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As necessidades de nutrientes e a fertilização da lavanda inglesa

Linden · 14.04.2025.

Abordar o tema das necessidades de nutrientes e da fertilização da lavanda inglesa requer uma mudança de perspetiva em relação a muitas outras plantas de jardim. Contrariamente à intuição de muitos jardineiros, que associam um crescimento vigoroso a uma alimentação rica e constante, a lavanda inglesa prospera precisamente no oposto: em solos pobres e com baixa fertilidade. Esta planta mediterrânica adaptou-se a sobreviver e florescer em terrenos rochosos e áridos, o que significa que um excesso de nutrientes pode ser mais prejudicial do que benéfico. Compreender esta preferência pela “austeridade” é fundamental para evitar problemas comuns e para cultivar plantas saudáveis, compactas e repletas de flores aromáticas.

A filosofia central na fertilização da lavanda inglesa é a moderação extrema. Na maioria dos solos de jardim médios, a lavanda não necessita de qualquer fertilização suplementar para crescer bem. O excesso de nutrientes, especialmente o azoto, estimula um crescimento rápido e exuberante da folhagem em detrimento do desenvolvimento de flores. Este crescimento tenro e aguado não só dilui a concentração de óleos essenciais, tornando a planta menos aromática, como também a torna mais fraca e mais suscetível a pragas, doenças fúngicas e danos causados pela geada. Portanto, o objetivo não é “alimentar” a planta no sentido tradicional, mas sim garantir que o solo tem a estrutura e o pH corretos.

Antes de considerar qualquer tipo de fertilização, é mais importante focar-se na qualidade do solo. A lavanda inglesa prefere um solo com excelente drenagem e um pH neutro a ligeiramente alcalino (entre 6,5 e 7,5). Se o teu solo for muito ácido, a correção do pH com cal ou cinza de madeira terá um impacto muito mais positivo no crescimento da planta do que a adição de fertilizantes. Um pH adequado permite que a planta aceda aos nutrientes já presentes no solo de forma mais eficiente. A preparação inicial do solo no momento da plantação, melhorando a drenagem e ajustando o pH, é o passo mais importante para a nutrição a longo prazo.

Se sentires que o teu solo é excecionalmente pobre e que a tua lavanda está a mostrar sinais de deficiência nutricional (crescimento muito lento, folhas pálidas), uma abordagem muito cautelosa é a mais indicada. Em vez de recorrer a fertilizantes químicos sintéticos, opta por emendas orgânicas de libertação lenta. Uma pequena camada de composto bem curtido aplicada à volta da base da planta na primavera é, geralmente, mais do que suficiente. O composto não só fornece uma gama equilibrada de nutrientes de forma gradual, como também melhora a estrutura do solo, o que é um benefício duplo para a lavanda.

Os sinais de excesso de fertilização na lavanda inglesa são importantes de reconhecer. Se a tua planta está a crescer de forma muito rápida, com muitos caules longos e flexíveis e poucas flores, é um forte indício de que há demasiado azoto no solo. Outro sinal pode ser a abertura ou o “esparramar” do centro do arbusto, que perde a sua forma compacta e densa. Nestes casos, a solução é cessar imediatamente qualquer tipo de fertilização e, em casos extremos, podes até tentar “diluir” os nutrientes regando abundantemente a área para lixiviar o excesso de fertilizante do solo, certificando-te de que a drenagem é excelente para evitar o apodrecimento das raízes.

A importância do pH do solo

O pH do solo é um fator determinante para a saúde da lavanda inglesa, influenciando diretamente a sua capacidade de absorver os nutrientes essenciais. Esta planta tem uma clara preferência por solos com um pH neutro a alcalino, refletindo as condições dos solos calcários da sua região mediterrânica nativa. Um pH inadequado, especialmente um solo demasiado ácido, pode “bloquear” a disponibilidade de certos nutrientes, mesmo que eles estejam presentes no solo. Isto significa que a planta pode mostrar sintomas de deficiência nutricional não por falta de nutrientes, mas porque não consegue absorvê-los.

Realizar um teste de pH do solo antes de plantar a lavanda é um passo proativo e altamente recomendado. Kits de teste simples estão disponíveis em centros de jardinagem e podem dar-te uma boa indicação do pH do teu solo. Se o teste revelar que o solo é ácido (pH abaixo de 6,5), terás de tomar medidas para o corrigir. A forma mais comum de aumentar o pH do solo é através da aplicação de cal agrícola ou cal dolomítica. A quantidade a aplicar dependerá do nível de acidez e do tipo de solo, pelo que é importante seguir as instruções do produto ou as recomendações do teste de solo.

A correção do pH não é um evento único, especialmente em solos naturalmente ácidos. A cal é lixiviada do solo ao longo do tempo pela chuva, pelo que pode ser necessário reaplicá-la a cada poucos anos para manter o pH no intervalo ideal. A cinza de madeira, proveniente de madeiras não tratadas, é outra excelente opção para aumentar o pH e tem o benefício adicional de fornecer potássio, um nutriente que apoia a floração e a resistência geral da planta. No entanto, a cinza de madeira deve ser usada com moderação, pois é muito alcalina e pode alterar o pH rapidamente.

Por outro lado, se o teu solo for extremamente alcalino (pH acima de 8,0), a lavanda pode ter dificuldade em absorver micronutrientes como o ferro, o que pode levar a uma condição chamada clorose (amarelecimento das folhas com nervuras verdes). Embora a lavanda tolere bem a alcalinidade, os extremos podem ser problemáticos. Nestes casos, a aplicação de emendas que acidificam o solo, como enxofre elementar ou a incorporação de matéria orgânica como turfa ou composto de agulhas de pinheiro, pode ajudar a baixar o pH para um nível mais favorável.

Fertilizantes orgânicos vs. sintéticos

Ao decidir sobre a fertilização da lavanda inglesa, a escolha entre opções orgânicas e sintéticas é clara: as orgânicas são, na maioria dos casos, a escolha superior e mais segura. Fertilizantes orgânicos, como o composto, o estrume bem curtido ou a emulsão de peixe diluída, libertam os seus nutrientes lentamente ao longo do tempo. Este processo de libertação lenta imita a forma como os nutrientes se tornam disponíveis na natureza e reduz drasticamente o risco de sobrefertilização, que é tão prejudicial para a lavanda. Além disso, os fertilizantes orgânicos melhoram a estrutura do solo, aumentam a sua capacidade de retenção de água (sem comprometer a drenagem) e promovem a vida microbiana benéfica.

Os fertilizantes sintéticos, por outro lado, são formulados para fornecer uma dose concentrada e de ação rápida de nutrientes. Embora isto possa ser benéfico para plantas de alimentação pesada, é exatamente o oposto do que a lavanda inglesa precisa. Uma aplicação de um fertilizante sintético equilibrado, como um 10-10-10, pode facilmente fornecer um excesso de azoto, resultando num crescimento fraco e numa floração reduzida. O risco de queimar as raízes da planta com a alta concentração de sais destes fertilizantes é também significativamente maior. Por estas razões, o uso de fertilizantes sintéticos deve ser evitado ou, no mínimo, usado com extrema cautela e em formulações muito diluídas.

Se optares por uma abordagem orgânica, o composto é o teu melhor aliado. Uma aplicação anual na primavera de uma camada fina de composto (cerca de 1-2 cm) à volta da base da planta é geralmente suficiente para fornecer todos os nutrientes necessários para a estação. O composto fornece um espectro equilibrado de macro e micronutrientes de forma gradual, à medida que é decomposto pelos microrganismos do solo. Evita empilhar o composto contra o colo da planta, pois isso pode reter humidade e levar ao apodrecimento.

Outras opções orgânicas incluem a farinha de ossos, que é uma boa fonte de fósforo e cálcio, promovendo o desenvolvimento de raízes fortes e flores, e o kelp (algas marinhas), que fornece uma vasta gama de micronutrientes e hormonas de crescimento vegetal. Estas emendas podem ser misturadas no solo no momento da plantação ou aplicadas superficialmente na primavera. Lembra-te sempre que, com a lavanda, a moderação é a chave; uma abordagem minimalista à fertilização produzirá, paradoxalmente, os melhores resultados.

Nutrição para lavanda em vasos

A lavanda inglesa cultivada em vasos tem necessidades nutricionais ligeiramente diferentes das plantas no solo. O volume limitado de substrato num vaso significa que os nutrientes podem ser esgotados mais rapidamente através da rega regular, que lixivia os nutrientes para fora do vaso. Por esta razão, a lavanda em vaso pode beneficiar de uma fertilização ligeira e ocasional para repor os nutrientes perdidos. No entanto, a regra de ouro da moderação ainda se aplica, e a sobrefertilização é igualmente, se não mais, perigosa num ambiente de vaso contido.

A melhor abordagem para fertilizar a lavanda em vaso é usar um fertilizante líquido diluído. Escolhe um fertilizante formulado para plantas com flores ou cactos e suculentas, que geralmente têm um teor de azoto mais baixo e um teor de fósforo e potássio mais elevado. Dilui o fertilizante para metade ou um quarto da força recomendada na embalagem. Esta abordagem de “alimentação fraca e semanal” (ou quinzenal) durante a estação de crescimento ativo (primavera e verão) fornece um suprimento constante, mas baixo, de nutrientes, evitando os picos que poderiam prejudicar a planta.

O momento da fertilização é importante. Começa a fertilizar na primavera, quando observares o início de novo crescimento, e continua até ao final do verão. Interrompe completamente a fertilização no outono e no inverno, quando a planta entra em dormência. Fertilizar durante o período de dormência pode estimular um crescimento fora de época que é vulnerável ao frio e pode perturbar o ciclo natural da planta. A rega prévia à fertilização também é uma boa prática; aplica o fertilizante líquido num substrato já húmido para evitar queimar as raízes.

A cada dois ou três anos, a lavanda em vaso beneficiará de ser reenvasada com substrato fresco. Este processo não só dá mais espaço às raízes, como também renova completamente o fornecimento de nutrientes no solo. Ao reenvasar, podes misturar um fertilizante orgânico de libertação lenta, como farinha de ossos ou um pouco de composto, no novo substrato. Isto fornecerá uma base nutricional para a planta nos meses seguintes, reduzindo a necessidade de fertilização líquida frequente.

Sinais de deficiência e excesso de nutrientes

Aprender a “ler” a tua planta de lavanda é uma habilidade valiosa que te permite diagnosticar problemas nutricionais antes que se tornem graves. As deficiências de nutrientes na lavanda são raras, dada a sua preferência por solos pobres, mas podem ocorrer em solos extremamente arenosos ou em vasos antigos. Uma deficiência de azoto pode manifestar-se como um crescimento geral lento e folhas mais velhas, na base da planta, a ficarem amareladas. Uma deficiência de fósforo pode resultar num crescimento atrofiado e, por vezes, numa tonalidade arroxeada nas folhas. A falta de potássio pode causar o amarelecimento das margens das folhas mais velhas.

No entanto, é muito mais provável que encontres problemas relacionados com o excesso de nutrientes do que com a sua falta. O excesso de azoto é o culpado mais comum e os seus sinais são bastante claros: crescimento excessivamente rápido e exuberante, caules longos e fracos que tendem a dobrar-se, e uma notável falta de flores. A planta pode parecer muito verde e “folhosa”, mas falhará na sua principal função ornamental e aromática. Este crescimento excessivo também torna a planta um alvo fácil para pulgões e outras pragas sugadoras.

O excesso de outros nutrientes também pode causar problemas. Demasiado fósforo pode interferir com a absorção de micronutrientes como o zinco e o ferro. Um desequilíbrio geral de nutrientes, muitas vezes causado por fertilizantes sintéticos desequilibrados, pode levar a uma variedade de sintomas, incluindo pontas de folhas queimadas, manchas nas folhas ou um crescimento distorcido. A melhor maneira de evitar estes problemas é adotar uma abordagem conservadora e orgânica à fertilização.

Em resumo, a estratégia de nutrição para a lavanda inglesa pode ser simplificada numa única frase: não a ames em demasia. Resiste à tentação de a alimentar como farias com outras plantas perenes ou anuais. Fornece-lhe um solo bem drenado com o pH correto, uma pitada de composto na primavera, e ela irá recompensar-te com a sua estrutura robusta, folhagem prateada e, mais importante, uma profusão de flores perfumadas. No mundo da lavanda, a negligência benigna é muitas vezes a forma mais elevada de cuidado.

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