A plantação e a propagação da trombeta de anjo são processos fundamentais que permitem não só introduzir esta planta espetacular no jardim, mas também multiplicar os exemplares existentes, partilhando a sua beleza com outros entusiastas. A plantação correta estabelece a base para um crescimento saudável e uma floração exuberante, exigindo atenção à escolha do local, à preparação do solo e ao manuseamento cuidadoso da jovem planta. Por outro lado, a propagação, que pode ser feita através de estacas ou sementes, é uma forma gratificante de criar novas plantas geneticamente idênticas à planta-mãe ou de explorar novas variedades. Dominar estas técnicas é essencial para qualquer jardineiro que deseje ter sucesso no cultivo a longo prazo desta fascinante espécie tropical.
O momento ideal para plantar a trombeta de anjo no exterior é na primavera, após ter passado todo o risco de geada e quando as temperaturas do solo começam a aquecer. Plantar nesta altura dá à planta toda a estação de crescimento para se estabelecer e desenvolver um sistema radicular forte antes da chegada do inverno seguinte. Se adquiriu uma planta jovem de um viveiro, é importante aclimatá-la gradualmente às condições exteriores durante uma ou duas semanas. Este processo, conhecido como “endurecimento”, envolve expor a planta ao sol e ao vento por períodos progressivamente mais longos, evitando assim o choque do transplante e a queimadura das folhas.
A escolha do local de plantação é um fator crítico. A trombeta de anjo prospera em locais que recebem pelo menos seis horas de luz solar direta por dia, preferencialmente o sol da manhã, com alguma proteção contra o sol forte da tarde em climas muito quentes. O local deve também ser protegido de ventos fortes, que podem danificar as suas grandes folhas e flores pendentes. O solo deve ser rico em matéria orgânica e bem drenado. Para preparar o buraco de plantação, cave um buraco que seja duas vezes mais largo e tão profundo como o torrão da planta. Misture uma quantidade generosa de composto orgânico ou estrume bem curtido com a terra retirada do buraco para enriquecer o solo.
Ao plantar, retire cuidadosamente a planta do seu recipiente original, tentando perturbar o mínimo possível o torrão. Coloque a planta no centro do buraco, certificando-se de que o topo do torrão fica ao mesmo nível ou ligeiramente acima do solo circundante. Preencha o buraco com a mistura de terra enriquecida, pressionando suavemente para eliminar bolsas de ar. Após a plantação, regue abundantemente para assentar o solo e ajudar as raízes a estabelecer contacto com o novo ambiente. A aplicação de uma camada de mulching orgânico, como casca de pinheiro ou palha, à volta da base da planta ajudará a conservar a humidade do solo, a suprimir o crescimento de ervas daninhas e a manter as raízes frescas.
A propagação por estacas
A propagação por estacas é o método mais comum, rápido e fiável para multiplicar a trombeta de anjo, garantindo que as novas plantas sejam clones exatos da planta-mãe. A melhor altura para tirar estacas é durante o final da primavera ou no verão, quando a planta está em pleno crescimento. Escolha ramos saudáveis, semi-lenhosos (nem demasiado verdes e tenros, nem demasiado velhos e lenhosos). As estacas devem ter entre 15 a 20 centímetros de comprimento e a espessura de um lápis, contendo pelo menos dois ou três nós (os pontos onde as folhas crescem). Faça um corte limpo e diagonal logo abaixo de um nó, utilizando uma faca afiada ou uma tesoura de poda esterilizada.
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Após cortar as estacas, remova todas as folhas da metade inferior, deixando apenas duas ou três folhas no topo para reduzir a perda de água por transpiração. Se as folhas restantes forem muito grandes, pode cortá-las ao meio para o mesmo efeito. Embora não seja estritamente necessário, mergulhar a base da estaca numa hormona de enraizamento pode aumentar significativamente a taxa de sucesso e acelerar o processo de formação de raízes. A hormona de enraizamento, disponível em pó ou em gel, ajuda a proteger o corte de fungos e estimula o desenvolvimento de um sistema radicular forte e saudável.
Existem dois métodos principais para enraizar as estacas: na água ou diretamente no substrato. Para o enraizamento na água, coloque as estacas num frasco com água, garantindo que os nós inferiores fiquem submersos. Troque a água a cada dois ou três dias para evitar a proliferação de bactérias. As raízes geralmente começam a aparecer dentro de algumas semanas. Quando as raízes atingirem alguns centímetros de comprimento, as estacas podem ser transplantadas para vasos com um substrato leve e bem drenado. Este método permite observar o desenvolvimento das raízes, o que pode ser muito gratificante.
Para o enraizamento direto no substrato, prepare pequenos vasos com uma mistura de enraizamento leve, como uma combinação de turfa e perlite ou vermiculite. Faça um buraco no substrato com um lápis, insira a base da estaca (com a hormona de enraizamento, se utilizada) e pressione o substrato suavemente à volta. Regue bem e cubra o vaso com um saco de plástico transparente ou uma garrafa de plástico cortada para criar um ambiente húmido, tipo estufa. Coloque os vasos num local quente e com luz indireta brilhante. Mantenha o substrato húmido e ventile o saco diariamente para evitar o excesso de condensação. As raízes devem formar-se dentro de 4 a 8 semanas.
A propagação por sementes
A propagação da trombeta de anjo a partir de sementes é um processo mais demorado e menos previsível do que a propagação por estacas, mas pode ser uma experiência emocionante, especialmente se estiver a trabalhar com híbridos, pois as plantas resultantes podem apresentar variações interessantes em relação às plantas-mãe. As sementes formam-se dentro de vagens que se desenvolvem após a polinização das flores. As vagens devem ser deixadas a amadurecer na planta até ficarem secas e castanhas. Colha as vagens antes que se abram e espalhem as sementes. Abra as vagens com cuidado e retire as sementes, que têm uma aparência peculiar, semelhante a cortiça.
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Antes de semear, é altamente recomendável mergulhar as sementes em água morna durante 24 a 48 horas. Este processo de escarificação ajuda a amolecer o revestimento duro da semente e a quebrar a sua dormência, o que melhora significativamente a taxa de germinação. Após a imersão, as sementes estão prontas para serem semeadas. Prepare tabuleiros de sementeira ou pequenos vasos com um substrato de germinação de alta qualidade, que deve ser leve, estéril e bem drenado. Humedeça o substrato antes de semear para garantir que está uniformemente húmido.
Plante as sementes a uma profundidade de cerca de 0,5 a 1 centímetro, cobrindo-as levemente com o substrato. Após a sementeira, borrife a superfície com água para garantir um bom contacto entre a semente e o solo. Para manter a humidade e o calor, cubra os recipientes com uma tampa de plástico transparente ou película aderente. Coloque os tabuleiros num local quente, com temperaturas constantes entre 20 e 25 graus Celsius. O uso de um tapete de aquecimento pode ser muito benéfico para acelerar a germinação. A luz não é essencial para a germinação inicial, mas assim que as plântulas emergirem, devem ser movidas para um local com luz brilhante e indireta.
A germinação pode ser irregular e levar de algumas semanas a vários meses, por isso a paciência é fundamental. Mantenha o substrato consistentemente húmido, mas não encharcado, durante todo o processo. Assim que as plântulas desenvolverem o seu primeiro par de folhas verdadeiras, a cobertura de plástico pode ser removida gradualmente para as aclimatar a uma humidade mais baixa. Quando as plântulas estiverem suficientemente grandes para serem manuseadas, podem ser transplantadas cuidadosamente para vasos individuais. Continue a cultivá-las num local protegido até estarem suficientemente fortes para serem plantadas no exterior.
O transplante e a aclimatação
O transplante é uma etapa necessária no ciclo de vida da trombeta de anjo, especialmente para as plantas cultivadas em vasos, que eventualmente esgotarão o espaço e os nutrientes disponíveis no seu recipiente. Geralmente, o transplante deve ser feito a cada um ou dois anos, preferencialmente na primavera, no início da estação de crescimento. Sinais de que uma planta precisa de ser transplantada incluem raízes a sair pelos furos de drenagem, crescimento lento apesar da fertilização adequada e a necessidade de regas muito frequentes porque o solo seca demasiado rápido. Escolha um novo vaso que seja cerca de 5 a 10 centímetros maior em diâmetro do que o atual.
A preparação para o transplante é importante para minimizar o stress da planta. Regue bem a planta um ou dois dias antes do transplante para garantir que o torrão está húmido e mais fácil de remover. Prepare o novo vaso colocando uma camada de drenagem no fundo, se desejar, e adicionando uma camada de substrato fresco e de alta qualidade. Com cuidado, incline o vaso antigo e dê umas pancadas para soltar a planta. Segure a base do caule e deslize a planta para fora. Se a planta estiver com as raízes muito enoveladas (root-bound), use os dedos ou uma pequena ferramenta para soltar suavemente as raízes exteriores, o que as incentivará a crescer para o novo solo.
Coloque a planta no centro do novo vaso, ajustando a altura com mais substrato no fundo, se necessário, para que o topo do torrão fique ao mesmo nível que ficava no vaso anterior. Preencha os espaços laterais com o novo substrato, pressionando levemente para eliminar bolsas de ar. Evite compactar demasiado o solo, pois isso pode prejudicar a drenagem e a aeração. Após o transplante, regue abundantemente até a água começar a sair pelos furos de drenagem. Isto ajuda a assentar o solo e a reidratar a planta.
Após o transplante, a planta entrará num período de ajustamento. É aconselhável colocar a planta recém-transplantada num local com luz indireta e protegida do vento forte durante uma ou duas semanas para que possa recuperar do choque. Evite fertilizar a planta durante as primeiras três a quatro semanas após o transplante, pois o novo substrato já contém nutrientes e as raízes danificadas são sensíveis aos sais dos fertilizantes. Retome a rotina normal de rega e fertilização assim que observar sinais de novo crescimento, o que indica que a planta se estabeleceu com sucesso no seu novo lar.
Cuidados com as plantas jovens
As jovens plantas de trombeta de anjo, sejam elas provenientes de estacas enraizadas ou de sementes germinadas, requerem cuidados especiais para garantir que se tornem exemplares fortes e saudáveis. Estas plantas jovens são mais vulneráveis a flutuações de temperatura, stress hídrico e pragas. Durante as suas primeiras semanas e meses, é crucial fornecer-lhes um ambiente estável e protegido. Mantenha-as num local com luz brilhante mas indireta, pois o sol direto e forte pode queimar as suas folhas tenras. Uma janela virada a leste ou uma estufa com sombreamento são locais ideais.
A rega é um aspeto crítico no cuidado das plantas jovens. O seu pequeno sistema radicular ainda está a desenvolver-se e é sensível tanto à seca como ao excesso de água. O substrato deve ser mantido consistentemente húmido, mas não encharcado. Verifique a humidade do solo diariamente e regue sempre que a camada superficial começar a secar. Use um regador com um bico fino ou um borrifador para regar suavemente e evitar desalojar as plântulas ou as estacas recém-enraizadas. À medida que as plantas crescem, as suas necessidades de água aumentarão, exigindo um ajuste na frequência da rega.
A fertilização das plantas jovens deve ser feita com cautela. Espere até que as estacas mostrem sinais claros de novo crescimento ativo ou que as plântulas tenham desenvolvido vários pares de folhas verdadeiras antes de começar a fertilizar. Comece com um fertilizante líquido equilibrado, diluído para metade da dose recomendada na embalagem. Fertilize a cada duas ou três semanas inicialmente, aumentando gradualmente a concentração e a frequência à medida que a planta cresce e se fortalece. A sobrefertilização pode queimar as raízes delicadas e ser mais prejudicial do que benéfica nesta fase inicial.
À medida que as plantas jovens crescem, pode ser necessário “beliscar” as pontas dos caules para incentivar a ramificação e um crescimento mais compacto e arbustivo. Este processo envolve simplesmente remover a ponta de crescimento de cada caule, o que estimula os botões laterais a desenvolverem-se em novos ramos. Esteja atento a pragas como afídeos e ácaros, que podem ser particularmente atraídos por tecidos vegetais jovens e tenros. Inspecione as plantas regularmente e, ao primeiro sinal de infestação, trate com um sabão inseticida suave ou óleo de neem, seguindo as instruções do produto. Com estes cuidados, as suas jovens trombetas de anjo estarão bem encaminhadas para se tornarem espécimes magníficos.
