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Poda e corte da alcachofra-de-jerusalém

Daria · 12.05.2025.

A poda e o corte da alcachofra-de-jerusalém não são práticas estritamente necessárias para a sobrevivência da planta ou para a produção de tubérculos, o que reforça a sua reputação como uma cultura de baixa manutenção. A planta crescerá, florescerá e produzirá tubérculos sem qualquer intervenção de poda. No entanto, a implementação de estratégias de corte seletivo em momentos específicos do ciclo de crescimento pode oferecer vários benefícios significativos, desde a gestão da altura da planta e a prevenção de danos causados pelo vento até, potencialmente, o aumento do rendimento da colheita. Compreender quando, porquê e como podar pode transformar-se numa ferramenta valiosa para otimizar o teu cultivo.

A principal razão pela qual os jardineiros optam por podar a alcachofra-de-jerusalém é para controlar a sua altura impressionante. As plantas podem facilmente atingir 2 a 3 metros ou mais, o que pode ser problemático em jardins mais pequenos, áreas ventosas ou quando podem fazer sombra a outras culturas vizinhas. Uma poda atempada pode manter as plantas a uma altura mais manejável, tornando-as menos propensas a quebrar e mais integradas na paisagem do jardim.

Outro objetivo do corte é incentivar um crescimento mais arbustivo e ramificado. Ao remover a ponta do caule principal, a planta é estimulada a desenvolver mais ramos laterais. Isto pode resultar numa planta mais cheia e robusta, com uma maior área foliar total, o que, teoricamente, pode aumentar a capacidade fotossintética e, consequentemente, a energia disponível para ser armazenada nos tubérculos. Embora haja debate entre os jardineiros sobre se isto aumenta efetivamente o rendimento, a prática é comum e visa redirecionar a energia da planta do crescimento vertical para o desenvolvimento geral e a produção subterrânea.

Finalmente, o corte da folhagem e dos caules no final da estação é uma parte essencial da limpeza do jardim e da preparação para o inverno. A remoção do material vegetal morto ajuda a reduzir a prevalência de doenças e pragas que poderiam hibernar nos detritos. Este corte final marca a transição da fase de crescimento para a fase de colheita e dormência, sendo um passo importante na gestão do ciclo de vida anual da cultura.

A poda para controlar a altura

A gestão da altura da alcachofra-de-jerusalém através da poda é uma técnica simples e eficaz. O momento ideal para realizar este corte é no início ou a meio do verão, quando as plantas atingiram uma altura de cerca de 1,2 a 1,5 metros. Nesta fase, a planta já estabeleceu um sistema radicular forte e tem bastante folhagem, mas ainda não começou a investir energia significativa na floração. Podar neste momento permite à planta recuperar rapidamente e redirecionar a sua energia.

O processo de poda é direto: utilizando uma tesoura de poda limpa e afiada, corta o terço superior do caule principal de cada planta. Este tipo de poda é frequentemente chamado de “pinçamento” ou “desponta”, embora seja feito numa escala maior. Este corte remove o meristema apical, que é o ponto de crescimento dominante, e quebra a dominância apical. Como resultado, os gomos laterais mais abaixo no caule são estimulados a crescer, produzindo novos ramos.

Os benefícios de controlar a altura são múltiplos. Plantas mais baixas e compactas são muito menos suscetíveis a serem derrubadas ou quebradas por ventos fortes, eliminando a necessidade de as escorar. Em jardins mais pequenos ou em hortas comunitárias, manter as plantas a uma altura razoável evita que façam sombra excessiva a outras plantas vizinhas que também necessitam de sol. Esteticamente, um canteiro de plantas mais uniformes e arbustivas pode ser mais agradável à vista do que caules altos e esguios.

É importante não podar demasiado tarde na estação. Se esperares até que a planta comece a formar os botões florais, a poda pode stressar a planta e interferir com o processo de translocação de energia para os tubérculos, que se intensifica no final do verão e início do outono. Realizar a poda no início a meio do verão garante que a planta tem tempo suficiente para se ajustar e continuar o seu ciclo de crescimento de forma produtiva, focando-se na produção de tubérculos em vez de no crescimento vertical.

O corte para aumentar o rendimento

Existe uma teoria entre muitos jardineiros de que a poda da alcachofra-de-jerusalém pode, de facto, levar a uma colheita de tubérculos maior e mais abundante. A lógica por trás desta teoria é que, ao remover a parte superior da planta, incluindo os futuros botões florais, a energia que seria gasta na produção de flores e sementes é redirecionada para o subsolo, para o desenvolvimento e engorda dos tubérculos. Este conceito baseia-se na ideia de que a planta tem uma quantidade finita de energia para distribuir, e ao eliminar um dos seus principais sumidouros de energia (a reprodução sexual), mais recursos ficam disponíveis para o armazenamento subterrâneo (reprodução vegetativa).

A técnica é a mesma que a utilizada para controlar a altura: cortar o terço superior dos caules a meio do verão. Ao fazer isto, estás efetivamente a impedir ou a atrasar significativamente a floração. A planta, ao ver o seu esforço reprodutivo frustrado, pode compensar investindo mais fortemente na sua outra estratégia de sobrevivência e propagação: a criação de tubérculos maiores e mais numerosos. Estes tubérculos são os seus órgãos de armazenamento de energia, que lhe permitirão sobreviver ao inverno e brotar novamente na primavera seguinte.

Embora esta prática seja amplamente adotada e a sua lógica seja sólida, os resultados podem variar dependendo das condições de cultivo, da variedade da planta e de outros fatores. Alguns jardineiros juram que obtêm colheitas significativamente maiores ao podar, enquanto outros não notam uma diferença substancial. A melhor maneira de determinar se funciona para ti é experimentar. Poda metade do teu canteiro e deixa a outra metade crescer naturalmente, e depois compara os resultados da colheita no outono.

Independentemente de o aumento do rendimento ser dramático ou apenas modesto, a poda oferece os benefícios adicionais já mencionados, como o controlo da altura e a criação de plantas mais robustas. Portanto, mesmo que o principal objetivo seja aumentar a colheita, os outros resultados positivos tornam a prática vantajosa em muitos cenários de jardinagem. É uma técnica de baixo risco e com potencial para uma grande recompensa.

A remoção de flores

A remoção específica das flores, um processo conhecido como “deadheading” ou desfloração, é uma forma mais direcionada de aplicar a teoria de redirecionamento de energia. Se não desejas podar a altura da planta, mas ainda queres tentar incentivar a produção de tubérculos, podes simplesmente cortar as flores assim que elas aparecem no final do verão ou início do outono. As flores da alcachofra-de-jerusalém são amarelas e semelhantes a pequenos girassóis, e embora sejam atraentes para os polinizadores, a produção de sementes consome uma quantidade considerável de energia da planta.

Ao cortar os caules das flores antes que tenham a oportunidade de se desenvolver completamente e produzir sementes, envias um sinal à planta para que abandone o seu esforço de reprodução sexual. A energia e os nutrientes que teriam sido mobilizados para a maturação das sementes são, em teoria, libertados para serem transportados para baixo e armazenados nos tubérculos. Este processo deve ser feito continuamente, removendo quaisquer novas flores que se formem.

Esta técnica é particularmente útil se gostas da altura imponente das plantas, mas queres maximizar a tua colheita. Permite-te desfrutar da presença dramática da planta no jardim durante a maior parte da estação, intervindo apenas no final para otimizar a produção subterrânea. É um compromisso entre deixar a planta seguir o seu curso natural e geri-la ativamente para fins de colheita.

No entanto, vale a pena notar que as flores podem ter o seu próprio valor no ecossistema do jardim. Elas fornecem uma fonte tardia de néctar e pólen para abelhas e outros insetos benéficos, numa altura do ano em que outras flores podem ser escassas. Portanto, a decisão de remover as flores envolve uma ponderação entre maximizar potencialmente a tua colheita de tubérculos e apoiar a vida selvagem local. Podes optar por um compromisso, removendo as flores da maioria das plantas, mas deixando algumas intactas para os polinizadores.

O corte no final da estação

Independentemente de teres podado as tuas plantas durante o verão ou não, o corte no final da estação é uma prática recomendada para todos os cultivadores de alcachofra-de-jerusalém. Este corte ocorre no outono, após as primeiras geadas fortes terem feito com que a folhagem e os caules murchem, sequem e fiquem castanhos. Nesta fase, a planta completou o seu ciclo de crescimento ativo e transferiu toda a sua energia da parte aérea para os tubérculos subterrâneos.

Utilizando uma tesoura de poda ou um corta-sebes, corta os caules secos a uma altura de cerca de 10 a 15 centímetros acima do nível do solo. Deixar estes pequenos tocos tem duas vantagens práticas. Primeiro, eles servem como marcadores claros da localização dos aglomerados de tubérculos, o que é extremamente útil se planeares colher ao longo do inverno. Em segundo lugar, ter um pequeno “cabo” facilita o processo de levantar o aglomerado de tubérculos do solo com uma forquilha de jardim.

A remoção do material vegetal morto é uma importante medida de saneamento do jardim. Os caules e folhas em decomposição podem abrigar esporos de doenças fúngicas ou ovos de pragas, que poderiam sobreviver ao inverno e causar problemas na estação seguinte. O material cortado pode ser adicionado à pilha de compostagem, desde que não mostre sinais de doença grave (como a podridão branca). Se houver sinais de doença, é mais seguro queimar o material ou descartá-lo no lixo.

Este corte final arruma o canteiro para o inverno, melhora a circulação de ar ao nível do solo e prepara a área para a aplicação de uma camada de mulch de inverno, se optares por essa estratégia. É o último passo na gestão da parte aérea da planta e marca o início da tão esperada estação de colheita. É um ato de fecho do ciclo de crescimento anual, abrindo caminho para a dormência do inverno e a renovação da primavera.

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