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Poda e corte da sorveira-brava

Daria · 20.06.2025.

A poda é uma das intervenções mais importantes e técnicas na manutenção da sorveira-brava, uma prática que, quando bem executada, contribui decisivamente para a saúde, longevidade, estética e produtividade da árvore. Longe de ser um mero corte de ramos, a poda é uma ciência e uma arte que visa guiar o crescimento da árvore, otimizar a sua estrutura e prevenir problemas futuros. Compreender os objetivos por trás de cada corte, dominar as técnicas corretas e saber qual a melhor altura para intervir são conhecimentos essenciais para qualquer pessoa que cultive esta espécie. Uma poda criteriosa e informada é um investimento direto na vitalidade e na beleza da sorveira-brava.

Objetivos e princípios da poda

A poda da sorveira-brava, como de qualquer árvore, não deve ser feita de forma indiscriminada, mas sim com objetivos claros em mente. O principal objetivo é sempre a saúde da árvore. Isto envolve a remoção de ramos mortos, doentes ou danificados, que podem servir como porta de entrada para agentes patogénicos e pragas. A remoção destes ramos elimina fontes de infeção e permite que a árvore direcione a sua energia para o crescimento de tecidos saudáveis, além de melhorar a segurança ao evitar a queda de ramos secos.

Um segundo objetivo fundamental é melhorar a estrutura e a forma da árvore. Através da poda, é possível corrigir defeitos estruturais, como ramos que se cruzam e roçam entre si (o que pode criar feridas), ramos com ângulos de inserção fracos que podem partir facilmente, ou a formação de múltiplos troncos líderes que competem entre si. O objetivo é criar uma estrutura forte, com um líder central dominante (na maioria dos casos) e ramos bem espaçados e distribuídos radialmente à volta do tronco, garantindo uma boa distribuição de peso e resistência ao vento e à neve.

A poda também visa melhorar a produção de flores e frutos e a qualidade da luz no interior da copa. Ao remover o excesso de ramos e desbastar a copa, aumenta-se a penetração de luz solar e a circulação de ar no interior da árvore. Uma melhor exposição solar em todos os ramos promove uma floração e frutificação mais uniformes e abundantes, uma vez que os gomos florais necessitam de luz para se desenvolverem. A melhor circulação de ar ajuda a reduzir a humidade na folhagem, diminuindo a incidência de doenças fúngicas.

Um princípio fundamental da poda é o da moderação. A regra de ouro é nunca remover mais de 25-30% da copa viva de uma árvore numa única estação. A remoção excessiva de folhagem pode stressar gravemente a árvore, reduzindo a sua capacidade de fotossíntese e esgotando as suas reservas de energia. Cada corte deve ter uma justificação. Se não houver uma boa razão para remover um ramo, o melhor é deixá-lo estar. A poda deve respeitar a forma de crescimento natural da espécie, realçando-a em vez de a tentar forçar a uma forma artificial.

Poda de formação em árvores jovens

A poda de formação, realizada durante os primeiros anos de vida da sorveira-brava, é crucial para estabelecer uma base estrutural sólida que perdurará por toda a vida da árvore. O investimento em tempo e cuidado nesta fase inicial previne problemas graves no futuro e reduz a necessidade de podas drásticas em árvores maduras. O principal objetivo da poda de formação é estabelecer um tronco principal único e forte (o líder) e selecionar e desenvolver ramos laterais bem distribuídos, que formarão a estrutura principal da copa.

Nos primeiros anos após a plantação, a poda deve ser mínima, focando-se apenas na remoção de ramos mortos, danificados ou claramente mal posicionados. É importante permitir que a árvore desenvolva uma boa quantidade de folhagem para maximizar a fotossíntese e o crescimento geral, incluindo o do sistema radicular. A partir do segundo ou terceiro ano, pode-se começar a selecionar os ramos estruturais permanentes. Estes devem ser ramos com um bom ângulo de inserção no tronco (idealmente entre 45 e 60 graus) e bem espaçados vertical e radialmente.

Durante este processo, devem ser removidos ou encurtados os ramos que competem com o líder central. Se se desenvolverem dois líderes (uma estrutura em “V”), um deles deve ser removido ou subordinado (encurtado) para garantir a dominância de um único tronco. Ramos que crescem para o interior da copa, que se cruzam com outros ou que estão demasiado próximos uns dos outros também devem ser eliminados. O objetivo é criar uma “espinha dorsal” forte e arejada para a futura copa da árvore.

A poda de formação é um processo gradual que se estende por vários anos. A cada inverno, avalia-se a estrutura da árvore e fazem-se os cortes necessários para continuar a guiar o seu crescimento na direção desejada. É importante evitar a remoção de demasiados ramos de uma só vez. Ao distribuir a poda de formação ao longo de várias estações, minimiza-se o stress para a árvore e permite-se que esta responda de forma mais equilibrada aos cortes, resultando numa estrutura final mais robusta e harmoniosa.

Poda de manutenção em árvores maduras

Uma vez que a sorveira-brava atingiu a maturidade e a sua estrutura principal está bem estabelecida, a necessidade de poda diminui significativamente. A poda de manutenção em árvores maduras é muito menos intensiva e foca-se em manter a saúde, a segurança e a vitalidade da árvore. Esta poda deve ser realizada a cada poucos anos, dependendo da condição da árvore, e não necessariamente todos os anos. A principal tarefa é a remoção de madeira morta, doente ou partida. Esta é uma prática fitossanitária essencial.

A poda de manutenção também pode envolver o desbaste seletivo da copa. Se a copa se tornar demasiado densa, pode ser benéfico remover alguns ramos para melhorar a penetração de luz e a circulação de ar. Este desbaste deve focar-se em remover ramos que crescem para o interior, ramos mais fracos e ramos que competem entre si. O objetivo não é reduzir o tamanho da árvore, mas sim melhorar a sua saúde e a qualidade da folhagem e dos frutos. Os cortes devem ser distribuídos por toda a copa para manter um aspeto equilibrado.

O controlo do tamanho da árvore não é um objetivo primário da poda de manutenção, e tentativas de manter uma árvore grande artificialmente pequena através de cortes drásticos (topping) são extremamente prejudiciais. No entanto, por vezes pode ser necessário reduzir a extensão de alguns ramos para os afastar de edifícios, linhas elétricas ou áreas de passagem. Nesses casos, os cortes devem ser feitos de forma adequada, cortando o ramo até um ramo lateral que tenha pelo menos um terço do diâmetro do ramo que está a ser removido (corte de redução).

Em árvores mais velhas, a poda pode também ter um objetivo de rejuvenescimento. A remoção de alguns dos ramos mais velhos e menos produtivos pode estimular o crescimento de novos rebentos mais vigorosos e produtivos. No entanto, esta prática deve ser feita com muito cuidado e de forma gradual ao longo de vários anos para não chocar a árvore. Para árvores maduras, especialmente as de grande porte, é muitas vezes aconselhável contratar um arborista certificado, que tem o conhecimento e o equipamento para realizar o trabalho de forma segura e correta.

Ferramentas corretas e técnicas de corte

A utilização de ferramentas adequadas e a aplicação de técnicas de corte corretas são fundamentais para uma poda eficaz e que não prejudique a árvore. As ferramentas devem ser de boa qualidade, adequadas ao tamanho dos ramos a cortar e, acima de tudo, devem estar extremamente afiadas e limpas. Ferramentas cegas esmagam os tecidos da planta em vez de os cortar, criando feridas maiores e de cicatrização mais difícil. A desinfeção das ferramentas com álcool ou lixívia diluída, especialmente ao passar de uma árvore para outra ou após cortar madeira doente, é crucial para prevenir a propagação de doenças.

Para ramos pequenos (até cerca de 2 cm de diâmetro), uma tesoura de poda de bypass é a ferramenta ideal. Para ramos ligeiramente mais grossos (até 4-5 cm), um tesourão de duas mãos oferece a alavancagem necessária. Para ramos maiores, uma serra de poda de boa qualidade é indispensável. As motosserras só devem ser utilizadas por profissionais treinados. É importante escolher sempre a ferramenta certa para o trabalho, pois usar uma ferramenta demasiado pequena para um ramo grande pode danificar tanto a ferramenta como a árvore.

A técnica de corte é vital para a saúde da árvore. Ao remover um ramo inteiro, o corte deve ser feito na gola do ramo, a área ligeiramente inchada onde o ramo se junta ao tronco ou a um ramo maior. Esta gola contém tecidos especializados que promovem a cicatrização rápida e o fecho da ferida. O corte não deve ser feito rente ao tronco (corte embutido), nem deve deixar um toco demasiado longo, pois ambos dificultam a cicatrização. O corte deve ser feito logo a seguir à gola, num ângulo que imite a linha da mesma.

Para remover ramos mais pesados e grossos, a técnica dos três cortes é essencial para evitar que o peso do ramo rasgue a casca do tronco ao cair. O primeiro corte é feito na parte de baixo do ramo, a cerca de 20-30 cm do tronco, cortando cerca de um terço do diâmetro. O segundo corte é feito na parte de cima do ramo, um pouco mais afastado do tronco do que o primeiro corte, cortando até o ramo cair. O peso do ramo é removido, deixando apenas um pequeno toco. O terceiro e último corte é então feito para remover o toco, seguindo a técnica correta de corte junto à gola do ramo.

A melhor época para a poda

O momento em que se realiza a poda tem um grande impacto na resposta da árvore e na sua saúde geral. Para a sorveira-brava, a melhor época para a maioria dos tipos de poda, especialmente a poda estrutural e de formação, é durante o período de dormência, no final do inverno ou início da primavera, antes do início do novo crescimento. Podar nesta altura oferece várias vantagens: a ausência de folhas permite uma visão clara da estrutura da árvore, a árvore está em repouso, o que minimiza o stress, e a perda de seiva é mínima. Além disso, as feridas da poda cicatrizam rapidamente com o início do crescimento primaveril.

A poda durante a estação de crescimento (poda em verde) deve ser limitada e mais ligeira. Pode ser realizada no verão para remover ramos ladrões (rebentos verticais e vigorosos que crescem a partir dos ramos principais), para desbastes ligeiros que melhorem a exposição solar dos frutos ou para corrigir pequenos problemas estruturais. A poda de verão tende a ter um efeito menos revigorante do que a poda de inverno, o que pode ser útil para controlar o tamanho de árvores excessivamente vigorosas. No entanto, a remoção de grandes quantidades de folhagem no verão deve ser evitada, pois reduz a capacidade fotossintética da árvore.

A remoção de ramos mortos, doentes ou partidos pode e deve ser feita em qualquer altura do ano, assim que forem detetados. Não há benefício em deixar madeira morta ou doente na árvore, pois representa um risco de segurança e uma fonte potencial de doenças. Quanto mais cedo for removida, melhor. Esta é uma exceção à regra geral de podar durante a dormência.

A poda no outono deve ser evitada. Os cortes feitos nesta altura do ano cicatrizam mais lentamente, pois a árvore está a entrar em dormência e não a crescer ativamente. Isto deixa as feridas abertas e vulneráveis à infeção por fungos e bactérias durante os meses húmidos do outono e inverno. Além disso, a poda no outono pode estimular um novo crescimento tardio que não terá tempo de amadurecer antes das geadas, resultando em danos pelo frio. Portanto, é preferível esperar até ao final do inverno para realizar as principais tarefas de poda.

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