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Doenças e pragas da amendoeira-de-jardim

Daria · 16.01.2025.

A amendoeira-de-jardim, também conhecida como amendoeira-anã, é uma das joias mais encantadoras dos jardins de primavera, anunciando o renascimento da natureza com as suas exuberantes flores cor-de-rosa. No entanto, para que esta beleza se repita ano após ano, é essencial manter a saúde da planta e fornecer uma proteção fitossanitária adequada. Infelizmente, a amendoeira-de-jardim, como muitos outros membros do género Prunus, é suscetível a certas doenças e pragas que podem causar danos significativos na folhagem, nas flores e podem até levar à morte completa da planta. Por isso, é crucial que um jardineiro consciente conheça estas ameaças e reconheça os sintomas a tempo para uma intervenção eficaz.

A base da proteção de plantas é a prevenção, que inclui a seleção do local de cultivo correto, a poda adequada e o fornecimento equilibrado de nutrientes. Uma planta forte e em boas condições é muito mais resistente a patógenos e pragas do que uma enfraquecida e stressada. A luta contra doenças e pragas não se trata, portanto, apenas de pulverizar, mas faz parte de um processo de cuidado complexo e bem pensado que acompanha a planta ao longo de todo o ano. A inspeção regular e o exame minucioso das folhas e ramos são fundamentais para identificar problemas numa fase inicial. Neste artigo, detalharemos os patógenos e pragas mais comuns que ameaçam a amendoeira-de-jardim, bem como os métodos de controlo mais eficazes.

O aparecimento de patógenos e pragas está frequentemente relacionado com as condições climatéricas; uma primavera fria e chuvosa, por exemplo, favorece a propagação de infeções fúngicas. Para a amendoeira-de-jardim, o período mais crítico é a floração, pois muitos patógenos podem entrar facilmente nos tecidos da planta através das flores abertas. As pragas, como os afídeos, não só causam danos diretos ao sugar a seiva, mas também desempenham um papel ativo na disseminação de doenças. Por esta razão, uma abordagem de proteção integrada de plantas é essencial, que aplica de forma coordenada métodos biológicos, agrotécnicos e, se necessário, químicos.

A proteção de plantas bem-sucedida baseia-se, portanto, no conhecimento: precisamos saber o que procurar, quando e como intervir para proteger a saúde da planta. Fazer o diagnóstico correto é o primeiro e mais importante passo, pois só assim podemos escolher a estratégia de controlo mais direcionada e eficaz. A seguir, analisaremos detalhadamente os problemas mais comuns para que cada proprietário de uma amendoeira-de-jardim possa enfrentar os desafios preparado e desfrutar do ornamento florido do seu jardim por muito tempo. Com este conhecimento, o jardineiro pode tomar decisões com confiança que contribuem para a vitalidade a longo prazo da planta.

Doenças fúngicas: o inimigo invisível

Uma das doenças mais destrutivas e comuns da amendoeira-de-jardim é a podridão-parda das flores e o cancro dos ramos, causada pelo fungo Monilinia laxa. A infeção ocorre tipicamente durante a floração, especialmente em tempo frio, húmido e chuvoso, quando o patógeno entra na planta através do estigma. Os sintomas são dramáticos e aparecem rapidamente: as flores murcham de repente, ficam castanhas e depois secam, mas permanecem na planta como se tivessem sido queimadas pelo fogo. A infeção propaga-se rapidamente do pedúnculo floral para os rebentos jovens e raminhos, que também murcham, ficam castanhos e morrem, muitas vezes com uma curvatura característica das pontas dos ramos.

A chave para o controlo é a prevenção, que inclui a remoção e destruição imediatas das partes da planta infetadas. A poda deve ser feita pelo menos 10-15 centímetros na parte saudável para garantir que qualquer micélio fúngico já presente nos tecidos também seja removido. Recomenda-se desinfetar as tesouras de poda após cada corte, por exemplo com álcool desnaturado, para evitar a propagação do patógeno. Como controlo químico, uma pulverização de inverno com produtos à base de cobre ou enxofre é essencial para reduzir o fungo que inverna nas fendas da casca, e vale a pena repetir antes e depois da floração com fungicidas específicos.

Outra doença fúngica significativa é a lepra ou crivado, causada pelo fungo Stigmina carpophila. Os primeiros sinais de infeção são pequenas manchas de 1-3 mm de diâmetro, de cor castanho-avermelhada com bordas nítidas que aparecem nas folhas. Mais tarde, o centro destas manchas necrosa e cai, deixando buracos característicos que se assemelham a tiros de chumbo na folha, daí o nome da doença. Em infeções severas, as folhas ficam amarelas e caem prematuramente, o que reduz a superfície de assimilação da planta e leva a um declínio geral, afetando também a floração do ano seguinte.

O controlo do crivado também se baseia na prevenção. A recolha e destruição das folhas no outono são cruciais, pois o patógeno inverna nas folhas caídas e re-infeta a planta a partir daí na primavera. A poda de primavera adequada, que garante uma copa arejada, também reduz a chance de infeção, pois a folhagem que seca rapidamente não é favorável ao fungo. O controlo químico começa com uma pulverização de inverno à base de cobre, que pode ser seguida por pulverizações repetidas durante a estação de crescimento quando os sintomas aparecem, especialmente em períodos chuvosos.

Ataque de pragas: pragas sugadoras e mastigadoras

A amendoeira-de-jardim é prontamente atacada por várias espécies de afídeos (Aphididae), que aparecem em grande número nos rebentos frescos e tenros e nas folhas na primavera. Estes pequenos insetos, geralmente de cor verde ou preta, sugam a seiva da planta, fazendo com que as folhas fiquem distorcidas, enroladas e amarelas, e o crescimento dos rebentos abranda ou para. Para além da sua alimentação, causam danos secundários ao excretar melada, que cobre as folhas, e nesta camada pegajosa cresce a fumagina, inibindo a fotossíntese. Além disso, os afídeos também podem transmitir numerosos vírus.

Para o controlo de afídeos, a deteção precoce é importante, por isso inspecione regularmente as pontas dos rebentos e a parte inferior das folhas. Para infestações menores, pode ser suficiente esmagar ou cortar as pontas dos rebentos infestados ou lavar a planta com um jato forte de água. Como parte do controlo biológico, incentive o estabelecimento de inimigos naturais como joaninhas, sirfídeos e crisopas no jardim. Para infestações graves, pode usar inseticidas de origem vegetal (por exemplo, óleo de laranja, óleo de neem) ou sistémicos, mas considere sempre a proteção das abelhas e realize a pulverização nas primeiras horas da manhã ou à noite.

As cochonilhas (Coccoidea) representam outro grupo insidioso de pragas que colonizam as partes lenhosas da amendoeira-de-jardim, nos ramos e no tronco. Estes insetos vivem sob um escudo ceroso que os protege de influências externas e da maioria dos pesticidas. Ao sugar a seiva, enfraquecem continuamente a planta, o que pode levar ao amarelecimento da folhagem, à paragem do crescimento e, em casos graves, à morte de ramos ou mesmo de toda a planta. A sua presença é frequentemente notada apenas quando já formaram grandes colónias e os danos são visíveis.

A forma mais eficaz de combater as cochonilhas é a prevenção, que significa a aplicação de um óleo de inverno no final do inverno ou início da primavera. Esta pulverização cobre e sufoca as larvas e ovos de cochonilhas que invernam. Durante a estação de crescimento, o controlo é mais difícil devido ao escudo protetor; a maior chance de intervenção bem-sucedida é durante o estágio de “crawler” (larvas móveis), quando as larvas jovens e sem escudo estão em movimento. Este período pode ser monitorizado colocando armadilhas amarelas pegajosas. Para o controlo químico, são necessários inseticidas sistémicos que possam entrar na corrente de seiva da planta.

Fatores bacterianos e outros agentes patogénicos

Para além das doenças fúngicas, as infeções bacterianas também podem representar um problema sério para a amendoeira-de-jardim, especialmente o cancro bacteriano, causado pela bactéria Pseudomonas syringae. Este patógeno entra na planta através de feridas (por exemplo, cortes de poda, danos por geada), principalmente em tempo frio e húmido. Os sintomas incluem manchas escuras e afundadas e cancros nos ramos, muitas vezes com exsudação de goma. A infeção bloqueia o sistema vascular, levando ao murchamento e morte das partes do ramo acima do cancro, de forma semelhante aos sintomas da podridão-parda.

A base do controlo de infeções bacterianas é a prevenção. Evite ferir a planta, realize a poda em tempo seco e sele as superfícies de corte maiores com um selante de feridas para impedir a entrada de patógenos. Uma pulverização de inverno à base de cobre antes do abrolhamento é eficaz não só contra fungos, mas também contra bactérias, reduzindo a população invernante. No caso de uma infeção estabelecida, as partes doentes do ramo devem ser cortadas bem dentro da madeira saudável, pelo menos 20-30 centímetros abaixo dos sintomas, e destruídas, e as tesouras de poda devem ser continuamente desinfetadas.

É importante mencionar o fenómeno da gomose, que não é uma doença em si, mas um sintoma, a resposta da planta ao stress. Esta substância amarelada, cor de âmbar e pegajosa é produzida pela planta no local de várias lesões, como danos mecânicos, picadas de insetos, fissuras por geada ou infeções fúngicas e bacterianas. A gomose é, portanto, um importante sistema de alerta que chama a atenção para um problema com a planta. O diagnóstico preciso da causa subjacente é essencial para escolher o tratamento apropriado, que pode ser a remoção de partes infetadas ou o controlo de pragas.

Para além das doenças, não se deve esquecer o stress causado por fatores abióticos, ou seja, fatores ambientais não vivos, que também podem produzir sintomas semelhantes a doenças. Estes podem incluir rega inadequada (excesso de água ou seca), deficiências de nutrientes (por exemplo, clorose férrica, que se manifesta como folhas amareladas com nervuras verdes), compactação excessiva do solo ou fissuras por geada na casca. Estes fatores de stress não só danificam diretamente a planta, mas também a enfraquecem, tornando-a mais suscetível a infeções secundárias e ataques de patógenos e pragas.

A prática da proteção integrada de plantas

A proteção integrada de plantas é uma abordagem complexa que visa manter a saúde da amendoeira-de-jardim de forma sustentável e a longo prazo, com ênfase na prevenção. O primeiro e mais importante passo é selecionar e plantar a planta certa. Procure material vegetal saudável e forte de um viveiro de confiança e forneça-lhe um local adequado no jardim que satisfaça as suas necessidades: uma posição soalheira e arejada e um solo bem drenado. A profundidade de plantio correta e a preparação adequada do solo estabelecem as bases para o futuro crescimento vigoroso e resiliência da planta.

A poda é um dos procedimentos agrotécnicos mais importantes na proteção de plantas. Durante a poda de final de inverno ou início de primavera, não só damos forma à planta, mas também removemos ramos mortos, doentes, danificados ou que se cruzam. Isto elimina fontes potenciais de infeção e cria uma copa arejada e aberta. Uma boa circulação de ar garante que a folhagem seque rapidamente após a chuva ou rega, o que reduz significativamente o risco de infeções fúngicas como a podridão-parda ou o crivado. Use sempre ferramentas afiadas e limpas para a poda.

Uma pulverização de inverno é um pilar do controlo integrado para as prunóideas, incluindo a amendoeira-de-jardim. A pulverização num dia ameno e sem geada antes do abrolhamento visa destruir patógenos (esporos de fungos, bactérias) e pragas (ovos, larvas) que invernam nas fendas da casca e sob as escamas dos gomos. Para este fim, usamos mais frequentemente produtos à base de cobre ou enxofre, ou óleos hortícolas, ou uma combinação destes. Esta única intervenção pode reduzir drasticamente a pressão de infeção na primavera, proporcionando um começo saudável para a planta.

A proteção química de plantas deve ser sempre o último recurso quando os métodos preventivos e agrotécnicos se revelam insuficientes. Se for necessário pulverizar, escolha um produto direcionado, específico para o problema, amigo do ambiente e siga rigorosamente as instruções de uso relativamente à dosagem, tempo de pulverização e regulamentos de saúde ocupacional. Para proteger as abelhas, nunca pulverize plantas em floração durante o dia; agende sempre o tratamento para o início da manhã ou final da tarde. O uso de pesticidas biológicos e o apoio a inimigos naturais são também uma parte importante da jardinagem sustentável.

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