O corniso-de-kousa (Cornus kousa) é uma árvore ornamental cada vez mais popular nos jardins, o que não é de surpreender, dado que as suas espetaculares flores, frutos comestíveis e bela folhagem de outono proporcionam uma experiência estética inigualável. Geralmente, é considerada uma espécie resiliente e de manutenção relativamente baixa, que tolera as doenças muito melhor do que o seu parente americano, o corniso-da-florida (Cornus florida). No entanto, como todos os organismos vivos, o corniso-de-kousa não é invulnerável; sob as condições certas ou quando enfraquecido, também pode ser atacado por vários patógenos e pragas. A chave para a proteção fitossanitária bem-sucedida reside na prevenção e na deteção precoce de problemas, pelo que todo o proprietário deve estar ciente das potenciais ameaças.
Doenças fúngicas e sua prevenção
No caso do corniso-de-kousa, as infeções fúngicas afetam mais comumente a folhagem e, menos frequentemente, as partes lenhosas e o sistema radicular. O oídio é um dos problemas mais comuns, mas felizmente menos perigoso, indicado por uma característica camada branca e pulverulenta na superfície das folhas, principalmente na segunda metade do verão. Esta doença desenvolve-se principalmente em tempo húmido e quente, em locais com pouca circulação de ar, e embora raramente cause danos graves, uma infeção severa pode inibir a fotossíntese e prejudicar a aparência da planta. Para prevenção, é importante garantir um espaçamento adequado e, ocasionalmente, desbastar uma copa densa para melhorar o fluxo de ar. A recolha e destruição da folhagem caída e infetada também reduz a probabilidade de infeção no ano seguinte.
Muitas pessoas temem a doença conhecida como antracnose, que é um dos patógenos mais destrutivos do corniso-da-florida; no entanto, a boa notícia é que o corniso-de-kousa é altamente resistente a ela. Isto não significa que nunca aparecerão manchas nas suas folhas; vários fungos menos agressivos (como as espécies Septoria, Colletotrichum) podem causar manchas foliares. Estes sintomas geralmente aparecem como pequenas manchas escuras, por vezes com uma borda roxa, especialmente durante os períodos chuvosos. Estas infeções raramente representam uma ameaça séria à saúde geral da árvore, e o controlo geralmente limita-se a medidas preventivas, como a manutenção de boas condições e a remoção das folhas caídas. Preservar a vitalidade da árvore é a melhor defesa contra tais patógenos secundários.
As doenças fúngicas que afetam o sistema radicular e a parte inferior do tronco, como a podridão radicular e do tronco causada por Phytophthora, representam uma ameaça muito mais séria, embora felizmente ocorram com menos frequência. Estes problemas são quase invariavelmente atribuídos a solos mal drenados, excessivamente compactos e sem ar, onde as raízes estão constantemente em água. Os sintomas também se manifestam na folhagem: as folhas ficam amarelas, murcham, o crescimento dos rebentos cessa e, em seguida, os ramos morrem. Na base do tronco, a casca pode ficar descolorida, amolecer e a árvore pode cair facilmente. A defesa mais eficaz contra estas doenças é a prevenção: plante sempre os corniso-de-kousa em solo bem drenado e evite a rega excessiva.
O cancro dos ramos também é uma ameaça potencial, mais comumente causada por fungos do género Botryosphaeria. Estes patógenos normalmente entram nos tecidos da planta através de alguma forma de lesão (como um corte de poda, dano mecânico ou dano por geada). No local da infeção, a casca fica afundada e descolorida, e o ramo ou mesmo o tronco pode morrer neste ponto, causando a morte de todo o ramo. O cancro é particularmente perigoso para árvores stressadas e enfraquecidas. A base do controlo é manter a boa condição da árvore, praticar a poda adequada e evitar danos mecânicos, especialmente feridas causadas por corta-relvas e aparadores de fio à volta do tronco.
As pragas animais mais comuns
Entre as pragas animais do corniso-de-kousa, a broca-do-corniso (Synanthedon scitula) é talvez a mais significativa, embora os seus danos não sejam generalizados. A fonte do problema não é a traça, mas a sua larva, que perfura sob a casca da árvore e se alimenta das camadas de câmbio e floema. Esta atividade interrompe o fluxo de seiva, o que pode levar à morte de ramos e, em casos graves, de toda a copa. Os sinais de infestação incluem pequenos buracos no tronco ou nos ramos mais grossos, dos quais é expelido um resíduo semelhante a serradura (frass), bem como o murchamento e a morte da copa. A praga ataca mais frequentemente árvores danificadas e stressadas; as lesões no tronco causadas por corta-relvas são um ponto de entrada particularmente ideal.
As cochonilhas também podem ser hóspedes frequentes no corniso-de-kousa, especialmente se a árvore não estiver em condições ótimas. Estas pragas sugadoras formam uma pequena cobertura em forma de escudo à sua volta e sentam-se imóveis nos ramos, rebentos e, por vezes, nas folhas, enquanto sugam a seiva da planta. Os seus danos resultam em folhas amareladas, crescimento lento e, em infestações severas, morte de ramos. As cochonilhas também excretam melada, sobre a qual cresce o mofo-fuliginoso, formando uma camada preta nas folhas e ramos, reduzindo ainda mais a superfície fotossintética. A base do controlo é a deteção precoce e a remoção das partes dos ramos infetadas e, em casos mais graves, as pulverizações de óleo de inverno ou de primavera podem ser eficazes.
Os afídeos e os ácaros-aranha também pertencem ao grupo das pragas sugadoras e preferem principalmente os rebentos e folhas jovens e tenras. Os afídeos aparecem em colónias, distorcendo as folhas e as pontas dos rebentos, enquanto também produzem melada, atraindo formigas e promovendo o desenvolvimento do mofo-fuliginoso. Os ácaros-aranha são criaturas minúsculas, semelhantes a aranhas, que vivem na parte inferior das folhas, e a sua alimentação causa o aparecimento de pequenos pontos amarelados-brancos, ou “pontilhado”, na folha. Podem multiplicar-se rapidamente em tempo seco e quente e formar teias finas nas folhas, levando ao enfraquecimento da planta. Os inimigos naturais (joaninhas, crisopídeos) podem ser eficazes contra ambas as pragas, mas se necessário, sabões inseticidas ou óleos hortícolas também podem ser usados para o controlo.
Embora menos comuns, outros insetos podem ocasionalmente causar problemas no corniso-de-kousa. Estes podem incluir várias espécies de cigarras, que causam danos nos ramos com a sua postura de ovos, ou as lagartas de certas espécies de traças que mastigam a folhagem. O escaravelho-japonês (Popillia japonica) também pode gostar dele, embora o corniso-de-kousa não esteja entre as suas principais plantas hospedeiras. É importante enfatizar que num jardim saudável e bem cuidado, com alta biodiversidade, a população de inimigos naturais geralmente mantém estas pragas secundárias sob controlo. O controlo químico é recomendado apenas como último recurso, de forma direcionada e com muito cuidado, para poupar os organismos benéficos.
Fatores abióticos e efeitos do stress
Acontece frequentemente que a raiz dos problemas de saúde de um corniso-de-kousa não é um patógeno ou praga, mas sim algum fator de stress ambiental, chamado abiótico. Estes fatores não só podem prejudicar diretamente a árvore, como também podem enfraquecê-la, abrindo a porta para infeções secundárias. A gestão da água é um dos pontos mais críticos; o corniso-de-kousa prefere solo húmido, mas bem drenado. A seca prolongada leva ao murchamento, queima e queda prematura das folhas, enquanto torna a árvore mais suscetível a ataques da broca-do-corniso. Em contraste, a rega excessiva ou a água estagnada causam a asfixia das raízes e a já mencionada podridão radicular, o que pode levar à morte da árvore.
A qualidade do solo e o pH também são cruciais para a saúde da árvore. O corniso-de-kousa prefere solos neutros a ligeiramente ácidos (pH 5,5-6,5), ricos em matéria orgânica. Em solos excessivamente alcalinos, a planta não consegue absorver certos micronutrientes essenciais, especialmente o ferro, o que leva à clorose férrica. O sintoma disto é o amarelecimento das folhas entre as nervuras, enquanto as nervuras permanecem verdes. O solo compactado e sem ar inibe o desenvolvimento saudável das raízes e a absorção de água e nutrientes, e também contribui para o desenvolvimento de doenças radiculares. A aplicação de cobertura morta (mulching) e a suplementação com matéria orgânica podem fazer muito para melhorar a vida do solo.
Entre os fatores de stress resultantes da atividade humana, destacam-se a plantação inadequada e os danos mecânicos. Um dos erros mais comuns é plantar a árvore demasiado fundo, o que pode levar à podridão do colo da raiz e ao desenvolvimento de raízes estranguladoras à volta do tronco, que acabam por estrangular a árvore. Empilhar demasiada terra à volta do tronco tem consequências semelhantes. As lesões na casca do tronco causadas por corta-relvas ou aparadores de fio não só desfiguram a árvore, como também criam feridas abertas através das quais patógenos fúngicos e insetos xilófagos, como a broca-do-corniso, podem entrar facilmente. Por esta razão, é essencial criar uma zona de proteção à volta do tronco coberta com cobertura morta.
Por último, mas não menos importante, as condições meteorológicas extremas também podem afetar o corniso-de-kousa. Uma geada súbita e tardia na primavera pode danificar as folhas e os botões florais recém-emergidos. Durante os verões quentes e secos, especialmente perto de paredes ou pavimentos ensolarados virados a sul, as folhas podem queimar-se, o que se manifesta no acastanhamento e secagem das margens das folhas. Embora o corniso-de-kousa prefira locais ensolarados, o calor excessivo e o calor refletido podem causar-lhe stress. Um local de plantação bem escolhido, protegido de microclimas extremos, e uma rega adequada ajudam a árvore a sobreviver a estes períodos críticos.
Gestão integrada de pragas na prática
A Gestão Integrada de Pragas (GIP) é uma abordagem que enfatiza a prevenção e utiliza intervenções químicas apenas como último e mais necessário recurso. Para o corniso-de-kousa, esta estratégia é particularmente eficaz. O primeiro e mais importante passo é escolher o local de cultivo certo. Procure um local no jardim que seja ensolarado ou semi-sombreado, com boa circulação de ar, mas protegido de ventos fortes. O solo deve ser bem drenado, rico em matéria orgânica e ter um pH ligeiramente ácido. Uma árvore que cresce em condições ideais desde o início será muito mais resistente a doenças e pragas.
O cuidado atento e profissional é o segundo pilar da prevenção. Isto inclui rega regular, mas não excessiva, especialmente durante os períodos secos, para evitar o stress hídrico. Cobrir o solo à volta do tronco com uma camada de 5-10 cm de espessura de cobertura morta orgânica (por exemplo, casca de pinho, composto) ajuda a reter a humidade do solo, a regular a sua temperatura, a suprimir as ervas daninhas e a manter o corta-relva afastado do tronco. A suplementação de nutrientes deve basear-se sempre nos resultados de uma análise de solo, evitando a aplicação excessiva de azoto, que estimula o crescimento de rebentos fracos e suscetíveis a doenças. A observação regular da árvore é essencial para detetar problemas numa fase inicial.
A poda pode ser uma ferramenta importante para manter a saúde da árvore, mas apenas quando feita profissionalmente. O corniso-de-kousa geralmente requer pouca poda. O objetivo principal da intervenção deve ser remover os ramos doentes, danificados, mortos ou que se cruzam. Isto não só molda a árvore, como também melhora a ventilação da copa, o que reduz a probabilidade de desenvolvimento de doenças fúngicas. A poda deve ser sempre feita no final do período de dormência com ferramentas afiadas e desinfetadas. É aconselhável desinfetar as tesouras de podar ou a serra após cada corte, ou pelo menos entre árvores (por exemplo, com álcool), para prevenir a transmissão de patógenos.
O controlo químico deve ser apenas o último recurso numa estratégia de gestão integrada de pragas. Muitos problemas, como uma infeção ligeira de oídio ou uma pequena colónia de afídeos, não justificam a pulverização. Se o nível de dano ainda atingir o limiar de intervenção, escolha sempre o produto seletivo com o menor impacto ambiental. Por exemplo, as pulverizações de óleo dormente na primavera contra as cochonilhas, os produtos à base de sabão de potássio contra os afídeos e os produtos à base de cobre ou enxofre contra as doenças fúngicas podem ser eficazes. A pulverização deve ser sempre realizada de acordo com as instruções, na altura certa e da forma menos prejudicial para as abelhas.