas caídas e detritos debaixo da árvore, especialmente se tiver havido problemas de doenças no passado, pois estes materiais podem albergar esporos de fungos durante o inverno. Evita causar feridas desnecessárias na árvore com corta-relvas ou outras ferramentas de jardim, pois estas feridas são pontos de entrada para doenças como o cancro.

Incentiva a biodiversidade no teu jardim. A presença de predadores naturais, como joaninhas, crisopas e vespas parasitoides, pode manter as populações de pragas como os pulgões sob controlo. Plantar uma variedade de flores e plantas que atraem estes insetos benéficos pode ajudar a criar um ecossistema equilibrado onde as pragas raramente se tornam um problema sério.

Monitorização regular e ação precoce

A deteção precoce é fundamental para um controlo bem-sucedido. Adota o hábito de inspecionar regularmente o teu cedro-do-atlas, prestando atenção a quaisquer alterações na cor, densidade ou saúde geral da folhagem. Examina os ramos e o tronco em busca de sinais de pragas, cancros ou secreções invulgares. Quanto mais cedo detetares um problema, mais fácil e eficaz será o tratamento, muitas vezes permitindo o uso de métodos de controlo menos invasivos e mais ecológicos.

Ao detetar um problema, é crucial fazer uma identificação correta. Pragas e doenças diferentes requerem estratégias de controlo diferentes. Usar o tratamento errado não só será ineficaz, como poderá prejudicar a árvore ou o ambiente. Se não tiveres a certeza do que estás a ver, tira fotografias e consulta recursos de jardinagem de confiança, serviços de extensão agrícola locais ou um arborista profissional. Um diagnóstico preciso é o primeiro passo para uma solução eficaz.

Não entres em pânico ao primeiro sinal de um problema. Uma pequena população de pragas ou uma doença fúngica localizada numa árvore madura e saudável muitas vezes não justifica uma intervenção química agressiva. Em muitos casos, a árvore consegue lidar com o problema sozinha, ou uma simples remoção da parte afetada é suficiente. A abordagem de “esperar para ver” e monitorizar a situação pode ser apropriada para problemas menores.

Ao considerar o uso de pesticidas ou fungicidas, lê sempre o rótulo cuidadosamente e segue todas as instruções e precauções de segurança. Aplica os produtos na altura certa do dia (geralmente de manhã cedo ou ao final da tarde para evitar queimar as folhas e prejudicar os polinizadores) e na fase correta do ciclo de vida da praga ou doença. Considera sempre o impacto potencial nos insetos benéficos, nos animais de estimação e no ecossistema local, optando pela solução menos tóxica disponível sempre que possível.

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