A margarida-africana, também conhecida como dimorfoteca ou margarida-do-cabo, é uma planta ornamental anual de uma beleza estonteante, originária da África do Sul, sendo um toque de cor favorito em jardins ensolarados e canteiros de flores. As suas flores vibrantes, semelhantes a margaridas, brilham em tons de amarelo, laranja, branco e rosa, muitas vezes com um centro contrastante, atraindo tanto os insetos polinizadores como os olhares dos entusiastas da jardinagem. No entanto, para que estas flores maravilhosas desabrochem em todo o seu esplendor e para que a planta se mantenha saudável e resistente, é essencial garantir um fornecimento adequado de nutrientes. O objetivo deste artigo é apresentar detalhadamente as necessidades nutricionais da margarida-africana e as práticas corretas de fertilização, para que todos possam tirar o máximo proveito desta planta grata.
A margarida-africana é considerada uma planta relativamente pouco exigente, mas isso não significa que não precise de nutrientes para uma floração abundante e um desenvolvimento saudável. No seu habitat original, nos solos arenosos e pobres em nutrientes da região do Cabo, consegue sobreviver, o que indica que não pertence às plantas particularmente “gulosas”. No entanto, em condições de jardim, onde o objetivo é a produção máxima de flores e um valor ornamental duradouro, um fornecimento equilibrado de nutrientes é crucial. Um fornecimento excessivo de nutrientes, contudo, pode ser tão prejudicial como a sua carência, pelo que é importante encontrar um meio-termo.
As características botânicas da planta, como o seu sistema radicular relativamente superficial mas extenso, e o seu rápido ritmo de crescimento, determinam como e sob que forma consegue absorver mais eficientemente os nutrientes necessários. Sendo uma planta heliófila, a presença de nutrientes é essencial para uma fotossíntese adequada e, consequentemente, para a produção de energia. A gestão da água está também intimamente ligada à absorção de nutrientes, uma vez que a maioria dos elementos chega às raízes sob forma dissolvida na água.
Se examinarmos as condições do solo do habitat natural da margarida-africana, observamos que esta se adaptou bem a solos mais secos, de textura mais solta, frequentemente arenosos ou pedregosos. Estes solos geralmente não são ricos em matéria orgânica e os nutrientes são facilmente lixiviados deles. Esta capacidade de adaptação permite-lhe contentar-se também no jardim com uma fertilização menos intensiva; além disso, um meio excessivamente rico em nutrientes pode mesmo prejudicar a floração, levando a um desenvolvimento excessivo da folhagem.
Portanto, uma nutrição equilibrada não influencia apenas o número e o tamanho das flores, mas também a vitalidade geral da planta e a sua resistência a doenças e pragas. Uma fertilização incorreta pode enfraquecer a planta, torná-la mais suscetível a doenças fúngicas ou causar distúrbios na absorção de nutrientes. Nos capítulos seguintes, detalharemos quais são esses nutrientes chave de que a margarida-africana necessita e como podemos garantir o seu nível ótimo.
Necessidades nutricionais básicas da margarida-africana
Um dos pilares do cultivo bem-sucedido da margarida-africana é a compreensão e satisfação das necessidades nutricionais básicas da planta. Como todas as plantas, os macronutrientes, necessários em maiores quantidades para o crescimento e desenvolvimento, são também indispensáveis para a margarida-africana. Estes incluem o azoto (N), o fósforo (P) e o potássio (K), cada um desempenhando um papel específico e vital nos processos vitais da planta. Uma proporção equilibrada destes elementos é particularmente importante, uma vez que a margarida-africana não aprecia concentrações excessivas de nutrientes, pelo que a ênfase é colocada num fornecimento harmonioso em vez de doses abundantes.
O azoto é principalmente responsável pelo crescimento das partes vegetativas, ou seja, das folhas e do caule, e desempenha um papel fundamental na formação da clorofila, que confere à planta a sua cor verde e é essencial para a fotossíntese. No caso da margarida-africana, um fornecimento adequado de azoto garante uma folhagem luxuriante e saudável, que serve de base para a posterior formação das flores. No entanto, deve-se evitar a sobredosagem de azoto, pois isso pode levar a um desenvolvimento excessivo da folhagem em detrimento das flores, a planta pode tornar-se flácida e mais suscetível a doenças. Geralmente, a necessidade de azoto é maior no início do crescimento vegetativo, sendo depois recomendado reduzir a quantidade.
O fósforo é de importância fundamental para o desenvolvimento do sistema radicular, a formação de flores e sementes, bem como para os processos de transformação de energia. Para a margarida-africana, o fósforo garante um sistema radicular forte e extenso, que permite uma absorção mais eficiente de água e nutrientes, especialmente em solos mais secos e soltos. Além disso, o fósforo estimula a formação de botões e contribui para a cor vibrante e durabilidade das flores. Em caso de deficiência de fósforo, a planta desenvolve-se fracamente, as folhas podem tornar-se mais escuras, até violáceas, e a floração pode ser ausente ou reduzida.
O papel do potássio é multifacetado: contribui para a saúde geral da planta, aumenta a sua tolerância ao stress, por exemplo, à seca ou às flutuações de temperatura, e melhora a sua resistência a doenças. O potássio regula o balanço hídrico da planta, ajuda no transporte de nutrientes dentro da planta e ativa diversos processos enzimáticos. No caso da margarida-africana, um fornecimento adequado de potássio contribui para a formação de caules sólidos, para a cor intensa das flores e para um período de floração mais longo. Como sinal de deficiência de potássio, as margens das folhas podem amarelecer, depois acastanhar, e o estado geral da planta pode deteriorar-se.
O papel dos micronutrientes e outros elementos importantes
Embora os macronutrientes, como o azoto, o fósforo e o potássio, sejam necessários em maiores quantidades para a margarida-africana, os micronutrientes, ou oligoelementos, são indispensáveis para a manutenção dos processos vitais saudáveis da planta. Estes elementos são necessários em concentrações muito menores, mas a sua carência pode causar problemas tão graves como a carência de macronutrientes. Entre os micronutrientes mais importantes encontram-se o ferro (Fe), o manganês (Mn), o zinco (Zn), o cobre (Cu), o boro (B) e o molibdénio (Mo), cada um participando em processos enzimáticos e fisiológicos específicos.
O ferro assume uma importância particular na síntese da clorofila, influenciando assim diretamente a eficiência da fotossíntese e a cor verde da planta. Na ausência de ferro, as folhas mais jovens da margarida-africana apresentam uma clorose característica, ou seja, um amarelecimento, enquanto as nervuras das folhas podem permanecer verdes. Este sintoma é particularmente frequente em solos calcários e alcalinos, onde a disponibilidade de ferro é limitada. Para a prevenção e tratamento da carência de ferro, pode-se recorrer à utilização de corretores de solo que proporcionem um meio mais ácido ou à aplicação de fertilizantes foliares contendo ferro quelatado.
Outros micronutrientes, como o manganês, desempenham também um papel importante na fotossíntese e na ativação de enzimas. O boro é essencial para a formação das paredes celulares, para o transporte de hidratos de carbono e para a frutificação das flores e dos frutos, pelo que a sua carência pode causar problemas de floração na margarida-africana. O zinco é um componente de numerosas enzimas e participa também na síntese de hormonas de crescimento. A carência ou o excesso tóxico destes elementos é menos frequente, mas uma vida equilibrada do solo e a manutenção de um pH adequado ajudam a evitar tais problemas.
Não se deve esquecer também os macronutrientes secundários, como o cálcio (Ca) e o magnésio (Mg), que são igualmente vitais. O cálcio fortalece as paredes celulares, participa na divisão celular e no transporte de nutrientes. O magnésio é o átomo central da molécula de clorofila, estando assim diretamente ligado à fotossíntese, e é também um ativador de numerosas enzimas. Embora estes elementos estejam geralmente presentes em quantidades suficientes na maioria dos solos de jardim, em solos arenosos, ácidos ou em caso de culturas intensivas, a sua suplementação pode tornar-se necessária, por exemplo, sob a forma de dolomite moída ou sulfato de magnésio.
Preparação do solo e absorção de nutrientes
A eficiência da absorção de nutrientes pela margarida-africana depende em grande parte da qualidade do solo e da sua preparação adequada. O solo ideal para esta planta tem uma boa capacidade de drenagem, uma estrutura solta e um pH ligeiramente ácido ou neutro. Solos excessivamente compactos e argilosos não são favoráveis, pois a água estagnada pode levar à podridão das raízes e impedir a disponibilidade de nutrientes. Por outro lado, solos demasiado arenosos, embora garantam uma boa drenagem, também deixam os nutrientes infiltrar-se rapidamente, pelo que uma fertilização suplementar mais frequente pode ser necessária.
A reação química do solo, ou seja, o valor do pH, é um fator crítico para a disponibilité dos nutrientes. Para a margarida-africana, o intervalo de pH ótimo situa-se aproximadamente entre 6,0 e 7,0. Neste intervalo, a maioria dos macro e micronutrientes está presente numa forma facilmente acessível à planta. Se o solo for demasiado ácido (pH baixo), certos elementos, como o alumínio e o manganês, podem dissolver-se em quantidades tóxicas, enquanto a disponibilidade do fósforo diminui. Em solos alcalinos (pH elevado), o ferro, o manganês, o zinco e o boro podem tornar-se dificilmente acessíveis. Para conhecer o valor do pH do solo, é aconselhável realizar uma análise do solo e, se necessário, modificá-lo, por exemplo, através de calagem (alcalinização) ou pela adição de enxofre ou turfa ácida (acidificação).
A incorporação de matérias orgânicas, como composto de boa qualidade ou estrume bem curtido, no solo antes da plantação é extremamente benéfica para a margarida-africana. As matérias orgânicas melhoram a estrutura do solo, aumentam a sua capacidade de retenção de água em solos arenosos e melhoram a drenagem em solos argilosos. Além disso, decompõem-se lentamente, libertando gradualmente os nutrientes que contêm e alimentando os microrganismos benéficos do solo, que contribuem também para a libertação de nutrientes e para a sua transformação numa forma assimilável pelas plantas. As matérias orgânicas, pelo seu efeito tampão, ajudam também a estabilizar o pH do solo.
Uma rega correta está intimamente ligada à absorção de nutrientes, uma vez que as plantas absorvem os nutrientes da solução do solo, sob forma dissolvida na água, através das suas raízes. A margarida-africana tem necessidades de água moderadas e tolera bem curtos períodos de seca, mas tanto uma seca prolongada como uma rega excessiva podem ser-lhe igualmente nefastas. A rega excessiva pode provocar um défice de oxigénio na zona radicular, o que dificulta o funcionamento das raízes e a absorção de nutrientes, e favorece o desenvolvimento de doenças radiculares. Um fornecimento de água uniforme, mas não excessivo, garante a disponibilidade contínua de nutrientes para a planta, sem danificar as raízes.
Estratégias e métodos de fertilização
O princípio básico da fertilização da margarida-africana é a moderação; esta planta tolera melhor condições ligeiramente mais pobres em nutrientes do que a fertilização excessiva. Devido ao seu habitat original, adaptou-se bem a solos mais pobres, pelo que um fornecimento excessivo de nutrientes pode facilmente ter efeitos negativos. Tais efeitos podem ser, por exemplo, o desenvolvimento de uma folhagem luxuriante mas flácida e sensível a doenças, em detrimento da floração, ou a queima das raízes devido à alta concentração de sais nos fertilizantes minerais. Por conseguinte, ao elaborar a estratégia de fertilização, deve-se sempre ter em conta as necessidades da planta e o teor atual de nutrientes do solo.
Na escolha do fertilizante adequado, pode-se optar por várias possibilidades, incluindo fertilizantes orgânicos e inorgânicos (minerais), bem como formulações de libertação lenta e líquidas. Os fertilizantes orgânicos, como o chá de composto, o estrume de bovino curtido granulado, a farinha de ossos ou a emulsão de peixe, libertam lentamente os seus nutrientes, melhoram a estrutura do solo e apoiam a vida do solo, o que é benéfico a longo prazo para a margarida-africana. Os fertilizantes minerais atuam mais rapidamente, mas devem ser aplicados com mais prudência devido ao risco de queimaduras. Os fertilizantes minerais de libertação lenta podem representar um bom compromisso, pois garantem um fornecimento uniforme de nutrientes durante um período mais longo.
O momento e a frequência da fertilização são também cruciais. No caso da margarida-africana, geralmente basta uma fertilização de base no início da estação, no momento da plantação, por exemplo, incorporando no solo composto bem curtido ou um fertilizante mineral equilibrado de libertação lenta. Durante o período de vegetação, especialmente durante a fase de floração intensa, uma fertilização suplementar é possível a cada 2 a 4 semanas, principalmente com fertilizantes líquidos que estimulem a floração, com um teor mais elevado de fósforo e potássio, mas mais baixo de azoto. É importante não administrar mais fertilizantes ricos em azoto no final do verão e início do outono, para não estimular o crescimento de novos rebentos, o que poderia tornar a planta sensível ao gelo, caso se pretenda inverná-la (embora seja geralmente cultivada como planta anual).
No que diz respeito a recomendações específicas de fertilizantes, para a margarida-africana, os fertilizantes gerais para plantas com flor com um rácio NPK equilibrado (por exemplo, 10-10-10) são geralmente apropriados para a fertilização de base, ou preparações com um teor ligeiramente mais elevado de fósforo (P) e potássio (K) (por exemplo, 5-10-10 ou 10-20-10) para estimular a floração. Respeite sempre as instruções de dosagem indicadas na embalagem do fertilizante, pois uma sobredosagem pode causar danos graves. Ao aplicar soluções nutritivas líquidas, certifique-se de que o solo da planta está húmido para evitar queimar as raízes, e nunca verta a solução concentrada diretamente sobre as folhas.
Sintomas comuns de deficiências nutricionais e sinais de fertilização excessiva
A carência de azoto é um dos problemas nutricionais mais comuns que podem afetar a margarida-africana, especialmente em solos arenosos e facilmente lixiviáveis. O sintoma mais característico da carência é o crescimento geral fraco da planta e a descoloração das folhas, especialmente as mais velhas e inferiores, que se tornam verde-pálido, depois amarelas. Nos casos graves, o amarelecimento pode estender-se a toda a planta, e a floração pode ser reduzida ou completamente ausente. É importante distinguir a carência de azoto de outros problemas, como a rega excessiva, que pode também provocar amarelecimento, mas neste caso, as folhas estão mais murchas. Para corrigir a carência de azoto, pode-se administrar um fertilizante azotado de ação rápida ou uma solução nutritiva orgânica (por exemplo, chorume de urtiga).
A carência de fósforo manifesta-se inicialmente por sintomas menos visíveis, mas a longo prazo, pode retardar consideravelmente o desenvolvimento da margarida-africana. Entre os sinais mais característicos encontram-se um fraco desenvolvimento das raízes, um crescimento lento, bem como uma coloração das folhas em verde-escuro, verde-azulado ou mesmo tons violáceos, especialmente na face inferior das folhas e nas margens. A floração é retardada, o número de flores diminui e a formação de sementes pode também ser fraca. A absorção do fósforo depende fortemente do pH, pelo que a verificação do pH do solo e, se necessário, a sua correção, constituem o primeiro passo. Para a suplementação de fósforo, pode-se utilizar farinha de ossos, superfosfato ou um fertilizante estimulante da floração rico em fósforo.
Os sintomas da carência de potássio aparecem mais frequentemente primeiro nas folhas mais velhas, geralmente sob a forma de amarelecimento das margens das folhas, seguido de acastanhamento e ressecamento (necrose). O caule da planta pode enfraquecer e a resistência geral diminui face a doenças e fatores de stress ambiental, como a seca. A cor das flores pode ser mais pálida e o período de floração pode ser encurtado. A carência de potássio pode ser corrigida pela administração de sulfato de potássio, nitrato de potássio ou um fertilizante complexo com alto teor de potássio. No entanto, é importante garantir uma suplementação equilibrada, pois um fornecimento excessivo de potássio pode inibir a absorção de magnésio e cálcio.
A fertilização excessiva pode ser pelo menos tão prejudicial para a margarida-africana como a carência de nutrientes. Uma concentração excessiva de fertilizantes no solo pode “queimar” as raízes, o que leva ao emurchecimento da planta, mesmo com o solo húmido. Os sintomas característicos são manchas castanhas e queimadas nas margens e pontas das folhas, um crescimento fraco e alongado dos rebentos (especialmente em caso de excesso de azoto), bem como uma floração reduzida ou totalmente ausente apesar de uma folhagem luxuriante. Um depósito de sal esbranquiçado pode também aparecer à superfície do solo. Se se suspeitar de fertilização excessiva, o mais importante a fazer é lavar abundantemente o solo com água limpa para que o excesso de sais seja eliminado da zona radicular. No futuro, deve-se reduzir a quantidade e a frequência de administração dos fertilizantes.