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Doenças e pragas da acácia-de-seda

Daria · 10.04.2025.

Apesar de ser uma árvore apreciada pela sua beleza e relativa facilidade de cuidado, a acácia-de-seda não está isenta de enfrentar desafios na forma de doenças e pragas. A vigilância e o conhecimento são as ferramentas mais poderosas de um jardineiro para proteger a sua árvore destes problemas. Identificar precocemente os sinais de uma infestação de pragas ou o início de uma doença pode fazer toda a diferença entre uma pequena contrariedade e um problema grave que ameaça a vida da árvore. Compreender as condições que favorecem o aparecimento destes problemas e adotar práticas culturais que promovam a saúde e a resiliência da planta é a base de uma gestão integrada e eficaz, garantindo que a tua acácia-de-seda permaneça um espetáculo vibrante no jardim.

A prevenção é a primeira e mais importante linha de defesa contra doenças e pragas. Uma árvore saudável e vigorosa, plantada no local certo e com os cuidados adequados, é naturalmente mais resistente a ataques. Isto significa garantir uma exposição solar adequada, um solo bem drenado, uma rega e fertilização equilibradas e uma poda correta. O stress, seja por seca, excesso de água, deficiências nutricionais ou danos físicos, enfraquece as defesas naturais da árvore, tornando-a um alvo mais fácil para organismos patogénicos e insetos predadores.

A monitorização regular é um componente chave da prevenção. Reserva um tempo para inspecionar a tua acácia-de-seda de perto, examinando o tronco, os ramos e a parte superior e inferior das folhas. Procura por sinais invulgares como manchas nas folhas, descoloração, crescimento de mofo, presença de insetos, teias, ou áreas de casca danificada. A deteção precoce permite intervenções menos drásticas e mais eficazes, muitas vezes evitando a necessidade de recorrer a pesticidas químicos fortes.

Quando um problema é identificado, a abordagem correta é crucial. Nem todos os insetos são prejudiciais, e nem todas as manchas nas folhas significam uma doença fatal. É importante identificar corretamente a praga ou a doença antes de tomar qualquer medida. Uma vez identificado o problema, começa com os métodos de controlo menos tóxicos, como a remoção manual, jatos de água, ou a utilização de sabões inseticidas e óleos hortícolas. O uso de pesticidas químicos de largo espectro deve ser o último recurso, pois podem prejudicar insetos benéficos, como polinizadores e predadores naturais das pragas.

Doenças fúngicas comuns

A murcha de fusário, causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. perniciosum, é, sem dúvida, a doença mais grave e temida que afeta a acácia-de-seda. Este patógeno do solo infeta a árvore através das raízes e coloniza o sistema vascular (xilema), bloqueando o transporte de água e nutrientes. Os sintomas incluem o amarelecimento súbito e a murcha das folhas num lado da árvore ou num ramo específico, que progride rapidamente para a morte do ramo e, eventualmente, de toda a árvore. Um corte transversal num ramo infetado revela frequentemente uma descoloração acastanhada no tecido vascular.

Infelizmente, não existe um tratamento químico eficaz para a murcha de fusário uma vez que a árvore está infetada. A gestão desta doença foca-se inteiramente na prevenção. A medida mais importante é a seleção de cultivares resistentes, como ‘Union’ ou ‘Tryon’, que foram desenvolvidos especificamente para resistir à infeção. Evita plantar acácias-de-seda em locais onde outras morreram anteriormente da mesma doença, pois o fungo pode permanecer viável no solo por muitos anos. Manter a árvore saudável e evitar o stress, especialmente o stress hídrico, também pode ajudar a aumentar a sua resistência.

O cancro do nectria é outra doença fúngica que pode afetar a acácia-de-seda, causada por fungos do género Nectria. Esta doença manifesta-se como áreas afundadas e descoloridas (cancros) na casca dos ramos e do tronco. Com o tempo, estes cancros podem crescer e circundar um ramo, interrompendo o fluxo de seiva e causando a morte da parte do ramo acima do cancro. Corpos de frutificação do fungo, muitas vezes de cor laranja ou vermelha, podem ser visíveis na superfície do cancro.

A gestão do cancro do nectria envolve a poda sanitária. Os ramos infetados devem ser removidos, fazendo o corte vários centímetros abaixo da área visivelmente doente, num ponto onde o tecido é saudável. É crucial desinfetar as ferramentas de poda (por exemplo, com álcool ou uma solução de lixívia a 10%) entre cada corte para evitar a propagação do fungo. Manter a árvore vigorosa e evitar feridas desnecessárias na casca pode ajudar a prevenir a infeção, pois o fungo geralmente entra através de feridas existentes.

Principais pragas de insetos

Os pulgões são pequenos insetos sugadores de seiva que podem infestar os novos crescimentos da acácia-de-seda, especialmente na primavera. Eles reúnem-se em colónias na parte inferior das folhas e nas pontas dos ramos, causando o enrolamento e a deformação das folhas. Ao alimentarem-se, excretam uma substância açucarada e pegajosa chamada “melada”, que pode cobrir as folhas e levar ao crescimento de um mofo preto e fuliginoso. Este mofo não prejudica diretamente a planta, mas pode interferir com a fotossíntese se a cobertura for densa.

O controlo dos pulgões pode muitas vezes ser alcançado com métodos simples. Um forte jato de água de uma mangueira pode desalojar e matar muitos deles. Insetos benéficos, como joaninhas e crisopídeos, são predadores naturais dos pulgões, por isso, evitar o uso de pesticidas de largo espectro pode ajudar a manter estas populações saudáveis no teu jardim. Para infestações mais persistentes, a aplicação de sabão inseticida ou óleo de neem pode ser eficaz. Estes produtos funcionam por contacto e devem cobrir completamente os insetos para serem eficazes.

As cochonilhas são outra praga sugadora comum, que aparecem como massas brancas e algodonosas ou como pequenas escamas em forma de concha nos caules, ramos e folhas. Tal como os pulgões, elas sugam a seiva da planta, o que pode levar ao enfraquecimento, amarelecimento das folhas e queda prematura. Elas também produzem melada, levando ao aparecimento de mofo fuliginoso. As escamas adultas desenvolvem uma cobertura cerosa protetora que as torna difíceis de controlar com pesticidas de contacto.

O controlo das cochonilhas requer persistência. Para infestações ligeiras, podem ser removidas manualmente com um cotonete embebido em álcool. O óleo hortícola (como o óleo de neem) é particularmente eficaz, pois sufoca os insetos em todas as suas fases de vida, incluindo os ovos e os adultos protegidos. A aplicação deve ser feita no momento certo, visando a fase de “crawler” (quando as ninfas jovens e móveis emergem), que é a mais vulnerável. Isto ocorre geralmente na primavera e no início do verão.

Outros problemas potenciais

A lagarta tecedeira da mimosa (Homadaula anisocentra) é uma praga específica que pode causar danos significativos à folhagem da acácia-de-seda. As pequenas lagartas cinzentas tecem teias de seda que unem várias folhas, criando um “ninho” protetor onde se alimentam. Infestações graves podem levar à esqueletização de grandes áreas da folhagem, dando à árvore uma aparência queimada e desfigurada. Embora raramente mate a árvore, pode enfraquecê-la e torná-la mais suscetível a outros problemas.

O controlo da lagarta tecedeira da mimosa pode ser desafiador devido à proteção oferecida pelas suas teias. A remoção física e a destruição dos ninhos de teia, quando acessíveis, podem ajudar a reduzir as populações locais. Inseticidas biológicos contendo Bacillus thuringiensis (Bt) são eficazes contra as lagartas jovens, mas devem ser aplicados antes que as teias se tornem demasiado densas, para que o produto atinja as lagartas. Os inseticidas de contacto também podem funcionar se conseguirem penetrar nas teias.

O apodrecimento das raízes é um problema grave, geralmente causado por um excesso de água e má drenagem do solo. Fungos patogénicos do solo, como Phytophthora e Pythium, prosperam em condições anaeróbicas (sem oxigénio) e atacam o sistema radicular da árvore. Os sintomas acima do solo são semelhantes aos da seca, incluindo murcha, amarelecimento e queda de folhas, porque as raízes danificadas não conseguem absorver água. A casca na base do tronco pode ficar escura e solta. A prevenção, através da plantação em solo bem drenado e da prática de uma rega cuidadosa, é a única gestão eficaz.

Finalmente, é importante estar ciente de que a acácia-de-seda pode ser suscetível a danos por herbicidas. A aplicação descuidada de herbicidas para relva perto da base da árvore ou a deriva de pulverização de campos vizinhos pode causar danos graves, incluindo folhas deformadas, descoloridas e a morte da árvore. Evita usar herbicidas perto da zona radicular da árvore e tem cuidado ao pulverizar em dias de vento. Proteger a saúde da tua acácia-de-seda envolve não só combater pragas e doenças, mas também protegê-la de danos químicos acidentais.

Estratégias de gestão integrada

A Gestão Integrada de Pragas (GIP) é uma abordagem holística e ecologicamente sensível para o controlo de pragas e doenças. Em vez de depender apenas de pesticidas químicos, a GIP combina várias estratégias, começando pelas menos disruptivas. A base da GIP é o controlo cultural, que envolve a criação de um ambiente de jardim saudável que desencoraja os problemas. Para a acácia-de-seda, isto significa escolher um cultivar resistente, garantir uma boa drenagem, regar e fertilizar adequadamente, e podar para promover a circulação de ar.

O controlo mecânico e físico é o próximo passo. Isto inclui ações diretas como a remoção manual de pragas (como cochonilhas), a poda de ramos doentes, a utilização de jatos de água para desalojar pulgões ou a colocação de barreiras. Estas são formas eficazes de lidar com problemas localizados antes que se espalhem, sem o uso de produtos químicos. A monitorização regular é o que torna estas intervenções atempadas e eficazes.

O controlo biológico envolve a utilização de organismos vivos para controlar as pragas. Isto pode significar a introdução de predadores naturais, como joaninhas para comer pulgões, ou o uso de biopesticidas, como o Bacillus thuringiensis (Bt) para controlar lagartas. Promover um ambiente que atraia e sustente inimigos naturais (por exemplo, plantando uma variedade de flores que fornecem néctar e pólen) é uma estratégia de GIP a longo prazo que pode ajudar a manter as populações de pragas sob controlo naturalmente.

O controlo químico é o último recurso na GIP. Quando os outros métodos não são suficientes para controlar um problema que ameaça a saúde da árvore, podem ser utilizados pesticidas. A GIP favorece o uso de produtos de menor risco e mais específicos, como sabões inseticidas, óleos hortícolas e pesticidas botânicos, em vez de produtos químicos sintéticos de largo espectro. A aplicação deve ser direcionada, tratando apenas as áreas afetadas para minimizar o impacto em organismos não-alvo e no ambiente.

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