O pulgão-verde-da-macieira, cientificamente conhecido como Aphis pomi, é uma das pragas de insetos mais significativas e comuns no cultivo da maçã, capaz de causar sérios danos económicos nos pomares. Este pequeno mas altamente destrutivo inseto enfraquece as árvores ao sugar a seiva das folhas, levando à redução do crescimento dos rebentos, à distorção das folhas e a uma diminuição da qualidade dos frutos. Além disso, a melada secretada pela praga promove o crescimento do mofo-fuliginoso, que reduz ainda mais a superfície de assimilação da folha e contamina os frutos. O controlo eficaz baseia-se numa compreensão aprofundada da biologia e do ciclo de vida da praga, o que permite o momento ideal para intervenções preventivas e direcionadas.
O combate ao pulgão-verde-da-macieira é uma tarefa complexa que requer uma abordagem integrada, incorporando métodos agrotécnicos preventivos, opções de controlo biológico e intervenções químicas conforme necessário. Por exemplo, a suplementação excessiva de azoto incentiva o crescimento de rebentos luxuriantes e de tecidos moles, criando condições ideais de alimentação e reprodução para os pulgões, razão pela qual a gestão equilibrada de nutrientes é crucial. Durante a poda, também se deve prestar atenção à remoção das pontas dos rebentos infestados, reduzindo assim a população hibernante da praga. Aumentar a biodiversidade do ambiente do pomar, por exemplo, plantando faixas floridas, também pode contribuir para a proliferação de inimigos naturais como joaninhas e sirfídeos.
A monitorização de pragas é essencial para o desenvolvimento de uma estratégia de controlo. Na primavera, após a quebra dos gomos, as pontas dos rebentos e as folhas jovens devem ser verificadas regularmente para detetar atempadamente o aparecimento das fundadoras (mães-fundadoras) que causam a infeção primária. A colocação de armadilhas adesivas amarelas pode ajudar a rastrear o enxame de indivíduos alados, o que indica o risco de a praga se espalhar dentro da plantação. A determinação do limiar de infestação é crucial para uma proteção de plantas económica e amiga do ambiente, uma vez que o controlo químico só deve ser utilizado quando justificado.
Portanto, um controlo eficaz não consiste numa única intervenção, mas numa série contínua de atividades bem planeadas e adaptadas às condições locais. O objetivo da proteção moderna das plantas não é a erradicação completa da praga, mas manter a sua população a um nível que já não cause danos económicos. Esta abordagem não só protege o ambiente, mas também torna o cultivo da maçã mais sustentável e económico a longo prazo, preservando o equilíbrio ecológico do pomar. A seguir, detalharemos os métodos que podem ser utilizados para combater com sucesso o pulgão-verde-da-macieira.
O papel da prevenção e da agrotecnologia
A forma mais económica e amiga do ambiente de controlar o pulgão-verde-da-macieira é através da prevenção, que se baseia em procedimentos agrotécnicos cuidadosamente planeados. A escolha apropriada da variedade e do porta-enxerto no momento da plantação pode lançar as bases para o sucesso futuro da proteção de plantas, uma vez que algumas variedades são menos suscetíveis a danos por pulgões. A gestão equilibrada de nutrientes com base nos resultados dos testes de solo também é crítica; em particular, a aplicação excessiva de azoto deve ser evitada, pois resulta num crescimento vigoroso dos rebentos e numa estrutura de tecidos moles, criando as condições ideais para uma rápida proliferação de pulgões. O fornecimento ideal de potássio, por outro lado, fortalece os tecidos das plantas, aumentando a sua resistência.
A poda regular e profissional é uma das medidas preventivas mais eficazes, que pode reduzir significativamente o número de ovos hibernantes e a extensão da infeção primaveril. Durante a poda, as pontas dos rebentos infestadas e distorcidas e os rebentos ladrões, que são os locais de alimentação preferidos da praga, devem ser removidos. A criação de uma estrutura de copa bem ventilada e aberta não só facilita uma melhor penetração dos líquidos de pulverização, mas também cria um microclima menos favorável para os pulgões, ao mesmo tempo que apoia o trabalho de inimigos naturais como joaninhas e crisopídeos. É importante remover e destruir os detritos da poda da área para evitar que os ovos eclodam.
Manter o pomar livre de ervas daninhas também contribui para o sucesso do controlo, uma vez que algumas ervas daninhas podem ser plantas hospedeiras alternativas para os pulgões ou fornecer-lhes abrigo. A gestão adequada das entrelinhas, por exemplo, através de mulching ou ceifa, é também um elemento importante da gestão integrada de pragas. A arrumação das áreas circundantes ao pomar também é importante, uma vez que indivíduos alados podem facilmente voar para a plantação a partir de áreas negligenciadas e com ervas daninhas, criando novos focos de infeção. Ao aplicar consistentemente procedimentos agrotécnicos preventivos, podemos criar um agroecossistema estável e saudável que está menos exposto a graduações de pragas.
Uma pulverização de dormência aplicada no final do inverno é um elemento chave da estratégia preventiva, com o objetivo de reduzir os ovos hibernantes. Produtos à base de óleo, como o óleo de parafina, formam uma fina camada sobre os ovos, impedindo o seu fornecimento de oxigénio e, assim, destruindo-os. Esta intervenção reduz significativamente a taxa de proliferação primaveril e dá tempo aos inimigos naturais para se prepararem para controlar as populações de pulgões emergentes. A pulverização de dormência deve ser aplicada antes da quebra dos gomos, sob condições de temperatura apropriadas, para garantir a máxima eficácia e evitar a fitotoxicidade.
Opções de controlo biológico
O controlo biológico baseia-se no apoio e conservação de populações de inimigos naturais, oferecendo uma solução sustentável a longo prazo e amiga do ambiente na luta contra o pulgão-verde-da-macieira. Muitos organismos predadores e parasitoides vivem em pomares de macieiras que podem regular eficazmente o número de pulgões. Entre os mais conhecidos estão as joaninhas (Coccinellidae), cujas larvas e adultos consomem grandes quantidades de pulgões. Uma única larva de joaninha-de-sete-pintas pode destruir várias centenas de pulgões durante o seu desenvolvimento, tornando a sua presença extremamente benéfica no pomar.
Além das joaninhas, as larvas de sirfídeos (Syrphidae) também estão entre os inimigos naturais mais importantes dos pulgões. Os sirfídeos adultos alimentam-se de pólen e néctar, pelo que a plantação de plantas com flores como a facélia ou o trigo-sarraceno nas entrelinhas ou nas bordas dos campos pode atraí-los e mantê-los eficazmente no local. As fêmeas põem os seus ovos perto das colónias de pulgões, e as larvas sem pernas que eclodem consomem avidamente as pragas. Igualmente úteis são as larvas de crisopídeos (Chrysopidae), também conhecidas como “leões-dos-pulgões”, em referência ao seu extraordinário apetite e natureza predatória.
Além dos predadores, as vespas parasitoides (Aphidiinae) também desempenham um papel significativo na regulação das populações de pulgões. Estas pequenas vespas põem os seus ovos dentro dos corpos dos pulgões, e a larva que eclode consome o hospedeiro por dentro. O pulgão parasitado acaba por se transformar numa “múmia” inchada e mumificada, da qual a vespa parasitoide adulta emerge mais tarde, continuando o ciclo. Para proteger estes organismos benéficos, o uso de inseticidas de largo espectro e persistentes deve ser evitado, e devem ser preferidos produtos seletivos que poupam os inimigos naturais.
O sucesso do controlo biológico depende da criação do ambiente certo. Isto inclui fornecer abrigo e locais de hibernação, por exemplo, deixando pilhas de mato, pilhas de pedras ou caules de plantas secas na borda do pomar. Aumentar a biodiversidade, a presença de plantas com flores e minimizar o uso de produtos químicos criam em conjunto a oportunidade para o desenvolvimento de populações estáveis de organismos benéficos, que são capazes de manter as pragas abaixo do limiar económico. O controlo biológico não produz resultados imediatos e espetaculares, mas é um investimento a longo prazo no equilíbrio ecológico e na sustentabilidade do pomar.
Controlo químico: momento e seleção do produto
Quando os métodos agrotécnicos e biológicos preventivos já não são suficientes para controlar a população do pulgão-verde-da-macieira e os danos atingem o limiar económico, o controlo químico pode tornar-se necessário. O momento da pulverização é crítico para o sucesso; o objetivo é realizar a intervenção durante a fase de desenvolvimento mais sensível da praga, antes que as colónias se tornem demasiado grandes e o enrolamento das folhas dificulte a obtenção de uma cobertura de pulverização adequada. Os tratamentos foliares na primavera, após a quebra dos gomos, são geralmente os mais eficazes, quando as fundadoras eclodidas dos ovos hibernantes começam a reproduzir-se. A monitorização regular ajuda a determinar o momento ideal para a pulverização.
A escolha do produto fitofarmacêutico certo é pelo menos tão importante como o momento correto. De acordo com os princípios da Gestão Integrada de Pragas (GIP), deve ser dada preferência a produtos seletivos que poupam os inimigos naturais (joaninhas, crisopídeos, vespas parasitoides) em detrimento de inseticidas de largo espectro e persistentes. Ingredientes ativos como flonicamida, espirotetramato ou pirimicarbe são considerados seletivos e eficazes contra os pulgões, ao mesmo tempo que representam um risco menor para os organismos benéficos. Produtos à base de óleo, sabões de potássio ou produtos à base de óleo de laranja também podem ser boas alternativas, especialmente na agricultura biológica ou sob menor pressão de infestação.
Para prevenir o desenvolvimento de resistência, a rotação de ingredientes ativos é essencial. Isto significa que durante as pulverizações dentro de uma estação de crescimento ou em anos consecutivos, devem ser alternados inseticidas com diferentes modos de ação. Se o mesmo ingrediente ativo for usado continuamente, indivíduos resistentes podem ser selecionados dentro da população de pulgões, levando a uma diminuição na eficácia do produto, ou mesmo à sua perda total. A classificação do modo de ação (por exemplo, código IRAC) é sempre indicada no rótulo do produto fitofarmacêutico, o que ajuda no planeamento de uma rotação consciente de produtos.
A qualidade da técnica de pulverização também determina o sucesso do controlo. A pulverização deve ser feita com um alto volume de água e um tamanho de gota fino para garantir que o líquido de pulverização atinja a parte inferior das folhas e o interior das folhas enroladas onde os pulgões se escondem. Horas sem vento, de manhã cedo ou ao final da tarde, são as mais adequadas para a pulverização para minimizar a deriva da pulverização e a perda por evaporação, e para poupar os insetos polinizadores ativos durante o dia, especialmente as abelhas. O uso de tecnologias de precisão, como pulverizadores direcionados, pode aumentar ainda mais a eficiência e reduzir a carga ambiental.
Estratégias de controlo integrado e perspetivas futuras
A Gestão Integrada de Pragas (GIP) é uma abordagem holística que utiliza todos os métodos de controlo disponíveis na luta contra o pulgão-verde-da-macieira de forma coletiva e complementar para alcançar uma gestão de pragas economicamente aceitável, sustentável a longo prazo e ecologicamente correta. Esta estratégia não visa a erradicação completa da praga, mas manter a sua população abaixo do nível de dano económico, utilizando processos de regulação natural. A base da GIP é a monitorização contínua, a aplicação de limiares de dano e a tomada de decisão informada que pondera a necessidade, os benefícios e os riscos potenciais de cada intervenção antes de ser realizada.
A implementação prática de uma estratégia integrada começa com procedimentos agrotécnicos preventivos, como o fornecimento equilibrado de nutrientes, a poda profissional e o controlo de ervas daninhas. Segue-se a utilização máxima das opções de controlo biológico, o que significa melhorar as condições de vida para inimigos naturais como joaninhas, sirfídeos e vespas parasitoides, plantando faixas floridas e fornecendo abrigos. O controlo químico só é utilizado quando a monitorização indica que o nível de infestação o justifica, e mesmo assim, devem ser escolhidos os produtos mais seletivos, amigos do ambiente e que poupam os benéficos, aderindo estritamente ao princípio da rotação de ingredientes ativos.
As tecnologias de precisão e a digitalização desempenharão um papel cada vez mais importante nas futuras estratégias de controlo. O reconhecimento com drones ou sensores permite a identificação precoce e precisa dos focos de infeção, pelo que as intervenções podem ser realizadas de forma direcionada, limitadas apenas às áreas infestadas, reduzindo significativamente a quantidade de produto fitofarmacêutico utilizado. Os Sistemas de Apoio à Decisão (SAD), que fornecem previsões com base em dados meteorológicos, modelos de desenvolvimento de pragas e observações locais, ajudam os agricultores a otimizar as decisões de controlo e a cronometrar perfeitamente as pulverizações.
As alterações climáticas colocam novos desafios à proteção de plantas, uma vez que invernos mais amenos podem favorecer a hibernação do pulgão-verde-da-macieira, e estações de crescimento mais longas podem permitir o desenvolvimento de mais gerações, aumentando a pressão da praga. Portanto, o desenvolvimento de variedades resistentes e o aperfeiçoamento de métodos de controlo biológico tornar-se-ão de importância primordial no futuro. A investigação está cada vez mais direcionada para o uso de biopesticidas, como produtos à base de fungos e bactérias, bem como extratos de plantas, que podem oferecer novas alternativas amigas do ambiente para programas de controlo integrado, garantindo a sustentabilidade do cultivo da maçã sob condições ambientais em mudança.
📷 InfluentialPoints, CC BY 3.0, via Wikimedia Commons