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Poda e corte do corniso Kousa

Daria · 03.02.2025.

O corniso Kousa, cientificamente conhecido como Cornus kousa, é uma deslumbrante árvore ornamental que cativa com a sua elegante estrutura de ramos que se espalham horizontalmente e as suas flores em forma de estrela que florescem na primavera. Felizmente, esta planta requer pouca manutenção e não tem requisitos especiais de poda, o que é uma excelente notícia para jardineiros iniciantes. O objetivo principal da poda não é a modelação drástica, mas sim realçar a beleza natural da árvore, manter a sua saúde e prevenir doenças. Uma intervenção corretamente realizada ajuda a manter uma forma de copa arejada, mas harmoniosa, permitindo uma ótima circulação de luz e ar entre os ramos, reduzindo assim o risco de infeções fúngicas.

O aspeto mais crucial da poda é o momento certo, que é fundamental para a saúde e a capacidade de floração da árvore. A poda do corniso Kousa deve ser feita idealmente durante o período de dormência do final do inverno ou início da primavera, antes que os gomos rebentem. Durante este tempo, a árvore ainda não iniciou a circulação intensa de seiva, pelo que as feridas cicatrizam mais rapidamente e a perda de seiva, que poderia enfraquecer a planta, é minimizada. Alternativamente, o período após a floração também pode ser adequado para pequenos cortes corretivos, mas deve-se proceder com mais cautela. Nunca pode a árvore no outono, pois os cortes frescos não conseguem cicatrizar adequadamente antes da chegada do inverno, o que pode levar a danos por geada e infeções.

A poda na altura errada pode ter várias consequências negativas que prejudicam o valor estético e a vitalidade da árvore. Por exemplo, se a intervenção for realizada na primavera antes da floração, pode facilmente remover os gomos dos quais as belas flores se desenvolveriam, o que significa que teria de prescindir do espetacular espetáculo floral desse ano. Uma poda mais vigorosa durante a estação de crescimento pode causar um fluxo excessivo de seiva (sangramento), que atrai pragas e patógenos e representa uma perda significativa de energia para a árvore. Uma intervenção inadequada enfraquece a resistência da árvore e, a longo prazo, pode até levar à sua morte, pelo que se deve sempre proceder com cautela.

Antes de iniciar o trabalho, é essencial preparar as ferramentas certas, que devem estar limpas e extremamente afiadas. Ferramentas sem corte esmagam os tecidos da planta, dificultando a cicatrização de feridas e abrindo a porta a infeções. Para ramos mais finos, um bom par de tesouras de poda é suficiente, enquanto para ramos mais grossos, com cerca de 2-5 centímetros de diâmetro, precisará de um podão para garantir uma superfície de corte limpa. Para ramos ainda mais grossos, use uma serra de dentes afiados e garanta sempre um corte preciso e suave para que a árvore possa fechar a ferida o mais facilmente possível. Desinfete as ferramentas com álcool ou uma solução de lixívia antes e depois de cada utilização para prevenir a propagação de patógenos.

Poda de formação do jovem corniso Kousa

A poda de formação durante os primeiros anos de vida de um jovem corniso Kousa é fundamental para estabelecer a futura estrutura e estabilidade da árvore. Durante este período, o objetivo é desenvolver um líder central forte e uma estrutura de ramos bem disposta que tenda a uma orientação horizontal. A poda de formação ajuda a prevenir problemas estruturais futuros, como uma copa demasiado densa ou ramos que se cruzam e roçam uns nos outros. Este cuidado garante que a árvore adotará mais tarde uma forma saudável, estética e proporcional, tornando-se uma joia do jardim. As intervenções devem ser sempre realizadas durante o período de dormência para que a árvore possa concentrar a sua energia no crescimento da primavera.

O primeiro passo é identificar e fortalecer o líder central, que forma o eixo vertical da árvore. Se encontrar vários líderes a competir, escolha o rebento mais forte e reto e remova os outros na base. Em seguida, selecione 3 a 5 ramos estruturais fortes em espiral à volta do tronco, que serão os principais pilares de suporte da árvore no futuro. É importante que estes ramos não se originem do mesmo ponto, mas que estejam a uma distância vertical de pelo menos 15-20 centímetros uns dos outros e formem um ângulo ótimo de cerca de 45-60 graus com o tronco. Remova os ramos que crescem demasiado inclinados ou demasiado planos, pois são propensos a quebrar.

Durante a poda de formação, deve ser dada especial atenção à remoção de ramos que crescem incorretamente e que podem causar problemas a longo prazo. Estes incluem ramos que se cruzam ou roçam uns nos outros, causando ferimentos e abrindo caminhos para patógenos. Também deve remover os rebentos que crescem para dentro, em direção ao centro da copa, pois adensam a folhagem e dificultam a circulação do ar. Além disso, pode os rebentos ladrões e os rebentos de raiz que emergem do tronco ou da base da raiz, pois desviam desnecessariamente os nutrientes das partes mais valiosas da árvore. O objetivo é criar uma estrutura de copa aberta e arejada.

Fazer os cortes corretamente é essencial para uma cicatrização rápida e sem problemas. Faça sempre o corte logo acima de um gomo ou de um ramo lateral, com uma superfície de corte ligeiramente inclinada para que a água possa escorrer. Ao remover ramos mais grossos, use a técnica de três cortes: primeiro, faça um pequeno corte por baixo na parte inferior do ramo, depois corte a maior parte do ramo mais longe do tronco e, finalmente, remova o toco restante ao longo do colar do ramo sem o danificar. O colar do ramo contém as células responsáveis por fechar a ferida, pelo que a sua proteção é fundamental. Nunca deixe tocos longos, pois cicatrizam mal e podem tornar-se pontos de partida para a decomposição.

Poda de manutenção da árvore madura

Quando o corniso Kousa atinge o seu tamanho maduro e a sua forma final está estabelecida, a estratégia de poda muda. Em vez da poda de formação, o foco muda para a preservação a longo prazo da saúde e da aparência estética da árvore, o que é chamado de poda de manutenção. Esta intervenção é muito menos intensiva e é geralmente realizada uma vez por ano ou a cada dois anos durante o período de dormência. O objetivo é manter a leveza da copa, remover partes doentes ou danificadas e preservar o hábito natural e elegante da árvore. A poda de manutenção regular, mas suave, contribui para a longa vida e floração abundante da árvore.

A regra básica da poda de manutenção é o princípio dos “três D’s”: remover ramos doentes (diseased), danificados (damaged) e mortos (dead). Primeiro, inspecione minuciosamente a copa da árvore e procure quaisquer ramos que mostrem sinais de doença (descoloração, cancros), danos mecânicos (quebra, fissuras) ou sinais claros de estarem mortos. Estes ramos devem ser completamente removidos, cortando até uma parte saudável ou, se necessário, podando-os na base. Esta limpeza não só melhora esteticamente a aparência da árvore, mas também previne a propagação de patógenos e elimina ramos potencialmente perigosos e propensos a quebrar.

Após a poda de limpeza, o objetivo é desbastar a copa para melhorar a penetração da luz e a circulação do ar dentro da folhagem. Isto reduz a humidade entre os ramos, criando condições desfavoráveis para doenças fúngicas como o oídio. Remova cuidadosamente os ramos que estão demasiado densos, que crescem para dentro ou que se cruzam. Ao desbastar, esforce-se por não alterar drasticamente a forma natural da árvore, mas simplesmente por criar uma estrutura mais arejada e transparente. Nunca remova mais de 20-25% da folhagem de uma só vez, pois isso sobrecarregaria demasiado a árvore.

A poda de manutenção também inclui o controlo contínuo de rebentos ladrões e rebentos de raiz. Os rebentos ladrões são rebentos vigorosos, de crescimento vertical, que geralmente aparecem na parte superior dos ramos estruturais, enquanto os rebentos de raiz se originam da base da raiz ou das raízes. Ambos os tipos de rebentos crescem extremamente rápido e desperdiçam desnecessariamente a energia e os nutrientes da árvore, ao mesmo tempo que prejudicam a aparência estética da copa. Estes rebentos devem ser removidos o mais rapidamente possível após o seu aparecimento, antes que se tornem lenhosos. A sua remoção regular ajuda a manter o crescimento e a forma equilibrados da árvore.

Técnicas especiais de poda e corte drástico

Em alguns casos, a poda de manutenção padrão não é suficiente e é necessária uma intervenção mais especializada para restaurar a saúde ou a forma de um corniso Kousa. Isto pode ser, por exemplo, o rejuvenescimento de uma árvore velha, negligenciada, demasiado densa ou com poucos ramos, o que é chamado de poda de rejuvenescimento. Este é um procedimento mais intensivo que visa estimular o crescimento de novos rebentos saudáveis e restaurar a vitalidade da árvore. A poda de rejuvenescimento deve ser sempre realizada com grande cuidado e perícia, pois uma intervenção drástica mal executada pode até levar à morte da árvore. Esta técnica só deve ser utilizada quando for verdadeiramente inevitável.

A poda de rejuvenescimento é geralmente realizada gradualmente ao longo de vários anos para não chocar a árvore. No primeiro ano, remova todos os ramos mortos, doentes e danificados, bem como cerca de um terço dos ramos estruturais mais antigos e menos produtivos. Corte estes ramos perto do tronco, poupando o colar do ramo, para dar espaço a novos rebentos. Continue o processo nos dois a três anos seguintes, removendo uma parte dos ramos velhos restantes a cada ano, enquanto seleciona e treina os novos rebentos mais viáveis que formarão o futuro sistema estrutural. Esta abordagem gradual permite que a árvore se regenere e desenvolva uma copa completamente nova e saudável.

O corte drástico, também conhecido como poda de topo (topping), é uma prática extremamente prejudicial e pouco profissional que deve ser evitada a todo o custo com os corniso Kousa. Este método envolve o corte indiscriminado dos ramos principais da árvore, o que deixa feridas enormes e de cicatrização lenta e destrói a estrutura e a beleza natural da árvore. Em resposta à poda de topo, a árvore entra em pânico e produz uma multidão de rebentos ladrões fracos e de crescimento denso que se partem facilmente e são suscetíveis a doenças. Embora o objetivo seja a redução do tamanho a curto prazo, a longo prazo resulta numa árvore feia, doentia e perigosa, pelo que este método nunca deve ser utilizado.

O cuidado pós-poda é tão importante quanto a própria intervenção, pois ajuda a árvore a recuperar rapidamente. Após a poda, é aconselhável regar bem a árvore, especialmente se a intervenção ocorreu durante um período seco. Uma camada de mulching (por exemplo, casca de pinheiro ou composto) espalhada à volta da base da árvore ajuda a reter a humidade do solo, a regular a sua temperatura e a suprimir as ervas daninhas. Os cicatrizantes de feridas geralmente não são recomendados para cortes maiores hoje em dia, pois a investigação mostra que os mecanismos de defesa naturais da árvore são mais eficazes, mas é importante verificar regularmente a cicatrização das feridas e estar atento a quaisquer sinais de infeção.

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