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Doenças e pragas do gladíolo-de-muriel

Daria · 31.01.2025.

O gladíolo-de-muriel, cientificamente conhecido como Gladiolus callianthus ‘Murielae’ (frequentemente também referido como Acidanthera murielae), é uma planta bulbosa extraordinariamente elegante e perfumada, originária das regiões mais elevadas do Sul e Este de África. Nas suas hastes delgadas, ostenta flores brancas em forma de estrela com uma mancha castanho-escura profunda na garganta, conferindo um encanto especial aos jardins de final de verão e início de outono. Embora seja considerada uma planta relativamente resistente, infelizmente, não está completamente isenta de diversas doenças e pragas que podem, ocasionalmente, causar sérias dores de cabeça aos dedicados amantes de jardins. O reconhecimento atempado destes problemas e a aplicação de estratégias de proteção adequadas são cruciais para que possamos desfrutar do esplendor destas maravilhosas flores ano após ano.

Durante o cultivo do gladíolo-de-muriel, é importante estar ciente dos perigos potenciais que podem ameaçar a saúde da planta. A prevenção é sempre a melhor defesa, pelo que assegurar condições de cultivo adequadas, como um solo bem drenado, uma localização soalheira e uma fertilização especializada, pode, por si só, ajudar significativamente a evitar problemas. A qualidade dos bolbos também é decisiva; deve-se sempre escolher material de plantio saudável e sem danos, de fontes confiáveis. Assegurar um espaçamento adequado entre as plantas promove a circulação do ar, reduzindo assim o risco de infeções fúngicas.

No caso de aparecimento de doenças e pragas, uma reação rápida e eficaz é essencial. Através da inspeção regular das plantas, é necessário monitorizar quaisquer alterações nas folhas, caules e flores, tais como manchas, deformações ou vestígios da presença de pragas. Se forem detetados sinais suspeitos, é importante identificar o agente causador da doença ou a praga para que se possa realizar uma proteção direcionada. Neste artigo, apresentaremos detalhadamente os problemas mais comuns que afetam o gladíolo-de-muriel e as possibilidades de um combate eficaz.

Ao implementar medidas de proteção fitossanitária, deve-se procurar dar prioridade a soluções amigas do ambiente, sempre que possível. Existem inúmeros métodos biológicos de proteção de plantas e preparados caseiros que podem ser aplicados eficazmente para reduzir o número de pragas ou para prevenir a propagação de doenças. A proteção química só deve ser aplicada em casos justificados, após avaliação da gravidade do problema e do impacto ambiental, respeitando sempre as instruções de utilização dos preparados e os intervalos de segurança, embora este último seja menos relevante para plantas ornamentais.

Doenças fúngicas: o inimigo invisível

Os gladíolos-de-muriel, à semelhança de outras espécies de gladíolos, podem ser ameaçados por numerosas doenças fúngicas que, em condições ambientais favoráveis – como tempo persistentemente húmido e quente ou rega excessiva – se podem propagar rapidamente. Estes patógenos hibernam frequentemente no solo ou em restos de plantas infetadas e podem infetar novamente as plantas na estação seguinte. Os sintomas de infeções fúngicas podem ser variados, desde manchas nas folhas, passando pela podridão do caule, até à destruição dos bolbos. Para fins preventivos, é extremamente importante plantar bolbos de alta qualidade e resistentes a doenças e aplicar a rotação de culturas.

Entre os problemas fúngicos mais comuns encontra-se a fusariose, causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. gladioli. Este patógeno penetra na planta através das raízes e, ao obstruir os tecidos condutores, causa murcha e amarelecimento, que muitas vezes se manifesta primeiro apenas num lado da planta. Em caso de infeção severa, a planta morre e os bolbos apresentam uma podridão seca e acastanhada. A base da proteção é a remoção e destruição imediata das plantas infetadas e a desinfeção ou substituição do solo, embora esta última seja difícil de executar em jardins maiores.

Outra doença fúngica significativa é o mofo cinzento, ou podridão por Botrytis, causada pelo fungo polífago Botrytis cinerea. Este patógeno ataca principalmente as partes danificadas da planta e as flores senescentes, especialmente em tempo húmido e fresco. Nas partes infetadas, aparecem manchas aquosas, que são posteriormente cobertas por um revestimento de mofo cinzento e aveludado. As flores apodrecem e podem surgir manchas castanhas nas folhas. Para fins preventivos, é importante assegurar uma boa ventilação, remover regularmente as flores senescentes e as folhas doentes e evitar a fertilização excessiva com azoto.

A podridão seca por Stromatinia (Stromatinia gladioli) também pode causar danos graves, atacando principalmente os bolbos e as partes subterrâneas da planta. Nos bolbos infetados, aparecem pequenos esclerócios pretos (formas de hibernação do fungo) e a polpa do bolbo apodrece de forma seca. As partes aéreas da planta apresentam um desenvolvimento mais fraco, amarelecem e depois morrem. A proteção, também neste caso, baseia-se na destruição dos bolbos infetados e na observância rigorosa da rotação de culturas, uma vez que os esclerócios podem permanecer viáveis no solo durante vários anos.

Manchas foliares e outros problemas fúngicos

Nas folhas do gladíolo-de-muriel podem surgir diversos tipos de manchas foliares de origem fúngica que, embora raramente levem à morte completa da planta, causam danos estéticos e podem enfraquecer a planta, reduzindo assim a produção de flores e a qualidade dos bolbos. Um exemplo é a mancha foliar causada por espécies do género Curvularia, que se manifesta na forma de manchas castanho-escuras, ovais ou irregulares, frequentemente rodeadas por um halo amarelo. Estas manchas podem posteriormente fundir-se, formando áreas mortas maiores na lâmina foliar. Para prevenir a infeção, é importante remover os restos vegetais e assegurar uma plantação arejada.

As ferrugens, embora menos comuns no gladíolo-de-muriel do que noutras plantas ornamentais, podem ocorrer ocasionalmente. São causadas por diferentes fungos da ferrugem, e um sintoma característico são pústulas pulverulentas de cor laranja-amarelada, castanha ou preta, os chamados urediniósporos ou teliósporos, que surgem na página inferior das folhas. Na página superior das folhas, observam-se manchas amareladas. A infeção por ferrugem reduz a superfície de assimilação da planta, o que leva a um crescimento e floração mais fracos. A base da proteção é a remoção precoce das folhas infetadas e, se necessário, a utilização de um fungicida adequado.

A doença esclerotinial, causada pelo fungo Sclerotinia gladioli (não confundir com a podridão por Stromatinia), ataca principalmente a parte inferior do caule e o bolbo, causando podridão. Nos tecidos infetados, formam-se esclerócios pretos e irregulares que permanecem viáveis no solo durante muito tempo. Esta doença pode ocorrer especialmente em condições húmidas e frescas. Para fins preventivos, é importante um solo bem drenado, a rotação de culturas e a destruição das partes infetadas da planta. O tratamento dos bolbos antes da plantação também pode ajudar a reduzir o risco de infeção.

De um modo geral, pode dizer-se que o elemento mais importante da proteção contra doenças fúngicas é a prevenção. Isto inclui a utilização de material de plantio saudável, a escolha de um local de cultivo adequado, a nutrição e rega ideais das plantas e a observância de regras de higiene. Se, apesar de tudo, a infeção surgir, o reconhecimento precoce e a intervenção direcionada – quer se trate da remoção das partes doentes ou da utilização de produtos fitofarmacêuticos autorizados – são cruciais para prevenir uma maior propagação e salvar a planta.

Doenças virais: o perigo oculto

As doenças virais também podem constituir um problema para o gladíolo-de-muriel, embora o seu diagnóstico seja frequentemente mais difícil do que o das infeções fúngicas, uma vez que os sintomas são variáveis e por vezes podem ser confundidos com outros problemas (por exemplo, deficiência de nutrientes). Os vírus propagam-se através da seiva da planta e geralmente causam uma infeção sistémica, o que significa que toda a planta é afetada. Infelizmente, atualmente não existe uma cura direta para as doenças virais; a proteção baseia-se exclusivamente na prevenção e no combate aos vetores de vírus (por exemplo, afídeos).

Um dos vírus conhecidos que pode infetar os gladíolos, e portanto potencialmente também o gladíolo-de-muriel, é o vírus do mosaico amarelo do feijoeiro (Bean Yellow Mosaic Virus, BYMV). Este vírus pode causar manchas e estrias de mosaico verde-claro ou amarelado nas folhas, e alterações de cor e deformações nas flores. As plantas infetadas crescem frequentemente mais fracas e ficam ananicadas. O vírus propaga-se principalmente através de afídeos, mas também pode ser transmitido mecanicamente, por exemplo, com tesouras de poda infetadas.

O vírus do mosaico do tabaco (Tobacco Mosaic Virus, TMV) e o vírus do mosaico do pepino (Cucumber Mosaic Virus, CMV) são também vírus polífagos com uma vasta gama de hospedeiros que podem infetar igualmente espécies da família dos gladíolos. Os seus sintomas podem ser semelhantes aos causados pelo BYMV: mosaico foliar, deformações, distúrbios de crescimento. O CMV é particularmente conhecido por poder causar “quebra de cor” nas flores, ou seja, uma alteração da pigmentação normal das pétalas, estrias, o que, embora por vezes resulte num padrão interessante, é na realidade um sintoma de doença.

Para prevenir infeções virais, o mais importante é adquirir material de plantio saudável e isento de vírus. Deve-se evitar a propagação a partir de plantas que pareçam doentes. No jardim, é importante a remoção regular de infestantes, uma vez que muitas plantas infestantes podem ser reservatórios de vírus. O combate a insetos que transmitem vírus, como afídeos e tripes, é também crucial. Se for identificada uma planta claramente infetada por um vírus, esta deve ser imediatamente removida do jardim e destruída para evitar uma maior propagação; não deve ser compostada.

Ataque de pragas: os inimigos visíveis

Os gladíolos-de-muriel não são ameaçados apenas por doenças, mas também por diversas pragas que, através da sua sucção ou mastigação, causam danos diretos e podem também transmitir doenças. O aparecimento destas pragas é frequentemente sazonal e a sua intensidade depende das condições climatéricas e do estado ecológico geral do jardim. A inspeção regular é também aqui essencial para uma deteção precoce e uma proteção eficaz. Seguindo os princípios da proteção integrada, deve-se procurar dar prioridade aos métodos de controlo biológico.

Uma das pragas mais significativas e temidas é o tripes do gladíolo (Thrips simplex). Estes insetos minúsculos, com apenas 1-2 mm de comprimento, de cor castanho-escura ou preta, alimentam-se sugando a seiva das folhas, hastes florais e pétalas. Como resultado da sua sucção, aparecem manchas e estrias prateadas ou esbranquiçadas nas folhas, e as flores deformam-se, ficam manchadas, não abrem corretamente ou secam ainda em botão. Os tripes escondem-se nas partes ocultas da planta, como as bainhas das folhas ou os botões florais, o que dificulta o seu controlo.

Os afídeos (Aphididae) também podem ser visitantes frequentes do gladíolo-de-muriel, especialmente nos rebentos jovens e nos botões florais. Estes pequenos insetos de corpo mole formam colónias e sugam a seiva da planta, o que pode causar deformação das folhas, amarelecimento e um enfraquecimento geral da planta. Além disso, excretam uma substância açucarada (melada) sobre a qual se pode desenvolver fumagina, reduzindo ainda mais o valor estético da planta. Os afídeos são também conhecidos por poderem transmitir diversas doenças virais, causando assim danos indiretos.

Ocasionalmente, também podem surgir ácaros-vermelhos (Tetranychidae), principalmente durante tempo quente e seco. Estes organismos minúsculos, semelhantes a aranhas, vivem na página inferior das folhas e formam uma teia fina. Como resultado da sua sucção, aparecem pequenos pontos amarelados ou esbranquiçados nas folhas, e as folhas posteriormente adquirem uma cor bronzeada, secam e caem. Em caso de infestação severa, a planta pode enfraquecer consideravelmente. Na prevenção, é importante assegurar uma humidade do ar adequada para as plantas, por exemplo, pulverizando as folhas ocasionalmente.

Controlo de pragas específicas

O combate ao tripes do gladíolo é uma tarefa complexa, pois a praga é difícil de erradicar completamente devido ao seu modo de vida oculto e rápida reprodução. Um passo importante na prevenção pode ser o tratamento dos bolbos antes da plantação, por exemplo, por imersão em água quente (cerca de 50-55°C durante 10-20 minutos) ou por tratamento com um inseticida adequado. Durante o período vegetativo, ao aparecimento dos primeiros sintomas, é necessário iniciar imediatamente o combate. Ao pulverizar, é importante que o produto atinja as bainhas das folhas e os botões. Vários tipos de inseticidas de contacto e sistémicos podem ser eficazes, mas é aconselhável alternar as substâncias ativas para evitar o desenvolvimento de resistência.

O controlo dos afídeos é geralmente mais simples. Em caso de infestação menor, pode ser suficiente lavar os afídeos da planta com um jato de água ou pulverizar com água e sabão (por exemplo, uma solução de sabão de potássio). Os seus inimigos naturais, como as joaninhas e as suas larvas, bem como as larvas de sirfídeos, também reduzem eficazmente a sua população, pelo que vale a pena criar um jardim que atraia estes organismos úteis. Em caso de infestação mais severa, podem ser utilizados inseticidas, por exemplo, piretroides ou preparados à base de óleo de neem, tendo em conta o seu impacto nos insetos úteis.

No controlo dos ácaros-vermelhos, a ênfase deve ser colocada na prevenção, especialmente durante os períodos secos e quentes. Manter a humidade do ambiente das plantas, por exemplo, através de uma pulverização fina nas horas da manhã, pode ajudar a mantê-los afastados. Se a infestação já tiver ocorrido, pode ser necessária a aplicação de acaricidas específicos. Existem também métodos de controlo biológico, como a introdução de ácaros predadores, mas estes são mais difundidos em condições de estufa. É importante remover e destruir as folhas infetadas.

Outras pragas ocasionais, como várias lagartas (por exemplo, larvas de noctuídeos) ou lesmas e caracóis, também podem causar danos ao gladíolo-de-muriel, danificando as folhas e as flores ao roê-las. Contra as lagartas, a recolha manual ou a pulverização com preparados contendo Bacillus thuringiensis (Bt) pode ser eficaz. Contra as lesmas, vários produtos lesmicidas, iscos ou barreiras físicas (por exemplo, fita de cobre) podem oferecer uma solução. A inspeção regular do jardim ajuda a detetar estas pragas atempadamente e a tomar as medidas necessárias.

Proteção integrada e estratégias preventivas

A chave para o cultivo bem-sucedido e saudável do gladíolo-de-muriel reside na aplicação de estratégias de proteção integrada (PI), que se baseiam na prevenção, na monitorização regular e na priorização de intervenções amigas do ambiente. Esta abordagem não só protege a saúde das plantas, mas também contribui para a conservação da biodiversidade do jardim e para a redução da carga ambiental. O princípio fundamental da PI é que o controlo químico só deve ser aplicado como último recurso, de forma direcionada e na menor medida necessária.

O primeiro e mais importante passo na prevenção é a escolha de um local de cultivo adequado e a preparação do solo. O gladíolo-de-muriel requer uma localização soalheira e quente e um solo bem drenado e rico em nutrientes. Devem ser evitadas áreas com água estagnada, pois estas favorecem a proliferação de fungos que causam a podridão das raízes e dos bolbos. Ao plantar os bolbos, respeite a profundidade de plantação recomendada e o espaçamento entre as plantas, o que assegura um fluxo de ar adequado entre as plantas, reduzindo o risco de doenças foliares.

A aplicação da rotação de culturas é também de importância fundamental, especialmente no caso de patógenos e pragas que hibernam no solo. Não plante gladíolos no mesmo local durante vários anos consecutivos; idealmente, deve-se alternar o local com outras plantas não aparentadas em ciclos de 3-4 anos. Isto ajuda a interromper o ciclo de vida das doenças e pragas e a reduzir a pressão de infeção acumulada no solo. A remoção e destruição cuidadosas dos restos vegetais, especialmente das partes doentes ou infetadas (não compostar!), são também essenciais para prevenir a hibernação dos patógenos.

O apoio à biodiversidade no jardim contribui para o controlo natural de pragas. Plante plantas que atraiam insetos úteis, como joaninhas, sirfídeos, crisopídeos, que se alimentam de afídeos e outras pragas. Evite a utilização de inseticidas de largo espectro que também podem destruir estes organismos úteis. As plantas saudáveis e sem stress são mais resistentes a doenças e pragas, pelo que uma nutrição equilibrada e uma rega conforme necessário, mas não excessiva, são também uma parte importante das estratégias preventivas.

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